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Destino de refém japonês é incerto; Jordânia impõe condições para troca de prisioneiros

28 jan 2015 - 20h44
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A Jordânia afirmou nesta quarta-feira não ter recebido nenhuma confirmação de que o piloto jordaniano capturado por insurgentes do Estado Islâmico esteja a salvo, afirmando que vai levar adiante uma troca de prisioneiros somente se ele for libertado.

Parente de piloto jordaniano mantido refém pelo Estado Islâmico protesta em frente ao Palácio Real em Amã, capital da Jordânia, nesta quarta-feira. 28/01/2015
Parente de piloto jordaniano mantido refém pelo Estado Islâmico protesta em frente ao Palácio Real em Amã, capital da Jordânia, nesta quarta-feira. 28/01/2015
Foto: Muhammad Hamed / Reuters

Acredita-se que o destino do piloto da Força Aérea jordaniana Muath al-Kasaesbeh esteja atado ao do refém japonês Kenji Goto, um veterano jornalista de guerra que também está sendo mantido preso pelo grupo rebelde.

Um vídeo divulgado na terça mostrava o que parecia ser Goto dizendo ter somente 24 horas de vida, a menos que a Jordânia libertasse Sajida al-Rishawi, uma iraquiana condenada à morte pelo seu papel em um ataque à bomba em 2005.

O porta-voz do governo, Mohammad al-Momani, disse que a Jordânia estava disposta a libertar Al-Rishawi caso Kasaesbeh fosse poupado, mas deixou claro que ela vai continuar presa até que o piloto seja libertado.

"Não é verdade que ela tenha sido libertada. A libertação dela está condicionada à libertação de nosso piloto", disse Momani à Reuters. Ele não fez menção a Goto.

O chanceler jordaniano, Nasse Judeh, disse em sua conta oficial no Twitter que um pedido de prova de que Kasaesbeh esteja bem e a salvo não foi respondido.

Kasaesbeh foi capturado após seu caça cair no nordeste da Síria em dezembro, durante uma missão de bombardeio contra o Estado Islâmico, grupo que ocupou largas faixas dos territórios sírio e iraquiano.

A voz no vídeo disse que Kasaesbeh tinha menos tempo restante de vida do que Goto. O Japão confirmou a veracidade do vídeo às 12h (horário de Brasília) de terça-feira.

"Vinte e quatro horas se passaram desde que confirmamos a imagem do senhor Goto, mas não há nenhuma informação sobre nenhuma grande movimentação em particular", disse o chanceler japonês, Fumio Kishida, a jornalistas.

Ele disse que o Japão vai continuar a fazer o seu melhor para assegurar a libertação de Goto, mantendo contato com a Jordânia.

Momani afirma que a prioridade da Jordânia é garantir a libertação do piloto, proveniente de uma importante tribo jordaniana que integra a espinha dorsal do apoio à monarquia Hashemita.

Centenas de pessoas, incluindo parentes de Kasaesbeh, reuniram-se em frente ao gabinete do primeiro-ministro jordaniano na terça-feira, clamando às autoridades que atendam às exigências do Estado Islâmico.

Al-Rishawi está presa na Jordânia pelo seu envolvimento em um ataque suicida a bomba que matou 60 pessoas na capital, Amã.

APELO MATERNO

Um porta-voz do gabinete do premiê japonês, Shinzo Abe, disse não haver comentários imediatos sobre o comunicado da Jordânia.

A situação com os reféns japoneses representa a maior crise diplomática desde que Abe assumiu o poder em 2012 e há uma onda de relatos não confirmados na mídia japonesa segundo a qual um acordo de troca envolvendo Goto pode estar sendo articulado.

A mãe de Goto, falando brevemente após um presumido estouro de prazo nesta quarta-feira, disse: “Minhas emoções estão por toda parte.”

“Um limite de tempo foi estabelecido, e isso tem me deixado nervosa", disse Junko Ishido a jornalistas em sua casa, em Tóquio.

Ela pediu mais cedo que o governo japonês faça o máximo para salvar a vida de seu filho e reiterou que ele não é um inimigo do Islã.

Goto foi à Síria no fim de outubro. De acordo com amigos e colegas de trabalho, ele tentava garantir a libertação de Harina Yukawa, seu amigo e compatriota que havia sido capturado pelo Estado Islâmico em agosto.

No primeiro de três vídeos em que Goto supostamente aparece, divulgado na semana passada, um indivíduo vestido de preto e segurando uma faca diz que Goto e Yukawa seriam assassinados dentro de 72 horas se o Japão não pagasse 200 milhões de dólares ao Estado Islâmico.

Um vídeo publicado no sábado parece mostrar Goto com uma foto de Yukawa decapitado e uma mensagem de áudio dizendo que as demandas de seus sequestradores mudaram para a libertação de Al-Rishawi.

As autoridades envolvidas na crise dizem que Tóquio sabia há meses que o Estado Islâmico mantinha dois prisioneiros japoneses, embora tenha demonstrado despreparo quando o grupo estabeleceu um prazo para o resgate e supostamente matou um dos reféns.

(Reportagem adicional de Teppei Kasai, Elaine Lies, Takashi Umekawa, Kevin Krolicki, Nobuhiro Kubo, William Mallard e Kiyoshi Takenaka, em Tóquio; de Oliver Holmes, em Beirute; e de Ali Abdelatty e Mostafa Hashem, no Cairo)

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