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Ariel Sharon deixa controvertido e indelével legado no Oriente Médio

11 jan 2014 - 12h00
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Controvertido militar e político audaz, Ariel Sharon deixa um legado limitado por luzes e sombras, sem o qual não se podem entender capítulos cruciais da história de Israel e do conflito no Oriente Médio. Ex-primeiro-ministro de Israel e um dos políticos mais populares e polêmicos do país, Sharon morreu neste sábado, aos 85 anos, no hospital de Tel Aviv, onde estava internado desde 2006.

"Sharon é a própria reencarnação de Israel em uma só pessoa desde 1948, e seu legado e influência abrangem desde o campo militar, passando pela política, à economia. Em resumo, Israel não seria o que é hoje sem ele", argumentou à EFE um dos mais próximos assessores de Sharon quando primeiro-ministro, Raanan Gissin.

Sua imagem de general rebelde e astuto estrategista, amado e aclamado por uns e odiado por outros, não deixa ninguém indiferente. Campanhas como as do Sinai, na Guerra dos Seis Dias (1967), ou o cerco ao exército egípcio durante a do Yom Kippur, em 1973, na qual, desobedecendo a ordens do Estado-Maior, dirigiu suas tropas até a entrada do Cairo, não poderiam ser compreendidas sem sua liderança.

Em seu lado como militar, ele ficou conhecido também, entre outros episódios, por seu controvertido papel indireto no massacre de palestinos dos campos de refugiados de Sabra e Shatila, no Líbano, em 1982.

A colonização da Cisjordânia e da Faixa de Gaza também tem seu crédito quando, como ministro da Agricultura no final da década de 1970, promoveu a proliferação de assentamentos israelenses nos territórios ocupados.

Ariel Sharon morre aos 85 anos; lembre trajetória:

A Segunda Intifada, a de al-Aqsa, começou após sua polêmica visita, como líder da oposição, em setembro de 2000, à esplanada onde está o santuário muçulmano. Foi o detonador de um dos maiores levantes populares palestinos contra a ocupação israelense.

Sharon também será recordado por ser o responsável pelo confinamento em Ramala do histórico líder palestino Yasser Arafat, a quem taxou como pessoa irrelevante e interlocutor não válido, o que lhe valeu fama de líder intransigente.

O atual muro israelense que serpenteia boa parte da Cisjordânia começou a ser erguido em 2002, sob seu mandato, como resposta a dezenas de atentados suicidas palestinos.

Sharon governou o país entre 2001 e 2006 e, um ano antes de sofrer o fatídico derrame cerebral, criou um novo partido, o Kadima, de centro-direita, com o qual promoveu a retirada de colonos e soldados israelenses de Gaza apesar da oposição do direitista Likud, hoje liderado por um de seus principais adversários em Israel, Benjamin Netanyahu.

O líder sofreu a forte hemorragia cerebral em janeiro de 2006 e, desde então, estava em estado vegetativo em um hospital onde só era visitado pelos filhos e pessoas mais próximas. Além de participar de todas as guerras envolvendo Israel desde sua criação, Sharon esteve na primeira linha dos governos de Yitzhak Rabin, Menachem Begin, Shimon Peres, Yitzhak Shamir e Netanyahu antes de se tornar chefe do Governo em 2001, após derrotar Ehud Barak.

Sharon foi autor de inumeráveis intrigas, movimentos e desafios políticos que soube lidar com a estratégia de um velho general de brigada, com o único propósito de continuar no poder, fazendo e desfazendo coalizões a seu desejo.

Ele enfrentou inclusive um escândalo de corrupção envolvendo um de seus filhos, Omri, que acabou pagando o crime com meses de prisão.

Sharon culminou sua vida política gozando de grande popularidade entre a população israelense, que o considerava um político aguerrido capaz de levar o país à frente.

EFE   
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