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Iraque: premiê recusa formar governo de emergência nacional

Insurgentes sunitas anunciaram uma aliança com a Al-Qaeda em uma cidade fronteiriça com a Síria

25 jun 2014 - 12h05
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<p>Premi&ecirc; xiita do Iraque,&nbsp;Nuri al-Maliki</p>
Premiê xiita do Iraque, Nuri al-Maliki
Foto: Reuters

O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, descartou nesta quarta-feira a formação de um governo de unidade nacional de emergência para lutar contra os insurgentes sunitas, que anunciaram uma aliança com a Al-Qaeda em uma cidade fronteiriça com a Síria.

Com a aliança, os jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL) tomam o controle da passagem fronteiriça de Bukamal, no lado sírio do posto de Al-Qaim, no Iraque, que já controlam.

Ao mesmo tempo, em Bagdá, o primeiro-ministro Nuri al-Maliki excluiu a formação de um governo de unidade nacional de emergência, apesar das pressões neste sentido de seus aliados ocidentais, especialmente dos Estados Unidos.

As grandes divergências que existiam no país, mesmo antes da ofensiva jihadista, impediram que o partido de Maliki, que venceu as eleições de abril, formasse um governo.

"Como todos sabem, é um momento crítico para o Iraque e o principal desafio é a formação de um governo", havia afirmado o secretário americano de Estado, John Kerry, na terça-feira.

Washington prometeu o envio de 300 conselheiros militares ao Iraque, e 40 deles já começaram a trabalhar na terça-feira. No entanto, se distanciou da postura de Maliki, de confissão xiita, a quem apoiou nas primeiras eleições que venceu em 2006 e novamente em 2010, já que considera que a exclusão das outras confissões religiosas do governo propiciou o conflito.

Por sua vez, em Bruxelas os 28 países membros da Otan se reuniram para discutir sobre o Iraque, entre outros assuntos, e as capitais ocidentais não escondem sua inquietação pelo avanço dos jihadistas.

John Kerry, que chegou a Bruxelas na noite de terça-feira após uma visita ao Iraque, compartilhou sua "preocupação pela ameaça que o EIIL representa".

Em terra, a facção síria da Al-Qaeda, a Frente al-Nosra, "se aliou com o EIIL durante a madrugada desta quarta-feira" e com isso o grupo agora controla os dois lados da fronteira, indicou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Um jihadista do EIIL confirmou a informação no Twitter e publicou uma foto do líder da Frente al-Nosra com o chefe do EIIL.

Com esta aliança entre os dois antigos rivais o EIIL avança em sua ambição de criar um Estado islâmico na porosa fronteira entre os dois países, um dos quais vive em guerra há três anos e o outro está afundado no caos há algumas semanas.

De acordo com o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmane, "esta aliança gerará tensões com os outros grupos rebeldes, incluindo os islamitas", que frequentemente estão em desacordo com os excessos do EIIL, conhecidos por sua extrema violência. Nesta semana publicaram na internet fotografias que mostravam dezenas de cadáveres, segundo o grupo, de soldados iraquianos.

Nesta quarta-feira foram registrados novos ataques no norte do Iraque, especificamente contra dois templos xiitas que foram bombardeados na cidade de Sharijan, ao norte de Mossul, cidade que está nas mãos dos insurgentes, embora não tenham deixado nenhuma vítima.

Os insurgentes controlam Mossul, a segunda cidade do Iraque, uma grande parte da província na qual se encontra, Nínive (norte), Tikrit e zonas das províncias de Saladino (norte), Diyala (leste), Kirkuk (norte) e Al-Anbar (oeste), fronteiriça com a Síria, onde têm quatro cidades sob seu poder.

Desde o início da ofensiva lançada pelos insurgentes sunitas no dia 9 de junho, muitos soldados iraquianos desertaram e alguns deles abandonaram seus postos e também seus uniformes.

Foto: Arte Terra

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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