Exército israelense detém 25 palestinos na Cisjordânia
Pelo menos 25 palestinos foram detidos na noite desta quinta-feira na Cisjordânia, que foi ocupada por diversos destacamentos do Exército israelense que fizeram buscas e revistas em cerca de 200 imóveis, a maioria relacionados com o movimento islamita Hamas.
Segundo um comunicado oficial, os soldados também utilizaram fogo real para fazer frente à resistência da população, em particular na região de Qalandia, próxima de Ramala, onde um militar ficou levemente ferido.
"Durante a noite, as forças atuaram em vários lugares, como Qalandia, Deheisha, Dura e Arura, onde 25 pessoas foram detidas e mais de 200 casas revistadas. Além disso, os soldados entraram em nove instituições ligadas ao Hamas e confiscaram alguns materiais", explicou a nota.
"Durante a ação, o Exército enfrentou distúrbios esporádicos com o lançamento de coquetéis molotov, fogos de artifício e pedras, que puseram em perigo sua missão e as vidas dos soldados", acrescentou.
Por isso, a nota afirmou que "em Qalanadia, onde um soldado ficou ferido pelos estilhaços de uma granada, os militares responderam com fogo real e armamento não letal", como bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.
Essas operações fazem parte das buscas por três estudantes de seminários rabínicos desaparecidos na quinta-feira da semana passada quando pediam carona perto da colônia de Gush Etzion, vizinha à cidade palestina de Hebron, e que Israel considera que foram sequestrados.
No dia seguinte ao desaparecimento dos estudantes, o Exército e as Forças de Segurança israelenses iniciaram uma operação que já deteve mais de 300 pessoas, a maioria membros do movimento islamita Hamas, que foi responsabilizado por Israel pelo desaparecimento.
O Exército israelense também admitiu que o outro objetivo da missão é a destruição da infraestrutura civil do Hamas na Cisjordânia.
Os palestinos, por outro lado, relacionam o fato com a política seguida pelo atual governo israelense, em especial a contínua construção e ampliação das colônias na Cisjordânia - ilegais segundo a lei internacional - e as prisões administrativas, que consideram um "abuso".
Mais de 100 palestinos que foram presos administrativamente estão em greve de fome há mais de 50 dias para exigir sua libertação, nove dos quais tiveram que ser internados em uma unidade de tratamento intensivo.
Ontem, o governo palestino denunciou que outras 29 pessoas, detidas durante a operação de busca dos três estudantes, foram submetidos a esse recurso legal, que permite manter os detidos sob custódia por um espaço de entre quatro e seis meses, que podem ser renovados, sem que sejam notificados sobre os crimes que cometeram e levados a um julgamento.
Além disso, existe uma crescente sensação entre os palestinos de que essas operações são uma espécie de "punição coletiva", que conta com a cumplicidade silenciosa da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e de seu presidente, Mahmoud Abbas.