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Oriente Médio

40 mil civis estão isolados e sem água em montanha no Iraque

Milhares de cristãos e yazidis iraquianos estão abandonando suas casas e se refugiando em áreas remotas para escapar do avanço violento dos sunitas

7 ago 2014 - 15h00
(atualizado às 15h32)
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Família refugiada em Sinjar teme ataques de sunitas
Família refugiada em Sinjar teme ataques de sunitas
Foto: SAFIN HAMED / AFP

Agências humanitárias calculam que entre 10 e 40 mil civis iraquianos estão presos na árida Montanha Sinjar sem água, comida e comunicação e têm apenas duas escolhas: descer da montanha e ser morto pelos sunitas ou morrer de fome nas alturas. 

Incapaz de cavar covas profundas no solo de pedra da montanha, as famílias deslocadas disseram ter improvisado covas rasas para enterrar jovens e idosos que foram vítimas das más condições do local, graças aos ataques iminentes dos sunitas. Aviões do governo iraquiano tentaram jogar garrafas de água sobre a montanha, mas, até agora, só conseguiram ajudar poucos dos abandonados.

“Há crianças morrendo na montanha, nas estradas”, disse Marzio Babille, representante do Iraque no Unicef. “Não há água, vegetação... Eles estão completamente cercados. É um desastre, um total desastre”, falou.

Shihab Balki, 23 anos, que está na montanha com sua mãe, irmã e quatro irmãos, disse ao The Independent que dez crianças e um idoso morreram nesta quinta-feira, e sete crianças, na quarta. “Eu vi seus corpos com meus próprios olhos”. Ele contou à publicação que um homem também morreu de sede nesta quinta-feira, deixando sua esposa e cinco filhos.

O Unicef informou que pelo menos 40 crianças morreram depois de ser expulsas de casa na segunda-feira à noite.

Os refugiados são da minoria yazidi, uma seita que mescla zoroastrismo, cristianismo e islamismo. Eles são considerados 'adoradores do Diabo' pelos extremistas muçulmanos.

A maioria das pessoas presas no Monte Sinjar tiveram os telefones celulares descarregados ainda na terça-feira, ficando, portanto, sem chances de comunicação.  

O avanço violento dos sunitas pelas cidades iraquianas está fazendo com que minorias fujam de suas cidades e busquem refúgio em outras regiões e países. Nesta quinta-feira, foi anunciado que 100 mil cristãos estavam abandonando suas casas de cidades ao norte do país pelo avanço dos extremistas. 

EUA podem realizar ataques aéreos

A Casa Branca condenou nesta quinta-feira a última ofensiva jihadista no norte do Iraque, denunciando uma "situação próxima de uma catástrofe humanitária", enquanto o presidente Barack Obama analisa a possibilidade de realizar ataques aéreos contra os insurgentes.

"Estamos trabalhando intensamente com o governo iraquiano para ajudar a resolver a situação humanitária", declarou um porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. "As ações dos jihadistas exacerbaram uma crise humanitária já extrema", ressaltou.

Mas ele se recusou a comentar sobre possíveis ataques ou o uso de aviões americanos para enviar alimentos e medicamentos para as pessoas afetadas pela violência.

De fato, o New York Times anunciou nesta quinta-feira que o presidente americana estava considerando a possibilidade de realizar ataques aéreos ou lançar alimentos e medicamentos para salvar dezenas de milhares de iraquianos, ameaçados de morte pelos jihadistas ultrarradicais.

Uma decisão é "iminente, tudo pode acontecer muito rapidamente", afirmou uma autoridade americana que não quis se identificar.

Obama tem estudado uma série de opções com seus conselheiros na Casa Branca para ajudar as pessoas que precisaram fugiram da cidade de Sinjar.

Refugiados nas montanhas próximas, eles podem morrer de sede e fome, segundo outra autoridade.

A pedido da França, os 15 países membros do Conselho de Segurança da ONU vão realizar consultas fechadas sobre o assunto em Nova York a partir das 17h30 (18h30 no horário de Brasília), de acordo com diplomatas.

Com informações do The Independent e AFP. 

Fonte: Terra
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