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Assad acha ilusório plano para treinar rebeldes contra o EI

O presidente sírio teme que os homens desertem e se unam ao grupo terrorista

26 jan 2015 - 10h56
(atualizado às 13h12)
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O presidente sírio, Bashar al Assad, é entrevistado por uma publicação americana em Damas, em 26 de janeiro
O presidente sírio, Bashar al Assad, é entrevistado por uma publicação americana em Damas, em 26 de janeiro
Foto: SANA / AP

O presidente sírio, Bashar al-Assad, considera "ilusório" o plano dos EUA de treinar cinco mil rebeldes da oposição moderada para lutar contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), em entrevista publicada nesta segunda-feira na revista Foreign Affairs.

"Trazer cinco mil rebeldes de fora fará com que muitos deles desertem e se unam ao EI e outros grupos, que é o que ocorreu durante o último ano. Por isso, digo que ainda é algo ilusório. Não digo que os cinco mil seja uma ilusão, mas que a ideia mesma é ilusória", disse Assad.

O líder não descartou que esses insurgentes treinados pelos EUA possam ser alvo das Forças Armadas Sírias. "Qualquer tropa que não trabalhe em cooperação com o Exército sírio é ilegal e deve ser combatida. Isso está muito claro", asseverou.

Mesmo assim, Assad se mostrou partidário de cooperar com os EUA para lutar contra o terrorismo, e afirmou que existe "um potencial" para essa colaboração, para o qual, segundo sua opinião, é necessário "vontade".

Na sua opinião, o EI ganhou território na Síria e Iraque, apesar dos bombardeios da coalizão internacional, liderada pelos EUA.

Para Assad, Washington deveria se envolver mais do ponto de vista político, pressionando a Turquia e outros países.

"Se os terroristas podem aguentar os ataques aéreos durante este período, significa que os turcos seguem enviando armamento e dinheiro. Os EUA pressionaram a Turquia para deter seu apoio à Al Qaeda? Não", opinou.

Além disso, Assad ressaltou que as autoridades americanas deveriam pressionar o Catar e a Arábia Saudita para que deixem de respaldar os rebeldes, assim como cooperar "legalmente" com a Síria e pedir permissão para realizar os bombardeios da coalizão, que tachou de "ilegais" porque não foram autorizados por seu governo.

Segundo Assad, são necessárias tropas no terreno para derrotar o EI, mas estas deveriam ser sírias.

"Definitivamente devem ser tropas sírias. Esta é nossa terra, este é nosso país. Nós somos os responsáveis. Em absoluto pedimos tropas americanas".

Apesar ao prolongamento do conflito, Assad considera que terminará mediante negociações porque "todas as guerras em qualquer parte do mundo acabaram com uma solução política, porque a guerra em si mesma não é nenhuma solução, é só um instrumento da política".

No entanto, o presidente sírio advertiu que qualquer solução política deverá ser submetida a um referendo para que "o povo tome a decisão".

Com relação às conversas que nesta semana serão realizadas pelos representantes de seu governo com a oposição em Moscou, Assad assegurou que seu Gabinete não apresentou nenhuma condição.

Assad recusou mostrar otimismo ou pessimismo sobre o diálogo, embora tenha dito que tem esperança porque "o que está ocorrendo em Moscou não são negociações sobre uma solução (ao conflito), são só os preparativos para uma conferência".

O líder sírio criticou, sem nomeá-los, alguns grupos opositores que qualificou de "marionetes" de outros países, como o Catar, Arábia Saudita e estados ocidentais que "servem para aplicar as agendas".

"Na crise atual, é preciso se perguntar sobre a influência da oposição no terreno. É preciso voltar ao que os rebeldes anunciaram publicamente, quando disseram muitas vezes que a oposição não lhes representa e não tem nenhuma influência", indicou.

Por esse motivo, afirmou que se se quer ter um diálogo frutífero terá que ser entre o governo e esses rebeldes.

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EFE   
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