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Grupo denuncia abusos do EI por celular e é perseguido

27 nov 2014 - 13h10
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Cerca de 16 ativistas sírios criaram uma organização denominada "Al Raqqah está sendo massacrada em silêncio" para denunciar abusos cometidos pelo Estado Islâmico na região. Descobertos pelo grupo jihadista, estão agora condenados à morte. 

Um desses membros, Abu Mohammed, fugiu há semanas da província de Al Raqqah, reduto dos extremistas na Síria, por temor de ser detido.

"Escapei para a Turquia porque fui descoberto pelo EI. Um amigo me avisou e disse para eu fugir porque iam revistar minha casa. Dois dias depois entraram em meu domicílio", explicou Mohammed, que também não se sente a salvo no país de amparo porque, assegura, "o EI também opera aqui".

Os ativistas de seu grupo, que começou a funcionar em abril, usam nomes falsos e 12 deles trabalham distribuídos em distintas áreas da província de Al Raqqah.

De acordo com Ali, eles laboram notícias e fazem fotos e vídeos com seus telefones celulares para documentar os abusos e os publicam na internet via Facebook, Twitter e em seu próprio site para chamar a atenção do mundo sobre a situação humanitária.

Além de contar com esta rede de "correspondentes", o grupo tem fontes dentro do EI, sobre as quais Abu Mohammed se recusa a oferecer detalhes.

Para estes ativistas, trabalhar em equipe é a melhor forma de se proteger dos radicais, embora isso não diminua o perigo. "No passado, perdemos um dos nossos que foi capturado em um posto de controle. Ele ficou detido por dois meses e depois o executaram", lembrou.

Um erro pode ser fatal em Al Raqqah, onde, segundo Abu Mohammed, o EI dispõe de espiões que são recompensados com dinheiro, carros e "poder", além de proteção.

Histórico

O início dos protestos contra o regime de Bashar al Assad em março de 2011 levou estudantes e trabalhadores a militar em favor da oposição e, após a intromissão do EI em suas vidas diárias, dedicar seu tempo a denunciar as atrocidades cometidas pelo grupo. 

Al Raqqah é a única capital provincial na Síria sob poder dos extremistas, que proclamaram um califado no território sírio e no iraquiano em junho.

Uma trajetória similar seguiram os 12 membros de "Deir ez Zor sob o fogo", outro grupo de ativistas presente na província de mesmo nome, entre os quais há antigos universitários, médicos, engenheiros e agricultores.

Seu diretor, Wael al Omar, detalhou que têm desdobrados oito "correspondentes" em zonas que estão sob o domínio do EI. O grupo também recorre ao material de "jornalistas cidadãos", "que são algo típico da revolução síria", sempre e quando cumprem padrões de "clareza e precisão" nas fotografias e nos vídeos, assim como de confiabilidade.

Apesar do risco já existir quando o conflito em Deir ez Zor se limitava à luta entre os rebeldes sírios e as forças governamentais, com a chegada do EI "foi multiplicado em dezenas de vezes".

Esta província foi tomada em grande parte pelo EI em julho e apenas estão em poder do regime alguns bairros de sua capital homônima e o aeroporto.

Segundo os dados de Al Omar, pelo menos 91 ativistas foram embora de Deir ez Zor desde o avanço dos extremistas e quatro juraram lealdade ao EI perante a impossibilidade de fugir. "O EI mudou radicalmente a vida" em Deir ez Zor, lamentou Al Omar, que narra o dia a dia neste lugar da Síria no Facebook.

Os radicais criaram campos de treinamento para menores a fim de "lavar seus cérebros" e impôs o "niqab" (véu que tampa todo o corpo, menos os olhos) às mulheres e várias restrições como a proibição de fumar. Além disso, paralisaram qualquer projeto agrícola, de ajuda, serviços, educação ou saúde nas partes do território que estão em seu poder. "O EI está nos levando a um desastre real em todos os níveis", denunciou o ativista.

Apesar deste panorama desolador, Al Omar se mostra resolvido a seguir com seu trabalho, da mesma forma que Abu Mohammed. Tudo isso - asseguram - por uma Síria livre de violência onde sejam respeitados os direitos humanos.

EFE   
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