Órgão ordena desembarque de 16 migrantes na Itália
Grupo inclui 11 mulheres e cinco homens do navio Diciotti
O Escritório de Saúde Marítima de Catânia, no sul da Itália, ordenou neste sábado (25) o desembarque "imediato" de 11 mulheres e cinco homens a bordo do navio Diciotti, que está ancorado na cidade com 150 migrantes há quase cinco dias.
A saída dessas pessoas - duas das quais com suspeita de tuberculose - teria o aval do Ministério do Interior. O escritório é ligado ao Ministério da Saúde e se ocupa dos controles sanitários em passageiros e mercadorias que transitam pelos portos do país.
Enquanto o Interior é chefiado por Matteo Salvini, da ultranacionalista Liga, a Saúde é comandada por Giulia Grillo, do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S).
O Diciotti, navio da Guarda Costeira da Itália, chegou em Catânia na noite da última segunda-feira (20), quatro dias depois de ter resgatado 177 migrantes em um barco clandestino na costa de Lampedusa, ilha italiana situada no Mediterrâneo Central.
Dois dias mais tarde, Salvini, responsável pelas políticas migratórias e de segurança do país, autorizou o desembarque de 27 menores de idade desacompanhados, mas disse que só liberaria o restante do grupo se houvesse acordo na União Europeia para redistribui-lo.
A pressão não deu resultado e, na última sexta-feira (24), negociadores dos Estados-membros não conseguiram chegar a um acordo durante uma reunião em Bruxelas. O argumento é de que o número per capita de deslocados internacionais na Itália ainda está abaixo do registrado em outros países do bloco.
Desde então, o destino dos migrantes que permanecem no Diciotti é incerto. Dos 150 adultos, incluindo os 16 que poderão descer por motivos de saúde, 130 são provenientes da Eritreia, país notório pelas violações dos direitos humanos e por impor serviço militar obrigatório à sua população masculina.
Outros 10 são de Comoros; seis, de Bangladesh; dois, da Síria; um, da Somália; e um, do Egito. Para Matteo Salvini, todos eles são "imigrantes ilegais". O caso do navio Diciotti é alvo de um inquérito do Ministério Público de Agrigento por "sequestro de pessoas".
Papa
Durante sua visita à Irlanda, o papa Francisco afirmou que a crise migratória é o "desafio que mais provoca nossas consciências nos dias de hoje". "Sua solução exige sabedoria, amplitude de visões e uma preocupação humanitária que vá além das decisões políticas de curto prazo", disse, em um encontro com autoridades no Castelo de Dublin.
Jorge Bergoglio também alertou para a persistência do "ódio racial e étnico" e do "desprezo pela dignidade humana e pelos direitos fundamentais". "Temos necessidade de recuperar, em cada âmbito da vida política e social, o sentido de sermos uma verdadeira família de povos", acrescentou.