Israel analisa se colabora com Comissão de ONU sobre Gaza
Objetivo de comissão da ONU é investigar violações do direito humanitário e decidir se Israel cometeu crimes de guerra nos primeiros 33 dias da ofensiva na Faixa de Gaza
Israel decidirá nos próximos dias se colaborará com a comissão designada pela ONU para investigar a operação Limite Protetor em Gaza, liderada pelo canadense William Schabas, ou se a boicotará, publicou nesta quarta-feira o jornal Yedioth Ahronoth.
"A cúpula política e judicial se reunirá nos próximos dias. A decisão será tomada governo após verificar qual é o mandato da comissão e como a investigação evolui", disse o jornal, que mencionou a ministra da Justiça, Tzipi Livni.
A comissão, designada pelo Conselho de Direitos Humanos na semana passada, também contará com o jurista senegalês Doudou Diene, professor de direito público e que foi analista da ONU sobre as formas contemporâneas de racismo e xenofobia, e uma terceira pessoa, depois de a jurista britânico-libanesa Amal Alamuddin recusar o convite.
O objetivo é investigar violações do direito humanitário e decidir se Israel cometeu crimes de guerra nos primeiros 33 dias da ofensiva, em que morreram quase dois mil palestinos, a maioria civis e entre eles mais de 400 crianças e 230 mulheres, segundo dados da ONU recusados por Israel.
Israel lançou a operação Limite Protetor em 8 de julho em resposta ao lançamento de foguetes contra seu território a partir de Gaza, e apelando ao direito da defesa própria.
No entanto, por causa do alto número de vítimas civis, organismos internacionais e governos estrangeiros acreditam que não se respeitou o princípio da "proporcionalidade" e que o exército israelense atacou "indiscriminadamente" a população.
"Os relatórios sobre atividades de militantes não justificam colocar em perigo as vidas e a segurança de muitos milhares de civis inocentes", apontou ontem o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que criticou as duas partes do conflito pela falta de vontade para evitar a violência.
Em várias entrevistas divulgadas na imprensa israelense nas últimas horas, Schabas pede que Israel não boicote a comissão para que ela possa "refletir sobre a postura das duas partes".
Os principais meios locais questionaram a capacidade do presidente da comissão de realizar uma investigação objetiva porque há vários anos manifestou em público seu desejo de levar o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, à Corte Internacional de Justiça.
Israel já foi investigada em 2009 e 2010 por outra comissão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, a Comissão Goldstone, em relação à operação "Chumbo Fundido", com a qual não colaborou e que levou a severas condenações internacionais de sua política na Faixa e sua atuação militar.
Nesse sentido, vários meios assinalaram que "Israel aprendeu a lição" e que de uma forma ou outra "fará chegar material" à nova comissão, mesmo que não colabore com ela oficialmente.
12 de junho - Três adolescentes desapareceram na Cisjordânia. Exército israelense estabeleceu controle nas estradas da região de Gush Etzion e de Hebron e fez batidas em um bairro da localidade palestina de Dura, ao sudoeste de Hebron, para encontrá-los.
Foto: AP
14 de junho - Israel detém 80 palestinos e bloqueia Cisjordânia durante busca por adolescentes. Exército israelense informou do "fechamento de todo o distrito da Judeia e Samaria
Foto: Nasser Shiyoukhi / AP
15 de junho - Chefe do Parlamento palestino e membro do Hamas, Aziz Dweik foi preso por tropas de Israel, durante uma onda de prisões ligadas a uma caçada em massa por três adolescentes sequestrados.
Foto: AFP
18 de junho - Soldados israelenses entram em uma casa à procura de três adolescentes israelenses desaparecidos, que temem terem sido sequestrados por militantes palestinos, na aldeia de Taffouh perto da cidade de Hebron
Foto: AP
20 de junho - Soldados israelenses participam de operação de buscas na Cisjordânia. Durante a operação, o exército israelense deteve 25 palestinos na Cisjordânia
Foto: Reuters
20 de junho - Como retaliação ao sequestro dos adolescentes israelenses, exército israelense mata adolescente palestino. Jovem foi baleado no peito e morreu em um hospital de Hebron
Foto: AFP
22 de junho - Exército israelense continua operação contra o movimento islamita Hamas por causa do desaparecimento de três jovens judeus há nove dias. Outros dois palestinos são mortos em ações do Exército israelense
Foto: AP
22 de junho - Adolescente israelense morre em explosão nas Colinas de Golã. Fato na Colinas de Golã (foto) coincide com uma espiral de tensão na região pelo suposto sequestro de três adolescentes israelenses em um cruzamento da Cisjordânia
Foto: Wikimedia
29 de junho - Milhares de israelenses se reúnem para uma manifestação pedindo a libertação dos três adolescentes israelenses em falta, temidos raptadas na Cisjordânia em 12 de junho, em Tel Aviv, Israel
Foto: Oded Balilty / AP
29 de junho - Uma mulher israelense detém um cartaz com fotos dos três adolescentes israelenses em falta, temidos raptadas na Cisjordânia em 12 de junho
Foto: Oded Balilty / AP
30 de junho - Milicianos palestinos dispararam no começo da manhã desta segunda-feira 16 foguetes contra o sul de Israel, em uma nova reviravolta a uma escalada que começou com o suposto sequestro de três adolescentes na Cisjordânia.
Foto: Reuters
30 de junho - As forças de segurança israelenses encontraram nesta segunda-feira os corpos de três adolescentes que desapareceram na Cisjordânia no começo do mês e confirmaram que de fato se trata dos estudantes seminaristas procurados desde 12 de junho
Foto: Oded Balilty / AP
01 de julho - Jovem palestino Yussuf Abu Zagher, 18 anos, foi morto pelo Exército israelense, em um ataque contra o campo de refugiados de Jenin, no extremo-norte da Cisjordânia
Foto: Mohammed Ballas / AP
01 de julho - Israel bombardeou dezenas de locais na Faixa de Gaza, atacando alvos do Hamas depois da descoberta dos corpos de três adolescentes cujo sequestro e morte o país atribuiu ao grupo militante palestino
Foto: Nasser Shiyoukhi / AP
01 de julho - Milhares de israelenses participam dos funerais pelos três adolescentes israelenses que foram sequestrados em 12 de junho na Cisjordânia
Foto: Gil Cohen Magen / AFP
02 de julho - Pessoas observam os escombros da casa do palestino Ziad Awad, no sul da Cisjordânia. Israel demoliu a casa do palestino, preso este mês sob a acusação de ter matado à bala um policial israelense à paisana em abril, informou o Exército
Foto: Reuters
03 de julho - Exército israelense confirmou que a Força Aérea atacou posições islamitas em represália ao disparo de cerca de 20 foguetes da Faixa de Gaza
Foto: Mohammed Salem / Reuters
04 de julho - Milhares de pessoas acompanharam a cerimônia entoando hinos e brandindo bandeiras; palestinos e policiais voltaram a entrar em confronto pelo terceiro dia consecutivo. Palestinos enfrentam a polícia israelense em um bairro árabe de Jerusalém
Foto: Baz Ratner / Reuters
07 de julho - Sete combatentes palestinos morreram e dois eram considerados desaparecidos após ataques na aéreos israelenses na madrugada de domingo para segunda-feira na Faixa de Gaza
Foto: Hatem Moussa / AP
08 de julho - Pelo menos 25 palestinos, incluindo crianças, morreram e quase 100 outros ficaram feridos em ataques israelenses contra a Faixa de Gaza, executados em resposta aos disparos de foguetes, de acordo com o serviço de emergência palestino.