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Iraque: insurgentes restabelecem "califado islâmico"

A volta deste regime político foi anunciada na internet

29 jun 2014 - 15h24
(atualizado às 15h28)
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Os jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL), que executam uma ofensiva no Iraque e combatem na Síria, anunciaram neste domingo o restabelecimento do califado, regime político islâmico encerrado há um século com a queda dos otomanos.

Em uma gravação de áudio divulgada na internet, o EIIL, que agora se chama "Estado Islâmico", designou seu líder Abu Bakr Al-Baghdadi o "califa" e, portanto, o "chefe dos muçulmanos em todas as partes do mundo".

O califado deve ser imposto nas regiões conquistadas por este grupo na Síria e no Iraque, onde conseguiram assumir o controle de amplas regiões do território.

"Durante uma reunião, a shura (conselho) do Estado islâmico decidiu anunciar a criação do califado islâmico e designar um califa para o Estado dos muçulmanos. O xeque jihadista Al-Baghdadi foi designado califa dos muçulmanos", anunciou em uma gravação Abu Mohamed al-Adnani, porta-voz do EIIL.

As palavras "Iraque" e "Levante" são suprimidas da sigla EIIL, que tem como nome oficial agora "Estado Islâmico", completou Adnani.

Ofensiva em Tikrit

As forças militares iraquianas lançaram nas últimas horas uma ofensiva contra extremistas em Tikrit, cidade natal de Saddam Hussein, no Iraque. Milhares de soldados estão envolvidos nesta que pode ser considerada a ofensiva mais ambiciosa de Bagdá contra os extremistas do grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que dominam áreas de cinco províncias do Iraque desde o princípio de junho.

<p>Forças de segurança iraquianas seguram uma bandeira do Estado Islâmico do Iraque e do Levante capturada durante uma operação em Dallah Abbas, ao norte de Baquba, em 28 de junho</p>
Forças de segurança iraquianas seguram uma bandeira do Estado Islâmico do Iraque e do Levante capturada durante uma operação em Dallah Abbas, ao norte de Baquba, em 28 de junho
Foto: AP

As forças militares já estariam no controle da sede do governo de Tikrit, segundo fontes militares. A ofensiva ocorre no momento em que o Iraque começa a receber aviões de combate comprados da Rússia  e que devem entrar em operação em breve. O primeiro-ministro Nuri Al Maliki disse, no início da semana, que Bagdá comprou 12 aviões Sukhoi por 368 milhões de euros.

O primeiro-ministro Maliki já admitiu que são necessárias soluções políticas para a crise, mas representantes do chefe do Executivo dizem que Bagdá considera que a operação militar em Tikrit é “crucial”, não apenas do ponto de vista tático mas também para a moral dos soldados.

Organizações humanitárias têm pedido, nas últimas semanas, a abertura de corredores humanitários capazes de garantir auxílio aos deslocados, que podem chegar a 1,2 milhão nas zonas atingidas pelos combates. O hospital público de Tikrit informou que recebe na unidade vítimas de bombardeios com aviões e artilharia lançados contra a maioria dos bairros da cidade.

Os Estados Unidos, que retiraram tropas do Iraque em 2011, enviaram ao país conselheiros militares que insistem na reconciliação política e têm rejeitado os apelos de Bagdá no sentido de ataques aéreos norte-americanos contra as posições insurgentes no país. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, insiste que, para obter respaldo internacional, o Iraque deve formar um governo de unidade nacional, algo a que o primeiro-ministro do país se negou a concordar em várias ocasiões. 

Com informações da AFP e Agência Brasil.

Foto: Arte Terra

Fonte: Terra
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