Campanha contra fome na Somália trata cerca de 12 milhões de animais
Mais de 12 milhões de animais foram tratados nos últimos três meses na Somália como forma de tentar evitar a fome no país, afetado por uma grave seca e conflitos, informou nesta sexta-feira a Organização da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO).
A agência apontou em comunicado que fez uma campanha em massa com a qual pretende chegar até os 22 milhões de animais cuidados até meados de julho e beneficiar assim mais de 3 milhões de pessoas.
Cerca de 3,2 milhões de pessoas correm risco de morrer de fome na Somália. A maioria destas pessoas vive em zonas rurais e depende do gado, de cabras, camelos, ovelhas e outros animais para se alimentar e como fonte de renda.
A escassez de chuvas e a seca persistente ao longo de muitas temporadas supuseram a queda da produção agrícola e a morte de cabeças de gado, o que danificou a segurança alimentar e contribuiu para o deslocamento de cerca de 680 mil pessoas desde novembro.
"Salvar os animais permite salvar vidas humanas. Quando os animais se debilitam pela seca, deixam de produzir leite e morrem, o que significa que as pessoas passam fome e as famílias já não são autosuficientes", disse o representante da agência no país, Richard Trenchard.
Com fundos do Reino Unido, do Canadá e da ONU, a FAO mobilizou 150 equipes integradas por veterinários por todo o país para tratar a cada dia até 270 mil animais perante a ameaça dos mesmos contrair parasitas e doenças pela falta de água e comida.
Se o gado está muito frágil para resistir às vacinas, então recebem suplemento de vitaminas, medicamentos e outros tratamentos para combater as infecções.
O plano para evitar a fome e agir frente à seca da FAO, estimado em US$ 160 milhões e 40% financiado, também contempla a entrega às famílias de dinheiro para que possam comprar alimentos, a reabilitação das infraestruturas agrícolas, cupons para adquirir sementes e serviços de maquinaria como tratores.
Seis anos depois que uma crise de fome foi declarada na Somália e tirou a vida de cerca de 250 mil pessoas, este país do Chifre da África, além do Sudão do Sul, Iêmen e nordeste da Nigéria, sofre com questões alimentares atuais.
Nesses quatro países um total de 30 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar severa, das quais 20 milhões estão à margem da fome ou já sofrem com a mesma.