Rebeldes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) pediram a todos os muçulmanos que jurem lealdade a seu chefe, proclamado califa, o que representa uma ameaça para o papel da Al-Qaeda na causa jihadista mundial
30 jun2014 - 11h44
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Os jihadistas sunitas que proclamaram a criação de um califado nas zonas conquistadas do Iraque e Síria se apresentam como herdeiros de um regime que existiu da época do profeta Maomé até um século atrás.
O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), que a partir de agora se chama Estado Islâmico (EI), pediu a todos os muçulmanos que jurem lealdade a seu chefe, proclamado califa, o que representa uma ameaça para o papel da Al-Qaeda na causa jihadista mundial.
Depois da morte do profeta Maomé, em 632, seus seguidores concordaram com a criação do califado, que significa sucessão em árabe, como um novo sistema de governo.
O califa é literalmente o sucessor do profeta como chefe da nação e líder da "umma", comunidade de muçulmanos, e tem o poder de aplicar a lei islâmica (sharia) na terra do Islã.
Uma eleição em duas etapas escolheu o primeiro califa: os representantes das comunidades muçulmanas o designaram antes que seu nome fosse proposto ao povo para que lhe jurasse lealdade.
No entanto, desde o primeiro dia, existe uma disputa entre os muçulmanos sobre o conceito de califado, que se mantém principalmente como um sistema sunita. Os xiitas acham que o primo e genro de Maomé, Ali Ibn Abi Talib, e seus descendentes têm o direito divino de dirigir os muçulmanos depois da morte do profeta.
Os sucessivos califas expandiram o império islâmico do oeste até a atual Arábia Saudita.
A expansão do território do Islã sempre representou uma parte do papel do califado. Por exemplo, em seu apogeu, o Império Otomano abarcava o Oriente Médio e o norte da África, o Cáucaso e partes do leste da Europa.
Para os muçulmanos mais fervorosos, o califado durou até sua abolição na Turquia como consequência do desaparecimento do Império Otomano depois da Primeira Guerra Mundial.
No entanto, acredita-se que o califado tenha durado apenas três décadas, durante o governo dos primeiros quatro sucessores de Maomé, conhecido como os Quatro Califas Bem Guiados ou os Quatro Califas Ortodoxos.
Posteriormente, várias dinastias lutaram pelo poder e governaram os territórios do vasto império, como os Omíadas em Damasco (661-750), os Abássida em Bagdá (750-1258), os Omíadas em Córdoba (929-1031) e os Otomanos na Turquia (1453-1924).
Apesar de os dirigentes destas dinastias adotarem o título de califa, os processos de sucessão foram essencialmente hereditários.
Em março de 1924, o presidente turco, Mustafa Kemal Atatürk, aboliu constitucionalmente a instituição do califado.
O Islã político defende a sharia como um sistema de vida, incluindo a política.
O fundador da Irmandade Muçulmana, Hassan al Bana, considerava o califado um símbolo da unidade islâmica e seu restabelecimento era o objetivo da organização, apesar de afirmar que o califado deveria ser precedido por um acordo de cooperação entre os estados muçulmanos.
O Hizb ut Tahrir (Partido da Libertação) é um grupo pan-islâmico criado em 1953, que defende a unificação dos países muçulmanos sob um califado.
"O grande sonho da Al-Qaeda era a criação de um Estado Islâmico desde os atentados de 11 de setembro", segundo Mustafá al Ani, do Gulf Research Centre.
Para os jihadistas, o anúncio do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) é apenas "o núcleo do califado, que se expandirá com a queda de outros estados", explicou.
Os talibãs instalaram em 1996, no Afeganistão, um emirado islâmico, que dirigiu o país até sua queda, depois da intervenção dos Estados Unidos em 2001.
Um estado islâmico poderá subsistir na atual conjuntura "caracterizado pela fragilidade do poder em Bagdá e na ausência de uma intervenção estrangeira", afirma Ani.
Para manter-se, o califa deve "acabar com outros grupos islamitas que não sejam leais, castigar qualquer tentativa de insurreição popular, reforçar capacidades defensivas e generalizar os tribunais islâmicos", concluiu.
