A ONU anunciou nesta quarta-feira que precisa de US$ 1 bilhão ao longo de 2015 para continuar a luta contra o ebola e dar por encerrada a epidemia na África Ocidental.
O valor é o mesmo recolhido no ano passado para o combate contra a epidemia.
O enviado especial da ONU para a luta contra o ebola, David Navarro, informou sobre este requerimento econômico em entrevista coletiva no Fórum Econômico Mundial de Davos, onde discursará sobre a ameaça do ebola para a economia e a estabilidade mundial.
Navarro especificou que esse US$ 1 bilhão serão utilizados para apoiar os esforços dos governos e da sociedade civil de Guiné, Libéria e Serra Leoa contra o ebola.
O dinheiro será distribuído entre dez organismos especializados das Nações Unidas com atividades ligadas ao ebola nos três países, mas a maior parte irá para a Organização Mundial da Saúde (OMS), para o Unicef e para o Programa Mundial de Alimentos, que administra a logística da ajuda humanitária.
A ONU já havia pedido US$ 1 bilhão em setembro para financiar as atividades de controle do ebola, mas um mês depois solicitou mais US$ 500 milhões diante das graves proporções que a epidemia tomou, com vítimas aumentando em centenas a cada semana.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que "medidas drásticas" devem ser tomadas para conter o surto de ebola na África Ocidental, que já matou cerca de 400 pessoas. É o maior surto em números de casos, número de mortes e em distribuição geográfica. Na foto, uma equipe está próxima ao corpo de uma vítima
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Mais de 600 casos já foram registrados na República da Guiné, onde o surto começou há 4 meses em Guekedou (foto acima). O local já foi um importante posto de troca na região, atraindo comerciantes de diversos países vizinhos.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou que o surto de ebola está fora do controle. O MSF tem cerca de 300 funcionários nacionais e internacionais trabalhando nos países onde o vírus se espalhou. Outros países estão sob alerta. A foto acima mostra um paciente sendo tratado por funcionários da organização.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
O ebola é uma doença viral, cujos sintomas inciais podem incluir febre repentina, forte fraqueza, dores musculares e de garganta, segundo a OMS. E isso é só o início: o próximo passo é vômito, diarreia e, em alguns casos, hemorragia interna e externa.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
O vírus é altamente contagioso,e não tem vacina ou cura, por isso equipes médicas usam roupas especiais para evitar contaminação. Dependendo da força, até 90% dos infectados morrem. Na foto, pacientes esperam resultado de exames de sangue
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Os testes de laboratório irão determinar em questão de horas se as amostras contém ou não o vírus do ebola
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Após exposição ao vírus na área isolada, roupas e botas das equipes de atendimento são desinfetadas com cloro
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Além de cuidar da clínica, a equipe tenta conscientizar as pessoas sobre a doença. No bairro de Touloubengo, colchões são distribuídos a cinco famílias cujas casas foram desinfetadas após a morte de um membro.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Sia Bintou passou mais de 10 dias em tratamento, com poucas esperanças de deixar o local viva, mas sobreviveu. Enquanto não há um tratamento específico para o ebola, a equipe tenta fortalecer os pacientes tratando os sintomas.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Mas nem todos se salvam. Nessa foto, a família de Finda Marie Kamano, incluindo sua irmã (centro), e outros membros da comunidade, estão presentes em seu funeral próximo a sua casa.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
A sepultura de Finda Marie é marcada com um broto de árvore
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
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No começo da epidemia, declarada em março, a Guiné era o país mais afetado, mas em meados do ano passado a Libéria enfrentou uma propagação descontrolada do vírus, e atualmente o maior nível de contágio é em Serra Leoa.
Do US$ 1,5 bilhão pedidos em 2014, a ONU conseguiu arrecadar dois terços, o que faz essa solicitação de hoje situar em US$ 2 bilhões o custo total das operações para dar por concluída a epidemia, permitindo que os sistemas sanitários voltem a funcionar normalmente e ajudando na recuperação da economia dos países mais afetados.
A secretária-geral adjunta da ONU para Assuntos Humanitários, Valerie Amos, que participou da entrevista coletiva junto com Navarro, confirmou que "há sinais preliminares de redução (da transmissão do vírus do ebola) nos três países".
O número de novos casos por semana caiu de 300 em setembro para dez na última semana na Libéria, de 330 em dezembro para 140 em janeiro em Serra Leoa e de 114 para 30 na Guiné.
"Achamos que começamos a ver o fim da epidemia, mas não é tão simples porque se um só caso novo aparecer poderia haver uma propagação muito rápida", explicou Navarro.
Para dar a epidemia por encerrada, a ONU quer mobilizar nos três países médicos e especialistas em epidemiologia, assim como equipes locais encarregadas de rastrear todos os contatos dos casos confirmados ou suspeitos para isolá-los, dar tratamento e não se transformarem em novos focos de contágio.
Mais de 21 mil casos foram registrados desde o início de epidemia, e pelo menos oito mil pessoas morreram nos três países africanos.