Os Estados Unidos bombardearam posições de artilharia do Estado Islâmico no Iraque que ameaçavam funcionários americanos baseados em Erbil, no Curdistão iraquiano, anunciou nesta sexta-feira o Pentágono.
"Aviões militares americanos lançaram ataques contra a artilharia do Estado Islâmico. A artilharia foi usada contra forças curdas que defendiam Erbil, perto dos funcionários americanos", declarou o contra-almirante John Kirby, porta-voz do Pentágono, no Twitter.
US military aircraft conduct strike on ISIL artillery. Artillery was used against Kurdish forces defending Erbil, near US personnel.
— Rear Adm. John Kirby (@PentagonPresSec) August 8, 2014
O chefe do exército iraquiano, Babaker Zebari, considerou que esse apoio aéreo permitiria "enormes mudanças no terreno nas próximas horas".
"Os oficiais do exército iraquiano, os peshmerga (curdos) e especialistas americanos estão trabalhando em conjunto para identificar alvos", explicou, também citando ataques americanos na região de Sinjar, a oeste de Mossul, e operações previstas "contra cidades controlada pelos EI".
O presidente Barack Obama deu autorização para ataques aéreos se fossem necessários para proteger interesses americanos de extremistas do Estado Islâmico na noite nesta quinta-feira. Os Estados Unidos também poderão usar ataques aéreos para intervir na crise humanitária entre os extremistas e minorias religiosas no norte do país.
Por sua vez, a ONU está trabalhando para criar "corredores humanitários" no norte do Iraque, para permitir assim a retirada dos civis em risco.
Já a França se disse pronta para desempenhar o seu papel na assistência às vítimas civis dos "abusos intoleráveis " do IE, enquanto o Reino Unido anunciou o lançamento de alimentos nas próximas 48 horas.
Antes dos ataques do Estado Islâmico, a região era a mais estável e servia de aliada dos Estados Unidos. Conselheiros militares americanos estão estacionados na capital curda, Erbil.
Líderes curdos pediram que os Estados Unidos e a Otan reforçassem suas forças aéreas na região contra os ataques violentos e crescentes do Estado Islâmico. “Nós vamos fazer o que for necessário para proteger nosso povo”, disse Obama. “Apoiamos nossos aliados quando eles estão em perigo”, acrescentou.
Nesta sexta-feira, as autoridades americanas afirmaram que aviões haviam enviado comida e água na região montanhosa de Sinjar, onde milhares de yazids estão refugiados.
Sinal da preocupação internacional, o Conselho de Segurança da ONU expressou na quinta-feira sua "indignação" sobre a situação dos cristãos e yazidis no Iraque.
O Papa Francisco, que lançou um apelo urgente à comunidade internacional para "proteger" a população em geral, enviou o cardeal Fernando Filoni, antigo núncio no Iraque.
Em Bagdá, a intervenção americana gerou certo ceticismo, na medida em que o primeiro-ministro Nuri al-Maliki pede uma intervenção desde o início da ofensiva do EI em junho.
Obama "não fez nada durante três anos, mas algo acontece aos curdos e aos cristãos e ele começa a falar sobre o terrorismo", denunciou Rashaad Khodhr Abbas, um funcionário público aposentado.
06 de junho - Jovens iraquianos observam os danos causados após a explosão de um carro-bomba na cidade de Kirkuk
Foto: AFP
08 de junho - Imagem de propaganda do EIIL. Militantes lutaram contra forças iraquianas em Tikrit, em 11 de junho, após os jihadistas tomarem a faixa norte do país, incluindo a cidade de Mossul
Foto: AFP
08 de junho - Imagem retirada de uma propaganda veiculada no dia 08 de junho pelo grupo EIIL mostra militantes perto da cidade iraquiana de Tikrit
Foto: AFP
10 de junho - Família iraquianas se reúnem em um posto de controle curdo, em uma região autônoma do Curdistão. Elas fogem da violência presente na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
10 de junho - Foto tirada de um celular mostra um homem armado assistindo a um veículo militar em chamas, em Mossul
Foto: AFP
11 de junho - Imagem divulgada pelo grupo EIIL, mostra militantes indo a um local não revelado, na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
11 de junho - Imagem divulgada por um perfil de notícias jihadista no Twitter mostra um militante do grupo EIIL segurando uma arma na fronteira sírio-iraquiana
Foto: AFP
11 de junho - Imagem disponibilizada pelo perfil de notícias jihadistas Al-Baraka mostra militantes do EIIL pendurando uma bandeira da Jihad Islâmica em um poste no topo de um antigo forte militar, na aldeia de Al Siniya
Foto: AFP
11 de junho - Iraquianos limpam as ruas depois de um ataque suicida de um homem-bomba, em uma tenda, onde líderes tribais xiitas estavam reunidos, na cidade de Sadr, no norte de Bagdá
Foto: AFP
11 de junho - Um grupo de curdos são vistos sentados dentro de um veículo, estacionado próximo à cidade de Mossul, no Iraque. No dia 10 de junho, militantes sunitas invadiram a cidade.
