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Brahimi se reúne com oposição síria para tentar salvar diálogo de paz

23 jan 2014 - 18h42
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O representante à Síria, Lakhdar Brahimi, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em coletiva de imprensa em Montreux
Foto: Gary Cameron / Reuters

O enviado internacional da Organização das Nações Unidas, Lakhdar Brahimi, se reuniu nesta quinta-feira com integrantes da oposição síria, em Genebra, na tentativa de salvar as negociações de paz, desta vez focando mais em cessar-fogos locais e troca de prisioneiros do que em um acordo político.

O primeiro dia de negociações, na quarta-feira, foi dominado pela retórica violenta do governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, e de seus inimigos. Reunidos pela primeira vez em quase três anos de guerra civil, cada lado acusou o outro de cometer atrocidades e não mostrou nenhum sinal de compromisso.

Brahimi se encontrou com a oposição síria em um hotel de Genebra para discutir a agenda das conversações adicionais que ocorrerão a partir de sexta-feira. A oposição, então, teve reuniões com Estados Unidos, França e Grã-Bretanha. Brahimi ainda deve se reunir com representantes de Assad.

Apesar da indisposição, as autoridades ainda mantêm a esperança de poder salvar o processo, ao iniciarem um novo diálogo com medidas mais modestas para aliviar o sofrimento de milhões de pessoas no território sírio, especialmente em áreas isoladas, sem acesso à ajuda internacional.

"Nós tivemos algumas indicações claras de que as partes estão dispostas a discutir questões de acesso a pessoas necessitadas, e a liberação de prisioneiros e cessar-fogos locais", disse o representante de Brahimi.

Mais de 130.000 pessoas podem ter morrido, quase um terço dos 22 milhões de habitantes está fora de suas casas e metade precisa de ajuda internacional, incluindo centenas de milhares em áreas tomadas pelo conflito.

Na abertura da conferência de paz na quarta-feira, potências mundiais defenderam vigorosamente seus lados, com os países ocidentais, países árabes e a Turquia se juntando à oposição na exigência de que um eventual governo de transição excluiria Assad.

A Rússia, que tem apoiado Assad, disse que o foco das conversas deve ser a luta contra o "terrorismo", uma palavra que o governo sírio aplica a todos os seus adversários armados.

As negociações principais, que devem durar até uma semana, não devem começar até sexta-feira, dando aos mediadores um dia para baixar a temperatura e se concentrar em medidas pragmáticas.

Um dos negociadores da oposição, Haitham al-Maleh, disse que o humor é positivo, apesar de um primeiro dia difícil.

Ele falou sobre um processo em duas fases, em que, primeiro, seriam discutidas medidas claras, como a troca de prisioneiros, cessar-fogos, a retirada de armamento pesado e o estabelecimento de corredores de ajuda humanitária, e, depois, o futuro político.

As negociações permanecem frágeis, no entanto, com ambos os lados ameaçando se retirar -- o governo diz que não discute a remoção de Assad, enquanto a oposição afirma que não negociará se as conversações não partirem da premissa da remoção de Assad.

"Há uma vontade internacional para que isso aconteça, mas não sabemos o que vai acontecer", disse Maleh. "É possível que (o governo) se retire. Vamos nos retirar se Genebra tomar outro rumo e se desviar da transição, com a narrativa do governo de que eles estão lutando contra o terrorismo."

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