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ONU propõe soluções para problema da água na África

20 mar 2010 - 14h25
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Soluções baratas e simples poderiam solucionar a falta de água para consumo humano na África, o continente mais afetado por este problema, segundo representantes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) que participam, no Quênia, de uma série de conferências realizadas por ocasião do Dia Mundial da Água.

"Um investimento nos recursos naturais da África e soluções simples e de baixo custo, como a coleta de água da chuva, poderiam aumentar muitíssimo a garantia de abastecimento de água no mundo todo", disse hoje à Agência Efe Nick Nuttall, porta-voz do Pnuma.

Segundo Nuttall, estudos realizados pela ONU mostram que, com a chuva que cai na África durante todo o ano, seria possível fornecer água potável a 13 bilhões de pessoas, quase o dobro da população mundial.

O continente africano, particularmente a África Subsaariana, é a região mais afetada pela falta de água de qualidade, segundo diferentes órgãos das Nações Unidas, que hoje iniciam uma série de jornadas que culminarão com a celebração do Dia Mundial da Água, na próxima segunda-feira.

Sob o lema "Água limpa para um mundo são", diplomatas, cientistas, especialistas, jornalistas e personalidades políticas de várias partes do mundo discutirão formas de conscientizar o planeta da importância da adequada administração dos recursos hídricos.

Durante as conferências, alguns convidados visitarão a favela de Kibera, a maior da África e lar de aproximadamente 900 mil pessoas, e conhecerão, em primeira mão, os problemas que os habitantes da localidade enfrentam todos os dias para conseguir água potável.

"A África tem muito potencial. Com certeza, há problemas de infraestruturas para serem resolvidos, mas às vezes nos esquecemos de investir na enorme riqueza de seus recursos naturais para gerar água", destacou Nuttall.

Segundo o porta-voz do Pnuma, um investimento adequado na recuperação das florestas africanas, fundamentais para a retenção de água, e na preservação de pântanos e outras zonas úmidas poderia criar um "círculo virtuoso" que mudaria a cara do continente.

"Contar com água suficiente e de qualidade significaria menos mortalidade infantil e enormes ganhos para a África, à medida que as mulheres não teriam que andar vários quilômetros por dia para conseguir um pouco d''água", acrescentou o funcionário.

As Nações Unidas calculam que o consumo de água suja ou contaminada causa 4 bilhões de casos de diarreia ao ano, dos quais 2,2 milhões acabam em mortes. Na grande maioria das vezes, os óbitos acontecem nos países subdesenvolvidos e afetam, sobretudo, crianças menores de 5 anos.

"Do total de mortes anuais de crianças com menos de 5 anos, 15% podem ser atribuídas à diarreia, o que equivale à morte de uma criança a cada 15 segundos", alertou a ONU em informativos divulgados por ocasião do Dia Mundial da Água.

As Nações Unidas calculam ainda que, por ano, a falta de água limpa causa ao continente africano perdas de US$ 28,4 bilhões.

Já estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o alcance das metas de desenvolvimento do milênio relativas ao acesso à água potável e a serviços de saneamento básico "poderia gerar ganhos econômicos de US$ 84,4 bilhões" ao ano para a África.

Em 2000, a ONU estabeleceu oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que buscam reduzir a pobreza extrema no mundo até 2015. Uma das metas é diminuir à metade o número de pessoas sem acesso à água limpa e a condições básicas de higiene sanitária.

EFE   
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