O Egito deu, nesta terça-feira, um passo à frente para pedir á ONU uma intervenção internacional na Líbia, um dia após ataques aéreos contra posições do grupo Estado Islâmico (EI) no país vizinho. Ainda é desconhecido o balanço dos bombardeios egípcios na Líbia, um país mergulhado no caos e dividido em diferentes redutos de milícias, algumas jihadistas.
França e Itália também pedem desde segunda-feira uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para aprovar "novas medidas" na Líbia. Roma está preparada para comprometer-se militarmente, mas só o fará tutelada pela ONU e dentro de uma operação de manutenção da paz, lembrou o chefe do governo italiano Mateo Renzi, que pediu ao Egito para que não ceda "à histeria e a uma reação irracional".
O presidente Abdel Fatah al Sissi não precisou de muitas horas para enviar a aviação egípcia contra a filial líbia do EI, que acabava de reivindicar em vídeo a decapitação de 21 cristãos coptas egípcios. "Não tivemos outra opção. Considerando que o povo esteja de acordo que atuemos para restabelecer a segurança e a estabilidade no país", declarou o presidente egípcio em entrevista à rádio francesa Europe 1.
"O que está acontecendo na Líbia vai converter este país em um viveiro que ameaçará o conjunto da região, não apenas o Egito, como toda a bacia mediterrânea e a Europa", afirmou o presidente egípcio. O marechal reformado se lançou contra o terrorismo desde que começou a dirigir o país árabe mais populoso - e mais potente militarmente - com mãos de ferro, após ter destituído seu predecessor, Mohamed Mursi.
O jornalista americano James Foley, 40 anos, foi decapitado no dia 19 de agosto de 2014 por militantes do Estado Islâmico. Essa foi a primeira vítima cuja a morte foi gravada pelo grupo extremista e divulgada na internet. Foley havia desaparecido na Síria há quase dois anos. No vídeo, o americano - que estava ajoelhado ao lado de seu executor - disse que os EUA causaram sua morte.
Foto: AP
O jornalista americano Steven J. Sotloff, 31 anos, foi decapitado no dia 2 de setembro de 2014. Ele havia sido sequestrado em 2013 e apareceu no primeiro vídeo divulgado pelo Estado Islâmico na internet. No primeiro vídeo, James Foley foi decapitado e Sotloff foi ameaçado de morte caso os EUA não "colaborassem" com o grupo extremista. Sua morte também foi divulgada em vídeo.
Foto: AP
O escocês David Haines, 44 anos, foi sequestrado em março de 2013, quando atuava como voluntário em trabalhos humanitários na Síria. Ele foi decapitado no dia 13 de setembro de 2014 pelo Estado Islâmico e foi a terceira vítima ocidental a ser decapitada pelo grupo extremista que teve a morte divulgada em vídeo na internet.
Foto: Twitter
O motorista de táxi britânico Alan Henning, 47 anos, foi a quarta vítima do Estado Islâmico a ter a decapitação divulgada em vídeo na internet. Henning participava de comboio de voluntários que levavam suprimentos médicos à Síria. Apelidado de "Gadget", Henning foi sequestrado nove meses antes da divulgação de sua morte, no dia 03 de outubro de 2014. No final de seu vídeo, um refém americano foi apresentado como uma nova vítima do EI.
Foto: The Telegraph / Reprodução
O ex-militar americano Peter Edward Kassing, 26 anos, trabalhava como voluntário na assistência humanitária na Síria. Ele foi o refém apresentado no final do vídeo da morte do britânico Alan Henning. No dia 16 de dezembro, Kassing foi decapitado e teve um vídeo que divulgava sua morte publicado na internet. No vídeo, um militante do Ei, com sotaque britânico, aparece ao lado de uma cabeça decapitada que seria a de Kassing. O americano tinha sido sequestrado em outubro de 2013 e se convertido ao islã.
Foto: AP
O fotógrafo sírio Omar Alkhani esteve nas mãos do Estado Islâmico por dois meses. Ele diz que foi sequestrado em Aleppo, na Síria, e que dividiu a prisão com o jornalista James Foley, o primeiro a ter a morte divulgada em vídeos pela internet. Alkhani disse que, após dois meses de cárcere, os membros do EI vendaram seus olhos, o colocaram em um carro e ele foi jogado na rua. Durante o sequestro, Alkhani foi torturado.
Foto: El País / Reprodução
O jornalista independente britânico John Cantlie, 43 anos, foi sequestrado na Síria em 2012. Desde então, ele é um dos reféns do Estado Islâmico. Cantlie apareceu em alguns vídeos do EI e, em um deles, o jornalista aparece andando pelas ruas de Mossul e mostrando que a rotina dos moradores da região não mudou em nada com a presença do grupo extremista. A imprensa ocidental afirma que a vida em Mossul tem sido difícil desde a presença do EI.
