Agências humanitárias calculam que entre 10 e 40 mil civis iraquianos estão presos na árida Montanha Sinjar sem água, comida e comunicação e têm apenas duas escolhas: descer da montanha e ser morto pelos sunitas ou morrer de fome nas alturas.
Incapaz de cavar covas profundas no solo de pedra da montanha, as famílias deslocadas disseram ter improvisado covas rasas para enterrar jovens e idosos que foram vítimas das más condições do local, graças aos ataques iminentes dos sunitas. Aviões do governo iraquiano tentaram jogar garrafas de água sobre a montanha, mas, até agora, só conseguiram ajudar poucos dos abandonados.
“Há crianças morrendo na montanha, nas estradas”, disse Marzio Babille, representante do Iraque no Unicef. “Não há água, vegetação... Eles estão completamente cercados. É um desastre, um total desastre”, falou.
Shihab Balki, 23 anos, que está na montanha com sua mãe, irmã e quatro irmãos, disse ao The Independent que dez crianças e um idoso morreram nesta quinta-feira, e sete crianças, na quarta. “Eu vi seus corpos com meus próprios olhos”. Ele contou à publicação que um homem também morreu de sede nesta quinta-feira, deixando sua esposa e cinco filhos.
O Unicef informou que pelo menos 40 crianças morreram depois de ser expulsas de casa na segunda-feira à noite.
Os refugiados são da minoria yazidi, uma seita que mescla zoroastrismo, cristianismo e islamismo. Eles são considerados 'adoradores do Diabo' pelos extremistas muçulmanos.
A maioria das pessoas presas no Monte Sinjar tiveram os telefones celulares descarregados ainda na terça-feira, ficando, portanto, sem chances de comunicação.
O avanço violento dos sunitas pelas cidades iraquianas está fazendo com que minorias fujam de suas cidades e busquem refúgio em outras regiões e países. Nesta quinta-feira, foi anunciado que 100 mil cristãos estavam abandonando suas casas de cidades ao norte do país pelo avanço dos extremistas.
EUA podem realizar ataques aéreos
A Casa Branca condenou nesta quinta-feira a última ofensiva jihadista no norte do Iraque, denunciando uma "situação próxima de uma catástrofe humanitária", enquanto o presidente Barack Obama analisa a possibilidade de realizar ataques aéreos contra os insurgentes.
"Estamos trabalhando intensamente com o governo iraquiano para ajudar a resolver a situação humanitária", declarou um porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. "As ações dos jihadistas exacerbaram uma crise humanitária já extrema", ressaltou.
Mas ele se recusou a comentar sobre possíveis ataques ou o uso de aviões americanos para enviar alimentos e medicamentos para as pessoas afetadas pela violência.
De fato, o New York Times anunciou nesta quinta-feira que o presidente americana estava considerando a possibilidade de realizar ataques aéreos ou lançar alimentos e medicamentos para salvar dezenas de milhares de iraquianos, ameaçados de morte pelos jihadistas ultrarradicais.
Uma decisão é "iminente, tudo pode acontecer muito rapidamente", afirmou uma autoridade americana que não quis se identificar.
Obama tem estudado uma série de opções com seus conselheiros na Casa Branca para ajudar as pessoas que precisaram fugiram da cidade de Sinjar.
Refugiados nas montanhas próximas, eles podem morrer de sede e fome, segundo outra autoridade.
A pedido da França, os 15 países membros do Conselho de Segurança da ONU vão realizar consultas fechadas sobre o assunto em Nova York a partir das 17h30 (18h30 no horário de Brasília), de acordo com diplomatas.
Com informações do The Independent e AFP.
