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Egito pede à ONU que intervenha militarmente na Líbia

"Abandonamos o povo líbio, que virou prisioneiro de milícias extremistas", disse o presidente egípcio

17 fev 2015 - 12h12
(atualizado às 12h28)
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O Egito deu, nesta terça-feira, um passo à frente para pedir á ONU uma intervenção internacional na Líbia, um dia após ataques aéreos contra posições do grupo Estado Islâmico (EI) no país vizinho. Ainda é desconhecido o balanço dos bombardeios egípcios na Líbia, um país mergulhado no caos e dividido em diferentes redutos de milícias, algumas jihadistas.

França e Itália também pedem desde segunda-feira uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para aprovar "novas medidas" na Líbia. Roma está preparada para comprometer-se militarmente, mas só o fará tutelada pela ONU e dentro de uma operação de manutenção da paz, lembrou o chefe do governo italiano Mateo Renzi, que pediu ao Egito para que não ceda "à histeria e a uma reação irracional".

O presidente Abdel Fatah al Sissi não precisou de muitas horas para enviar a aviação egípcia contra a filial líbia do EI, que acabava de reivindicar em vídeo a decapitação de 21 cristãos coptas egípcios. "Não tivemos outra opção. Considerando que o povo esteja de acordo que atuemos para restabelecer a segurança e a estabilidade no país", declarou o presidente egípcio em entrevista à rádio francesa Europe 1.

"O que está acontecendo na Líbia vai converter este país em um viveiro que ameaçará o conjunto da região, não apenas o Egito, como toda a bacia mediterrânea e a Europa", afirmou o presidente egípcio. O marechal reformado se lançou contra o terrorismo desde que começou a dirigir o país árabe mais populoso - e mais potente militarmente - com mãos de ferro, após ter destituído seu predecessor, Mohamed Mursi.

"É preciso tratar este problema porque a missão de nossos amigos europeus não foi bem sucedida", disse al-Sissi, em referência à intervenção que acabou com o regime de Muamar Kadafi em 2011. "Abandonamos o povo líbio, que virou prisioneiro de milícias extremistas", acrescentou.

Nenhuma informação foi filtrada sobre o balanço da ofensiva egípcia, nem sobre sua eventual continuação. Procurados, governo e exército egípcios não quiseram falar sobre o assunto após a finalização da intervenção aérea na segunda-feira.

"Estaria disposto a bombardear novamente?" perguntou o jornalista da Europe 1 a Sissi. "Precisamos fazer isso, mas juntos", rebateu, segundo as traduções feitas pela rádio.

O ministro egípcio de Assuntos Exteriores, Sameh Chukri, está em Nova York para pedir uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, declarou seu porta-voz, Badr Abdelaty.

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, se reunirá com as autoridades egípcias e norte-americanas esta semana para tratar sobre uma possível ação comum na Líbia, sem pleitear nenhum papel militar por parte da UE.

As decapitações dos 21 egípcios cristãos coptas no domingo por um braço líbio do Estado Islâmico são prova de que a organização jihadista exportou seus métodos brutais para fora das regiões que controla na Síria e no Iraque, onde multiplicou suas atrocidades.

O Egito, vizinho da Líbia, está sob pressão. Seu exército está combatendo no Sinai, leste do país, a insurreição do grupo jihadista Ansar Beit al Maqdis, que jurou fidelidade ao EI em novembro. Este grupo reivindicou em 10 de fevereiro em um vídeo a decapitação de oito homens acusados de espionar para os militares e para Israel.

Ansar cometeu inúmeros atentados mortais contra as forças de segurança egípcias, reagindo com represálias pela repressão contra os islamitas. Desde a queda de Mursi, policiais e soldados mataram mais de 1,4 mil de seus guerrilheiros em manifestações e prenderam mais de 15 mil simpatizantes de Ansar. Centenas deles foram condenados à morte em julgamentos em massa.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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