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Franceses votam a favor do reconhecimento da Palestina

Voto da Assembleia Nacional ocorre após as iniciativas similares adotadas pela Grã-Bretanha e Espanha

2 dez 2014 - 15h27
(atualizado às 16h07)
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<p>Texto, proposto pela bancada socialista, foi adotado por 339 votos a favor e 151 contra</p>
Texto, proposto pela bancada socialista, foi adotado por 339 votos a favor e 151 contra
Foto: Charles Platiau / Reuters

Os deputados franceses votaram nesta terça-feira a favor de uma resolução não vinculativa que convoca o governo a reconhecer o Estado da Palestina, um ato simbólico que provocou críticas de Israel e o agradecimento dos palestinos.

O texto, proposto pela bancada socialista, foi adotado por 339 votos a favor e 151 contra. Sessenta e oito deputados não participaram da votação e 16 se abstiveram.

Para os socialistas, esta iniciativa é "um sinal de paz", cujo objetivo é "superar a paralisia de um processo de paz agonizante".

A embaixada israelense em Paris reagiu imediatamente, considerando, em um comunicado, que esta iniciativa "afasta as possibilidades de paz e constitui uma mensagem errônea".

Para o Estado hebreu, o reconhecimento da Palestina antes de uma solução do conflito é um erro e procede de uma decisão unilateral que só agrava a situação.

<p>França promove, com os seus parceiros europeus, um texto alternativo para reiniciar as negociações de paz</p>
França promove, com os seus parceiros europeus, um texto alternativo para reiniciar as negociações de paz
Foto: Charles Platiau / Reuters

Em Ramallah, a Autoridade Palestina elogiou a decisão da Assembleia francesa. Hanane Ashraui, uma líder da Organização de Libertação da Palestina (OLP), expressou em um comunicado sua "gratidão ao povo francês" e pediu para que "o governo francês traduza o voto de seu Parlamento em ato".

O voto da Assembleia Nacional ocorre após as iniciativas similares adotadas pela Grã-Bretanha e Espanha, onde os deputados também pediram a seus governos o reconhecimento da Palestina.

Essas iniciativas não vinculativas se inserem em um movimento crescente na Europa que considera o reconhecimento como um meio de fazer pressão para relançar o processo de paz e salvar a solução de dois Estados israelense e palestino, ameaçado pela colonização e a violência.

"Os acordos de Oslo (de 1993) se tornaram uma quimera e o impasse é o que prevalece", declarou antes do início da votação o deputado socialista François Loncle, que considerou que o texto destina-se a reforçar a mobilização em favor de uma solução para o conflito.

A oposição, mesmo que favorável ao princípio de um Estado palestino, manifestou suas dúvidas em um contexto explosivo e advertiu contra a importação de conflito israelense-palestino para a França, país que abriga as maiores comunidades judaica e muçulmana na Europa.

"É uma piada pensar que este texto vai ter qualquer efeito sobre o processo de paz", disse o líder da direita na Assembleia, Christian Jacob.

Aos deputados, o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, assegurou na última sexta-feira que Paris iria reconhecer o Estado palestino, mas sem se comprometer com um prazo.

"Se os esforços (de negociação) falharem, então a França terá de assumir suas responsabilidades, reconhecendo sem demora o Estado da Palestina", declarou ele, enquanto Paris defende a manobra diplomática sobre esta questão.

Fabius reviveu a ideia de organizar uma conferência internacional sobre o Oriente Médio, sem qualquer indicação de uma data ou de seus participantes.

Mas as questões diplomáticas se concentram atualmente na ONU, onde os palestinos querem submeter ao Conselho de Segurança um texto exigindo o fim da ocupação israelense em novembro de 2016.

Este projeto, apoiado pela Liga Árabe, deverá enfrentar o veto americano. Para evitar o confronto, a França promove, com os seus parceiros europeus, um texto alternativo para reiniciar as negociações de paz.

Segundo o representante palestino na ONU, Riyad Mansur, o texto deverá estabelecer um prazo para as negociações e pode ser submetido ao Conselho de Segurança em meados de dezembro.

"Nós devemos estabelecer um calendário, porque sem a existência de um calendário como acreditar que isso não vai ser apenas mais um processo, sem perspectivas reais?", declarou Fabius ba sexta-feira, citando um prazo de dois anos para a conclusão das negociações.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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