O movimento islâmico Hamas, no poder na Faixa de Gaza, anunciou na manhã desta sexta-feira, no Cairo, que não manterá a trégua com Israel em vigor há três dias, diante da recusa do Estado hebreu em aceitar suas exigências.
Dois altos dirigentes do Hamas que viajaram ao Cairo para negociar a ampliação do cessar-fogo revelaram à AFP que o movimento islâmico recusou a manutenção da trégua no conflito que já matou 1.890 palestinos - essencialmente civis - e 67 israelenses, a grande maioria militares. "Nos recusamos a prolongar o cessar-fogo, é uma decisão final, Israel não propôs nada", declarou à AFP um membro da delegação do Hamas nas negociações no Cairo.
Israel "não aceitou acabar com o bloqueio" sobre a Faixa de Gaza, explicou o responsável do Hamas no Cairo. A decisão do Hamas foi precedida de disparos de foguetes da Faixa de Gaza contra Israel, o que antecipou o fim do frágil cessar-fogo em vigor desde a última terça, 5 de agosto.
Segundo o Exército hebreu, três foguetes disparados da Faixa de Gaza atingiram o sul de Israel, sem deixar feridos. "Os terroristas violaram o cessar-fogo". O cessar-fogo termina às às 8h local (2h no horário de Brasília).
Durante uma longa reunião noturna, os mediadores egípcios insistiram com os palestinos na tentativa de obter uma prorrogação do cessar-fogo. Israelenses e palestinos realizavam no Cairo negociações bastante difíceis, com mediação do Egito, com a esperança de transformar o cessar-fogo em uma trégua duradoura.
Durante a quinta-feira, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse "não estar certo de que a batalha tenha terminado". "Tudo depende de se querem continuar essa batalha. Eu acho que devemos encontrar uma solução pacífica. Sim, é possível", declarou o premiê, garantindo que Israel não tem "nada contra o povo de Gaza" e quer ajudá-lo a se livrar da "tirania espantosa" do Hamas, a organização islâmica que controla a Faixa de Gaza.
O braço armado do Hamas - as Brigadas Al-Qassam - apelava à delegação palestina no Cairo para que não aceitasse um cessar-fogo sem "a satisfação das demandas do nosso povo" e garantia sua "disposição para uma nova batalha".
Entre as demandas estavam a construção de um porto marítimo, "um fim real da agressão (israelense) e uma verdadeira suspensão do cerco" à Faixa de Gaza. Mesmo antes da decisão do Hamas, os palestinos acreditavam na retomada dos combates na manhã de sexta-feira, disse uma fonte palestina à AFP. "Se Israel continuar ganhando tempo, não vamos prolongar o cessar-fogo", declarou à AFP um membro da delegação palestina no Cairo, que pediu para não ser identificado.
Ansioso para ditar seus termos nas negociações para não parecer que cede às reivindicações do Hamas, Israel havia tomado a dianteira na noite de quarta-feira e anunciado sua disposição de estender a trégua de forma ilimitada, sem qualquer condição.
Iniciada em 8 de julho passado, a operação israelense Barreira Protetora matou 1.890 palestinos, incluindo 430 crianças, de acordo com o Ministério palestino da Saúde. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 73% das vítimas são civis. Do lado israelense, 64 soldados e três civis morreram.
A guerra também pulverizou a já fragilizada economia da Faixa de Gaza, um pequeno território de 360 km quadrados, no qual 1,8 milhão de pessoas tentam sobreviver ao bloqueio imposto por Israel.
Durante a trégua, os moradores de Gaza tentaram retomar a normalidade, e se viram engarrafamentos e lojas abertas na região. As imagens de pessoas morando em abrigos improvisados em meio às ruínas de suas casas não deixaram esquecer, porém, as semanas de conflito.
Na quinta à tarde, centenas de palestinos foram às ruas, atendendo a um apelo do Hamas, para reivindicar a vitória militar. "Fomos vitoriosos no campo de batalha e, com a permissão de Deus, também seremos na arena política", afirmou o deputado Mushir al-Masri de uma tribuna. "Resistência, resistência, resistência", gritou a multidão em resposta.
Na quarta, o presidente americano, Barack Obama, pressionou Israel a aceitar a suspensão do bloqueio imposto desde 2006 a esse território. Gaza não pode "se manter permanentemente fechada para o mundo".
