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Organização das eleições na Venezuela foi feita para confundir eleitores, diz oposição

19 jul 2024 - 09h40
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As decisões organizacionais das autoridades eleitorais da Venezuela - desde o pessoal das seções eleitorais até a disposição das cédulas - foram tomadas com a intenção de confundir os eleitores e criar obstáculos para uma eleição presidencial livre em 28 de julho, afirmam representantes da oposição e analistas.

O presidente Nicolás Maduro está buscando um terceiro mandato, mas as pesquisas de opinião o mostram em desvantagem de 20 pontos em relação ao candidato da oposição Edmundo González, um ex-embaixador.

Maduro, cuja reeleição em 2018 é considerada fraudulenta pelos Estados Unidos e por outros países, disse que o sistema eleitoral venezuelano é o mais transparente do mundo e acusou a oposição de planejar fraude e semear "caos e violência".

Mas a oposição e os grupos de defesa dos eleitores dizem que as decisões logísticas do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) poderiam impedir o livre acesso ao voto dos 21,3 milhões de eleitores registrados no país.

"A intenção é muito clara e deve ser rejeitada com veemência: eles querem manipular e distorcer o desejo de mudança da grande maioria", disse Andrés Caleca, ex-funcionário do CNE e candidato primário da oposição, no mês passado no X.

Das 15.797 seções eleitorais em todo o país, pelo menos 8.000 terão apenas uma urna, em comparação com 6.800 locais na disputa presidencial de 2018, de acordo com os números oficiais.

Com mais votos sendo depositados em cada urna, esses locais são considerados mais difíceis de monitorar para detectar possíveis fraudes, de acordo com a ONG regional Transparência Eleitoral.

O uso de urnas únicas também pode retardar o processo de votação e causar filas maiores, disse a oposição.

Cerca de 3,9 milhões de eleitores deverão votar em locais com urnas únicas.

Nas redes sociais, alguns eleitores disseram que seu local de votação foi alterado para outro Estado, em alguns casos longe de sua casa.

"A engenharia eleitoral é projetada dessa forma (...) reunindo os eleitores em um único local de votação com uma única urna", disse John Magdaleno, diretor da empresa de consultoria Polity, sediada na Venezuela. "Todas as autocracias tentam alterar os termos sob os quais ocorre uma competição eleitoral entre aspas, introduzindo mais incerteza."

"Mais incerteza serve ao regime autoritário", acrescentou.

O Ministério da Informação e o CNE não responderam a pedidos de comentários sobre as questões levantadas nesta reportagem. Maduro tem negado repetidamente as acusações de que é autoritário.

O design da cédula - que apresenta uma foto de cada candidato acima do logotipo do partido pelo qual está concorrendo - também foi alvo de críticas quando foi lançado em abril.

As fotos de Maduro, que concorre por 13 partidos, ocupam toda a primeira linha e parte da segunda, enquanto os outros 10 candidatos estão espalhados pela cédula. González deve aparecer como candidato de três partidos.

A oposição também criticou uma mudança de regra do CNE que só permite que as testemunhas eleitorais realizem suas tarefas na mesma seção eleitoral em que votam, e diz que a distribuição de credenciais para testemunhas e funcionários das seções eleitorais tem sido lenta.

Em maio, a Venezuela revogou um convite à União Europeia para enviar observadores eleitorais, citando as contínuas sanções ao governo que chamou de "coercitivas".

A UE disse que lamentava a decisão. Ela pediu eleições livres e justas, mas não comentou especificamente sobre as decisões individuais do CNE.

Um diplomata europeu, falando sob condição de anonimato, disse que estava ciente das limitações no processo eleitoral, mas que aguardaria o resultado da eleição.

Outros, incluindo a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), um painel da ONU e o Centro Carter, ainda estão prontos para observar.

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