06 de junho - Jovens iraquianos observam os danos causados após a explosão de um carro-bomba na cidade de Kirkuk
Foto: AFP
08 de junho - Imagem de propaganda do EIIL. Militantes lutaram contra forças iraquianas em Tikrit, em 11 de junho, após os jihadistas tomarem a faixa norte do país, incluindo a cidade de Mossul
Foto: AFP
08 de junho - Imagem retirada de uma propaganda veiculada no dia 08 de junho pelo grupo EIIL mostra militantes perto da cidade iraquiana de Tikrit
Foto: AFP
10 de junho - Família iraquianas se reúnem em um posto de controle curdo, em uma região autônoma do Curdistão. Elas fogem da violência presente na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
10 de junho - Foto tirada de um celular mostra um homem armado assistindo a um veículo militar em chamas, em Mossul
Foto: AFP
11 de junho - Imagem divulgada pelo grupo EIIL, mostra militantes indo a um local não revelado, na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
11 de junho - Imagem divulgada por um perfil de notícias jihadista no Twitter mostra um militante do grupo EIIL segurando uma arma na fronteira sírio-iraquiana
Foto: AFP
11 de junho - Imagem disponibilizada pelo perfil de notícias jihadistas Al-Baraka mostra militantes do EIIL pendurando uma bandeira da Jihad Islâmica em um poste no topo de um antigo forte militar, na aldeia de Al Siniya
Foto: AFP
11 de junho - Iraquianos limpam as ruas depois de um ataque suicida de um homem-bomba, em uma tenda, onde líderes tribais xiitas estavam reunidos, na cidade de Sadr, no norte de Bagdá
Foto: AFP
11 de junho - Um grupo de curdos são vistos sentados dentro de um veículo, estacionado próximo à cidade de Mossul, no Iraque. No dia 10 de junho, militantes sunitas invadiram a cidade.
Foto: AFP
11 de junho - Parte do uniforme de um membro do Exército iraquiano é visto no chão, em frente a restos de um veículo militar queimado, a 10 km da cidade de Mossul
Foto: AFP
12 de junho - Membros do grupo Asaib Ahl al-Haq carregam caixão de colega morto em Najaf durante confrontos com o grupo rebelde Estado Islâmico e o Levante (EIIL) na província de Salahuddin
Foto: Reuters
12 de junho - Soldado do grupo insurgente Estado Islâmico e o Levante (EIIL) monta guarda em posto de controle em Mossul
Foto: Reuters
12 de junho - Forças especiais da polícia capturam homens armados na cidade iraquiana de Tikrit
Foto: Reuters
12 de junho - Dezenas de famílias deixam Mossul em direção a cidades curdas por causa da escalada da violência na região
Foto: Reuters
12 de junho - Voluntários que se juntaram ao Exército iraniano para lutar contra os insurgentes sunitas que tomaram controle da cidade de Mossul viajam em caminhão militar para Bagdá
Foto: Reuters
12 de junho - Membros das forças de segurança iraquianas posam para foto em Bagdá
Foto: Reuters
12 de junho - Insurgentes montam guarda em posto de controle na cidade iraquiana de Mossul
Foto: Reuters
15 de junho - Voluntários se unem ao exército iraquiano para combater militantes sunitas do EIIL
Foto: Reuters
16 de junho - Voluntários se juntam ao exército iraquiano para combater os militantes predominantemente sunitas
Foto: Reuters
16 de junho - Combatentes xiitas participam de mais um treinamento em estilo militar, em Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes do Exército Mehdi marcham durante um treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Pessoas se reúnem em local onde um ataque com carro-bomba deixou 13 mortos e 30 feridos em Bagdá
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes xiitas marcham em treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes tribais gritam palavras de luta enquanto carregam armas em um desfile nas ruas de Najaf, ao sul de Bagdá
Foto: Reuters
19 de junho - soldados desfilam dentro do principal centro do Exército durante uma campanha de recrutamento de voluntários para o serviço militar em Bagdá, Iraque
Foto: AP
19 de junho - homens iraquianos chegam ao principal centro de recrutamento do Exército de voluntários para o serviço militar em Bagdá, após autoridades pedirem ajuda ao povo iraquiano no combate aos insurgentes
Foto: AP
19 de junho - centenas de homens mobilizam-se para lutar contra os insurgentes do Estado Islâmico e do Levante, em Bagdá
Foto: AP
19 de junho - voluntários das recém-formadas "Brigadas de Paz" participam de um desfile na cidade xiita de Najaf, no Iraque
Foto: AP
20 de junho - seguidores do clérigo xiita Muqtada al-Sadr realizam orações ao ar livre no reduto xiita da cidade de Sadr, em Bagdá
Foto: AP
20 de junho - militares das "Brigadas de Paz" participam de desfile no sul da cidade sagarada de Najaf
Foto: AP
22 de junho - mulher iraquiana banha seu filho em um acampamento para deslocados internos que fugiram de Mossul e outras cidades tomadas pelos insurgentes do Estados Islâmico e do Levante
Foto: AP
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