Para Obama, os palestinos que vivem no território controlado pelo Hamas precisam de "esperança". Deve haver "um reconhecimento do fato de que Gaza não pode satisfazer suas necessidades por estar isolada do mundo, incapaz de dar uma oportunidade, empregos, ou crescimento a sua população", completou.
Durante os últimos dois dias, equipes humanitárias distribuíram alimentos para centenas de milhares de pessoas na Faixa de Gaza. Além disso, foram realizadas obras de reparo nas redes de água e esgoto.
Para os europeus, é vital oferecer uma perspectiva econômica a Gaza, assim como consolidar a Autoridade Palestina e enfraquecer as forças extremistas, entre elas o Hamas, destacou uma fonte diplomática.
Alemães, britânicos e franceses apresentaram na quarta-feira uma iniciativa para que as forças da Autoridade Palestina assumam as fronteiras em Gaza, onde impediriam a construção de novos túneis e a entrada de armas, segundo a fonte diplomática.
Os postos fronteiriços para Egito e Israel devem ser reabertos, talvez de forma progressiva, e um novo porto deve ser construído em Gaza, segundo a proposta.
1º de agosto- palestinos carregam o corpo de uma criança e de um adulto mortos em um ataque israelense contra um edifício na Faixa de Gaza
Foto: Adel Hana / AP
1º de agosto - militar israelense caminha próximo a tanques que avançam em direção à Gaza
Foto: Tsafrir Abayov / AP
1º de agosto - crianças palestinas recebem tramento médico em um hospital de Rafah, no sul da Faixa de Gaza
Foto: Eyad Baba / AP
1º de agosto - palestinos carregam o corpo de um menino encontrado morto durante ofensiva israelense na vila de Khuzaa, no sul de Gaza
Foto: Khalil Hamra / AP
1º de agosto - soldado israelense aponta sua arma contra manifestantes pró-Palestina em Gaza
Foto: Nasser Shiyoukhi / AP
1º de agosto - um jovem palestino carrega os pertences que sobraram após uma ataque do exército israelense contra sua casa em Gaza
Foto: Lefteris Pitarakis / AP
28 de julho - um menino palestino segura uma arma de brinquedo durante um protesto contra a ofensiva israelense em Gaza, em Jerusalém
Foto: Ammar Awad / Reuters
28 de julho - pessoas se reúnem ao redor do corpo de uma vítima palestina, morta durante um ataque israelense, em Gaza
Foto: Ibraheem Abu Mustafa / Reuters
28 de julho - um veículo militar isarelense volta à Israel após cruzar a fronteira em direção à Gaza
Foto: Baz Ratner / Reuters
28 de julho - crianças palestinas carregam armas de brinquedo em manifestações realizadas em Jerusalém contra Israel
Foto: Ammar Awad / Reuters
28 de julho - uma mulher palestina beija o túmulo do filho, vítima da ofensiva israelense, no norte de Gaza
Foto: Suhaib Salem / Reuters
26 de julho - prédios em Gaza são destruídos após ataque israelense
Foto: Ronen Zvulun / Reuters
22 de julho - mísseis israelenses atingem regiões da Faixa de Gaza, matando dezenas de pessoas
Foto: Hatem Moussa / AP
22 de julho - palestinos carregam o corpo de um homem envolvido em uma bandeira do Hamas durante um funeral em Rafah, sul da faixa de Gaza
Foto: Eyad Baba / AP
22 de julho - prédios de Gaza são destruídos por mísseis israelenses
Foto: Hatem Moussa / AP
22 de julho - um palestino observa partes destruídas da Torre Al-Shalam (Torre da Paz) atingida por mísseis israelenses em Gaza
Foto: Lefteris Pitarakis / AP
22 de julho - chamas se espalham entre prédios após ofensiva israelense no bairro de Shijaiyah, na Faixa de Gaza
Foto: Khalil Hamra / AP
21 de julho - em forma de respeito à vítima, palestinos depositam cobertores e peças de roupa no local de sua morte, em Gaza
Foto: Hatem Moussa / AP
21 de julho - jornalistas fotografam os corpos de seis membros de uma mesma família mortos em um ataque de Isarel, no hospital Shifa, em Gaza
Foto: Khalil Hamra / AP
