Iêmen: avião ataca palácio presidencial e conflito aumenta
Houthis exoneraram o chefe da Força Aérea por ele ter se recusado a fornecer apoio aéreo ao grupo
Um avião de guerra não identificado atacou o palácio presidencial em Áden nesta quinta-feira após forças inimigas terem se engajado nos piores confrontos dos últimos anos na segunda maior cidade do Iêmen, disseram uma autoridade e moradores, numa aguda escalada de um conflito iniciado há meses.
Treze pessoas foram mortas quando as forças leais ao presidente, Abd-Rabbu Mansour Hadi, forçaram a entrada no aeroporto internacional de Áden e retomaram uma base militar adjacente das mãos de um oficial rebelde, disse o governador de Áden, Abdulaziz bin Habtoor.
Os confrontos em solo e o ataque aéreo subsequente pareceram destacar um agravamento na luta pelo poder entre Hadi e o grupo muçulmano xiita Houthi, que controla a capital, Sanaa, e é aliado ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh.
Em comunicado, Hadi descreveu o ataque em Áden como uma tentativa de golpe apoiada pelo regime anterior.
"O fracasso do golpe militar... foi apoiado pelo antigo regime, que foi um dos perpetradores do extermínio", disse o comunicado do presidente.
O texto não fez menção a Saleh, mas disse que "agentes do Irã" também apoiaram as forças do antigo regime.
"O que aconteceu hoje é uma mensagem clara para todo o mundo que o golpe e os traidores que o apoiam rejeitam qualquer solução ou mesmo se sentar na mesa de negociações de modo a encontrar uma saída segura para a crise no Iêmen", acrescentou.
Mais cedo nesta quinta-feira, em discurso transmitido pela TV, Habtoor acusou os Houthis de serem os responsáveis pelo ataque aéreo contra o palácio presidencial, no bairro de Al-Maasheeq, em Áden, onde Hadi está baseado. Ele afirmou, no entanto, que a bomba "caiu inofensivamente no mar".
"Áden está pacífica e as coisas voltaram ao normal após o fim da rebelião", disse ele a uma TV de Áden. Um porta-voz do grupo Houthi não estava imediatamente disponível para comentar.
Antes nesta semana, os Houthis exoneraram o chefe da Força Aérea por ele ter se recusado a fornecer apoio aéreo ao grupo, substituindo-o por um general mais próximo.
Moradores contaram que o armamento antiaéreo atirou no avião, e fumaça foi vista emanando da área, mas não ficou imediatamente claro se Hadi estava no local. Uma segunda incursão feita por um avião de guerra foi repelida por tiros da defesa aérea, disseram os residentes.
Um assessor de Hadi disse que o presidente está "a salvo em uma localização segura... Houve um ataque, mas sem vítimas."
A inscrição da aeronave não foi imediatamente identificada, mas moradores em Sanaa disseram ter visto uma movimentação incomum de aviões militares sobre a capital.
Mais cedo nesta quinta-feira, soldados e milicianos leais a Hadi usaram tanques e veículos blindados para forçar a entrada no aeroporto de Áden, invadindo também uma base militar nas proximidades, disseram moradores.