Foto: AFP
11 de junho - Parte do uniforme de um membro do Exército iraquiano é visto no chão, em frente a restos de um veículo militar queimado, a 10 km da cidade de Mossul
Foto: AFP
12 de junho - Membros do grupo Asaib Ahl al-Haq carregam caixão de colega morto em Najaf durante confrontos com o grupo rebelde Estado Islâmico e o Levante (EIIL) na província de Salahuddin
Foto: Reuters
12 de junho - Soldado do grupo insurgente Estado Islâmico e o Levante (EIIL) monta guarda em posto de controle em Mossul
Foto: Reuters
12 de junho - Forças especiais da polícia capturam homens armados na cidade iraquiana de Tikrit
Foto: Reuters
12 de junho - Dezenas de famílias deixam Mossul em direção a cidades curdas por causa da escalada da violência na região
Foto: Reuters
12 de junho - Voluntários que se juntaram ao Exército iraniano para lutar contra os insurgentes sunitas que tomaram controle da cidade de Mossul viajam em caminhão militar para Bagdá
Foto: Reuters
12 de junho - Membros das forças de segurança iraquianas posam para foto em Bagdá
Foto: Reuters
12 de junho - Insurgentes montam guarda em posto de controle na cidade iraquiana de Mossul
Foto: Reuters
15 de junho - Voluntários se unem ao exército iraquiano para combater militantes sunitas do EIIL
Foto: Reuters
16 de junho - Voluntários se juntam ao exército iraquiano para combater os militantes predominantemente sunitas
Foto: Reuters
16 de junho - Combatentes xiitas participam de mais um treinamento em estilo militar, em Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes do Exército Mehdi marcham durante um treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Pessoas se reúnem em local onde um ataque com carro-bomba deixou 13 mortos e 30 feridos em Bagdá
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes xiitas marcham em treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes tribais gritam palavras de luta enquanto carregam armas em um desfile nas ruas de Najaf, ao sul de Bagdá
Foto: Reuters
19 de junho - soldados desfilam dentro do principal centro do Exército durante uma campanha de recrutamento de voluntários para o serviço militar em Bagdá, Iraque
Foto: AP
19 de junho - homens iraquianos chegam ao principal centro de recrutamento do Exército de voluntários para o serviço militar em Bagdá, após autoridades pedirem ajuda ao povo iraquiano no combate aos insurgentes
Foto: AP
19 de junho - centenas de homens mobilizam-se para lutar contra os insurgentes do Estado Islâmico e do Levante, em Bagdá
Foto: AP
19 de junho - voluntários das recém-formadas "Brigadas de Paz" participam de um desfile na cidade xiita de Najaf, no Iraque
Foto: AP
20 de junho - seguidores do clérigo xiita Muqtada al-Sadr realizam orações ao ar livre no reduto xiita da cidade de Sadr, em Bagdá
Foto: AP
20 de junho - militares das "Brigadas de Paz" participam de desfile no sul da cidade sagarada de Najaf
Foto: AP
22 de junho - mulher iraquiana banha seu filho em um acampamento para deslocados internos que fugiram de Mossul e outras cidades tomadas pelos insurgentes do Estados Islâmico e do Levante
Foto: AP
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O afluxo de refugiados às portas do Curdistão aumenta a pressão sobre a região, que já tem muitos problemas financeiros devido a uma disputa com Bagdá sobre as receitas do petróleo.
Uma manifestação está prevista para esta sexta-feira para denunciar o afluxo de populações não-curdas, enquanto a preocupação aumenta em Erbil com o avanço do EI.
Inicialmente, os peshmergas curdos, consideradas as forças iraquianas mais eficazes, aproveitaram-se da retirada do exército iraquiano frente os jihadistas para expandir sua influência sobre várias cidades.
Mas sem munição e espalhados numa ampla frente, eles tiveram que recuar em várias frentes.
O Reino Unido chamou nesta sexta-feira seus cidadãos a "partir imediatamente" das três províncias curdas do Iraque, e a companhia Turkish Airlines, uma das principais no Iraque, suspendeu seus voos a Erbil.
A Agência Federal de Aviação (FAA) proibiu por sua vez os aviões comerciais americanos sobrevoar o Iraque, citando "situações potencialmente perigosas criadas pelo conflito armado."
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