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Gaza enterra mortos em meio a bombas e denúncia de genocídio

Mahmud Abbas denunciou genocídio de Israel em Gaza

9 jul 2014 - 13h05
(atualizado às 13h11)
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<p>Palestinos assistem&nbsp;ao funeral de Hafez Hammad, um alto comandante da Jihad Isl&acirc;mica, e cinco membros de sua fam&iacute;lia, incluindo duas mulheres e duas crian&ccedil;as, que foram todos mortos quando um m&iacute;ssil israelense atingiu&nbsp;sua casa, no norte da Faixa de Gaza, na cidade de Beit Hanun, em 9 de julho</p>
Palestinos assistem ao funeral de Hafez Hammad, um alto comandante da Jihad Islâmica, e cinco membros de sua família, incluindo duas mulheres e duas crianças, que foram todos mortos quando um míssil israelense atingiu sua casa, no norte da Faixa de Gaza, na cidade de Beit Hanun, em 9 de julho
Foto: Khalil Hamra / AP

Sob um calor abrasador, centenas de pessoas participaram nesta quarta-feira, em Beit Hanun, no norte da Faixa de Gaza, dos funerais de seis membros de uma mesma família mortos em um ataque da aviação israelense.

Uma multidão, composta basicamente por homens, esperou em silêncio diante da mesquita que fica próxima à casa da família Hammad, pulverizada pelas bombas.

Alguns tentavam ver os corpos, enquanto outros se concentravam na recitação das orações.

O míssil destruiu a casa antes da meia-noite local, quando o pai da família, Hafez Hammad, um alto dirigente da Jihad Islâmica, voltava da rua, segundo testemunho de vários vizinhos.

Hafez morreu junto com cinco familiares, entre eles duas mulheres e uma adolescente de 16 anos.

"Era uma família inteira, gente muito respeitada aqui. Agora só resta o avó e um dos filhos", conta Mohamed Hammad, de 21 anos.

<p>Parentes e amigos da fam&iacute;lia al-Kaware transportam&nbsp;os sete corpos para a mesquita, durante o funeral em Khan Yunis, na Faixa de Gaza, em 9 de julho</p>
Parentes e amigos da família al-Kaware transportam os sete corpos para a mesquita, durante o funeral em Khan Yunis, na Faixa de Gaza, em 9 de julho
Foto: THOMAS COEX / AFP

Quando os corpos, colocados em macas, deixam a mesquita, preenchendo o ar com o perfume utilizado no ritual funerário local, alguns homens os saúdam disparando para o alto.

Um dos corpos está envolto na bandeira palestina. Todos são colocados em uma caminhonete aberta, onde as crianças do bairro se acotovelam para poder dar uma olhada, mesmo que rápida.

As pessoas agitam bandeiras de várias facções palestinas: a verde do Hamas, a negra da Jihad Islâmica e a amarela do Fatah.

Lentamente, o cortejo avança para o cemitério, situado a poucos quilômetros, enquanto que por um alto-falante se cantam os méritos dos falecidos.

Foto: Arte Terra

Em meio ao ambiente sombrio, os presentes estão visivelmente cansados em função do jejum da festa muçulmana do Ramadã, do calor e da angústia de não saber onde cairia o próximo míssil israelense.

Segundo um membro da família, a aviação lançou uma advertência e a maioria dos habitantes do prédio teve tempo de fugir, embora alguns tenham ficado feridos.

"A modo de aviso, dispararam um foguete luminoso que danificou levemente o telhado. E quatro minutos depois, dispararam pela segunda vez", contou Jaldun Hammad.

"Na construção viviam três famílias, umas trinta pessoas, e o ataque era contra apenas um homem. Mas os israelenses dispararam contra todos", denuncia.

No lugar agora se pode ver uma imensa cratera, cheia de destroços, placas de metal retorcidas e móveis destruídos. E também há palmeiras e oliveiras arrancadas pela força da explosão.

"Quatro minutos não são o bastante para sair de casa", lamenta Mohamed Hammad.

Israel intensificou sua ofensiva contra o movimento islamita Hamas na Faixa de Gaza, depois de atacar pelo ar centenas de alvos e receber foguetes que chegaram a Tel Aviv, Haifa e Jerusalém.

Na véspera, o governo israelense autorizou a mobilização de 40.000 reservistas para uma possível operação terrestre.

O Hamas respondeu disparando 165 foguetes, alguns deles chegando a Jerusalém, Tel Aviv e inclusive à costa de Haifa, 160 km ao norte.

As operações israelenses deixaram até o momento 43 palestinos mortos, entre eles ativistas do Hamas, mas também mulheres e crianças, e mais de 300 feridos. Do lado israelense não foram registrados mortos ou feridos.

Mahmud Abbas denunciou genocídio de Israel em Gaza

O presidente palestino, Mahmud Abbas acusou nesta quarta-feira Israel de estar cometendo um genocídio em Gaza com sua operação militar, que, até o momento, matou 43 palestinos.

"É um genocídio; matar famílias inteiras é um genocídio realizado por Israel contra nosso povo", afirmou Abbas em uma reunião de crise com a direção palestina na cidade de Ramallah, Cisjordânia.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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