21 de julho - palestinos rezam próximo aos corpos de 17 pessoas de uma mesma família envolvidos pela bandeira do grupo Hamas
Foto: Hatem Ali / AP
16 de julho - um homem palestino chora enquanto segura no necrotério do hospital Shifa o corpo de seu irmão mais novo, morto em um bombardeio israelense em Gaza
Foto: Oliver Weiken / EFE
15 de julho - palestinos são fotografados próximos a uma casa destruída por um ataque israelense, em Rafah, no sul de Gaza
Foto: Lefteris Pitarakis / AP
15 de julho - tanques e tropas israelenses se concentram próximo à Faixa de Gaza
Foto: Baz Ratner / Reuters
15 de julho - uma unidade de artilharia móvel israelense dispara em direção à Faixa de Gaza
Foto: Nir Elias / Reuters
14 de julho - palestinos apagam incêndio causado por um ataque aéreo israelense em uma casa em Rafah, no sul da Faixa de Gaza
Foto: Ibraheem Abu Mustafa / Reuters
14 de julho - um menino palestino caminha entre os escombros de uma casa destruída por mísseis israelenses
Foto: Ibraheem Abu Mustafa / Reuters
10 de julho - soldados israelenses dirigem um tanque em direção à fronteira entre Israel e Gaza, aumentado os temores da realização de um ataque terrestre
Foto: Ariel Schalit / AP
9 de julho - tanques israelenses são conduzidos até uma área de recolhimento, perto da fronteira entre Israel e Gaza
Foto: Ariel Schalit / AP
9 de julho - palestina chora a morte de familiares vítimas de foguetes lançados por Isarel, na Faixa de Gaza
Foto: AP
9 de julho - palestinos carregam o corpo de um homem morto durante um ataque com mísseis de Israel na cidade de Beit Hanoun
Foto: Khalil Hamra / AP
9 de julho - uma bola de fogo explode no céu instantes após um míssil israelense atingir um campo de refugiados de Rafah, no sul da Faixa de Gaza
Foto: AP
9 de julho - céu é encoberto por fumaça causada por explosão de míssil israelense na Faixa de Gaza
Foto: Ariel Schalit / AP
9 de julho - uma mulher palestina foge junto dos filhos após um ataque aéreo israelense em uma casa em Gaza
Foto: Majdi Fathi / Reuters
8 de julho - mísseis disparados por Israel contra uma ofensiva do Hamas atingem regiões da cidade de Rafah, na Faixa de Gaza
Foto: Eyad Baba / AP
8 de julho - palestinos vasculham os destroços de um veículo após um ataque aéreo israelense no norte da Faixa de Gaza
Foto: Adel Hana / AP
8 de julho - vítimas dos foguetes lançados por Israel tentam resgatar alguns pertences após uma investida do exército israelense
Foto: Khalil Hamra / AP
8 de julho - palestinos tantam recuperar alguns pertences após terem suas casas destruídas pela ofensiva israelense
Foto: Khalil Hamra / AP
8 de julho - palestinos observam destroços de uma casa bombardeada por Israel
Foto: Khalil Hamra / AP
8 de julho - mísseis disparados por Israel contra uma ofensiva do Hamas atingem regiões da cidade de Rafah, na Faixa de Gaza
Foto: Ibraheem Abu Mustafa / Reuters
8 de julho - palestinos observam o destroços de uma casa atingida por um foguete israelense
Foto: Ibraheem Abu Mustafa / Reuters
8 de julho - um míssil é lançado por uma bateria de "Iron Dome" (sistema de defesa de mísseis de curto alcance projetado para interceptar e destruir foguetes e bombas de artilharia), no sul da cidade israelense de Ashdod, vizinha a Faixa de Gaza
Foto: David Buimovitch / AFP
8 de julho - Uma mulher palestina é vista no meio de destruição, após um ataque militar israelense na cidade de Gaza
Foto: Mahmud Hams / AFP
8 de julho - Uma coluna de fumaça sobe a partir de edifícios, na sequência de um ataque aéreo israelense na Cidade de Gaza. Ataques israelenses mataram pelo menos 13 palestinos e deixaram outros 80 feridos
Foto: Moez Salhi / AFP
8 de julho - palestinos observam os destroços e destruição após bombardeios israelenses, na Faixa de Gaza
Foto: Reuters
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