06 de junho - Jovens iraquianos observam os danos causados após a explosão de um carro-bomba na cidade de Kirkuk
Foto: AFP
08 de junho - Imagem de propaganda do EIIL. Militantes lutaram contra forças iraquianas em Tikrit, em 11 de junho, após os jihadistas tomarem a faixa norte do país, incluindo a cidade de Mossul
Foto: AFP
08 de junho - Imagem retirada de uma propaganda veiculada no dia 08 de junho pelo grupo EIIL mostra militantes perto da cidade iraquiana de Tikrit
Foto: AFP
10 de junho - Família iraquianas se reúnem em um posto de controle curdo, em uma região autônoma do Curdistão. Elas fogem da violência presente na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
10 de junho - Foto tirada de um celular mostra um homem armado assistindo a um veículo militar em chamas, em Mossul
Foto: AFP
11 de junho - Imagem divulgada pelo grupo EIIL, mostra militantes indo a um local não revelado, na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
11 de junho - Imagem divulgada por um perfil de notícias jihadista no Twitter mostra um militante do grupo EIIL segurando uma arma na fronteira sírio-iraquiana
Foto: AFP
11 de junho - Imagem disponibilizada pelo perfil de notícias jihadistas Al-Baraka mostra militantes do EIIL pendurando uma bandeira da Jihad Islâmica em um poste no topo de um antigo forte militar, na aldeia de Al Siniya
Foto: AFP
11 de junho - Iraquianos limpam as ruas depois de um ataque suicida de um homem-bomba, em uma tenda, onde líderes tribais xiitas estavam reunidos, na cidade de Sadr, no norte de Bagdá
Foto: AFP
11 de junho - Um grupo de curdos são vistos sentados dentro de um veículo, estacionado próximo à cidade de Mossul, no Iraque. No dia 10 de junho, militantes sunitas invadiram a cidade.
Foto: AFP
11 de junho - Parte do uniforme de um membro do Exército iraquiano é visto no chão, em frente a restos de um veículo militar queimado, a 10 km da cidade de Mossul
Foto: AFP
12 de junho - Membros do grupo Asaib Ahl al-Haq carregam caixão de colega morto em Najaf durante confrontos com o grupo rebelde Estado Islâmico e o Levante (EIIL) na província de Salahuddin
Foto: Reuters
12 de junho - Soldado do grupo insurgente Estado Islâmico e o Levante (EIIL) monta guarda em posto de controle em Mossul
Foto: Reuters
12 de junho - Forças especiais da polícia capturam homens armados na cidade iraquiana de Tikrit
Foto: Reuters
12 de junho - Dezenas de famílias deixam Mossul em direção a cidades curdas por causa da escalada da violência na região
Foto: Reuters
12 de junho - Voluntários que se juntaram ao Exército iraniano para lutar contra os insurgentes sunitas que tomaram controle da cidade de Mossul viajam em caminhão militar para Bagdá
Foto: Reuters
12 de junho - Membros das forças de segurança iraquianas posam para foto em Bagdá
Foto: Reuters
12 de junho - Insurgentes montam guarda em posto de controle na cidade iraquiana de Mossul
Foto: Reuters
15 de junho - Voluntários se unem ao exército iraquiano para combater militantes sunitas do EIIL
Foto: Reuters
16 de junho - Voluntários se juntam ao exército iraquiano para combater os militantes predominantemente sunitas
Foto: Reuters
16 de junho - Combatentes xiitas participam de mais um treinamento em estilo militar, em Najaf
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17 de junho - Combatentes do Exército Mehdi marcham durante um treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Pessoas se reúnem em local onde um ataque com carro-bomba deixou 13 mortos e 30 feridos em Bagdá
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes xiitas marcham em treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes tribais gritam palavras de luta enquanto carregam armas em um desfile nas ruas de Najaf, ao sul de Bagdá
Foto: Reuters
19 de junho - soldados desfilam dentro do principal centro do Exército durante uma campanha de recrutamento de voluntários para o serviço militar em Bagdá, Iraque
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19 de junho - homens iraquianos chegam ao principal centro de recrutamento do Exército de voluntários para o serviço militar em Bagdá, após autoridades pedirem ajuda ao povo iraquiano no combate aos insurgentes
Foto: AP
19 de junho - centenas de homens mobilizam-se para lutar contra os insurgentes do Estado Islâmico e do Levante, em Bagdá
Foto: AP
19 de junho - voluntários das recém-formadas "Brigadas de Paz" participam de um desfile na cidade xiita de Najaf, no Iraque
Foto: AP
20 de junho - seguidores do clérigo xiita Muqtada al-Sadr realizam orações ao ar livre no reduto xiita da cidade de Sadr, em Bagdá
Foto: AP
20 de junho - militares das "Brigadas de Paz" participam de desfile no sul da cidade sagarada de Najaf
Foto: AP
22 de junho - mulher iraquiana banha seu filho em um acampamento para deslocados internos que fugiram de Mossul e outras cidades tomadas pelos insurgentes do Estados Islâmico e do Levante