Foto: Twitter
O empresário japonês Haruna Yukawa (à direita), 42 anos, chegou à Síria em agosto de 2014 e seu paradeiro estava desconhecido desde então. O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão procurava por ele. Seu amigo, o jornalista Kenji Goto, foi à sua procura e ambos acabaram aparecendo em um vídeo do Estado Islâmico, como reféns, divulgado em janeiro. O grupo exigiu um resgate de US$ 200 milhões de dólares do governo japonês. Sem negociações, Yukawa foi decapitado no dia 21 de janeiro de 2015, sua morte foi anunciada e ilustrada em fotografias por Goto em um vídeo.
Foto: AP
O jornalista freelancer e documentarista japonês Kenji Goto, 47 anos, foi decapitado no dia 31 de janeiro de 2015 por um jihadista membro do Estado Islâmico. Ele foi capturado em outubro de 2014 e estaria na Síria à procura de seu amigo, o empresário Haruna Yukawa. Yukawa foi morto em janeiro e Goto foi mantido refém ao lado de um jordano. A liberdade de ambos foi oferecida pelo Estado Islâmico em troca da libertação de uma terrorista. O Japão não quis negociar e um vídeo com Goto sendo decapitado foi divulgado na internet.
Foto: EPA/ISLAMIC STATE / EFE
O tenente e piloto jordano Moaz al-Kasasbeh, 26 anos, participava na missão aérea contra o Estado Islâmico, em apoio à aviação dos Estados Unidos, quando o seu caça F-16 foi atingido e caiu em território sírio controlado pelo Estado Islâmico, no dia 24 de Dezembro de 2014. Desde então, o EI divulgou algumas fotografias humilhantes. A Jordânia aceitou trocar a liberdade do piloto pela liberdade de uma terrorista, contanto que o piloto esteja realmente vivo. Porém, em 3 de fevereiro, sua morte foi divulgada por meio de um vídeo, em que ele aparece sendo queimado vivo, dentro de uma jaula.
Foto: Reproducción
O médico alemão Stefan Viktor Okonek e sua esposa Henrite Dielen foram sequestrados no dia 24 de setembro. O Estado Islâmico ameaça matar a dupla, caso o governo alemão continue a apoiar os bombardeios contra o EI, liderados pelos Estados Unidos. A partir do final de setembro, não houve informações sobre as vítimas.
Foto: interaksyon / Reprodução
A voluntária americana Kayla Jean Mueller, 26 anos, foi feita refém em Alepo, no norte da Síria, em agosto de 2013. Ela era voluntária de uma organização não-governamental do Arizona. No dia 6 de fevereiro, o Estado Islâmico anunciou que Kayla tinha sido morta durante um ataque aéreo da coligação internacional, conduzido por forças jordanianas. Sua morte só foi confirmada pela Casa Branca no dia 10 de fevereiro.
Foto: New York Daily / Reprodução
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"É preciso tratar este problema porque a missão de nossos amigos europeus não foi bem sucedida", disse al-Sissi, em referência à intervenção que acabou com o regime de Muamar Kadafi em 2011. "Abandonamos o povo líbio, que virou prisioneiro de milícias extremistas", acrescentou.
Nenhuma informação foi filtrada sobre o balanço da ofensiva egípcia, nem sobre sua eventual continuação. Procurados, governo e exército egípcios não quiseram falar sobre o assunto após a finalização da intervenção aérea na segunda-feira.
"Estaria disposto a bombardear novamente?" perguntou o jornalista da Europe 1 a Sissi. "Precisamos fazer isso, mas juntos", rebateu, segundo as traduções feitas pela rádio.
O ministro egípcio de Assuntos Exteriores, Sameh Chukri, está em Nova York para pedir uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, declarou seu porta-voz, Badr Abdelaty.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, se reunirá com as autoridades egípcias e norte-americanas esta semana para tratar sobre uma possível ação comum na Líbia, sem pleitear nenhum papel militar por parte da UE.
As decapitações dos 21 egípcios cristãos coptas no domingo por um braço líbio do Estado Islâmico são prova de que a organização jihadista exportou seus métodos brutais para fora das regiões que controla na Síria e no Iraque, onde multiplicou suas atrocidades.
O Egito, vizinho da Líbia, está sob pressão. Seu exército está combatendo no Sinai, leste do país, a insurreição do grupo jihadista Ansar Beit al Maqdis, que jurou fidelidade ao EI em novembro. Este grupo reivindicou em 10 de fevereiro em um vídeo a decapitação de oito homens acusados de espionar para os militares e para Israel.
Ansar cometeu inúmeros atentados mortais contra as forças de segurança egípcias, reagindo com represálias pela repressão contra os islamitas. Desde a queda de Mursi, policiais e soldados mataram mais de 1,4 mil de seus guerrilheiros em manifestações e prenderam mais de 15 mil simpatizantes de Ansar. Centenas deles foram condenados à morte em julgamentos em massa.
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