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Israel ataca Gaza após disparos de foguetes palestinos

Dezenas de foguetes foram disparados da Faixa de Gaza contra o sul de Israel na noite de segunda-feira, sem deixar vítimas, horas após três extremistas judeus confessarem o assassinato de um jovem palestino

8 jul 2014 - 00h17
(atualizado às 00h28)
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Porta-voz israelense confirmou o lançamento de uma operação aérea chamada "cerca de proteção", sem entrar em detalhes
Porta-voz israelense confirmou o lançamento de uma operação aérea chamada "cerca de proteção", sem entrar em detalhes
Foto: Ariel Schalit / AP

A aviação israelense realizou dezenas de ataques aéreos contra a Faixa de Gaza na madrugada desta terça-feira, após um intenso bombardeio com foguetes contra o sul de Israel por parte de ativistas palestinos, informaram testemunhas e fontes da segurança.

Os ataques de Israel deixaram doze feridos - dois gravemente - na Faixa de Gaza, segundo o último levantamento das autoridades palestinas.

Uma porta-voz israelense confirmou o lançamento de uma "operação aérea chamada 'cerca de proteção", sem entrar em detalhes. Cinco casas foram destruídas nos ataques, três em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, e duas no norte da região.

As Brigadas Ezzedine al-Qassam (braço militar do Hamas) advertiram que Israel "ultrapassou a linha vermelha ao atacar casas". "Se esta política não cessar, reagiremos ampliando a gama de nossos alvos a ponto de surpreender o inimigo".

O ex-chefe de governo do Hamas Ismaïl Haniyeh emitiu um comunicado pedindo "unidade entre os palestinos na frente política e sobre o terreno, incluindo uma intensa coordenação e cooperação entre todos os membros do nosso povo para enfrentar esta etapa crítica".

Haniyeh destacou que a agressão israelense é uma oportunidade excepcional para a reconciliação entre os palestinos, em referência ao Hamas e à Organização de Libertação da Palestina (OLP), que tentam constituir um governo de união.

Dezenas de foguetes foram disparados da Faixa de Gaza contra o sul de Israel na noite de segunda-feira, sem deixar vítimas, horas após três extremistas judeus confessarem o assassinato de um jovem palestino.

O braço armado do movimento islâmico palestino Hamas reivindicou a autoria dos disparos de "dezenas de foguetes" contra o sul de Israel, em "resposta à agressão sionista".

"Os foguetes são uma reação natural aos crimes israelenses contra nosso povo. Que o ocupante (israelense) compreenda bem a mensagem. Não tememos suas ameaças", advertiu o porta-voz do Hamas em Gaza, Sami Abu Zuhri.

Segundo o Exército israelense, mais de 40 foguetes foram disparados de Gaza em apenas uma hora, e o sistema de defesa antimísseis destruiu 12 no ar.

A TV de Israel informou que o gabinete de segurança autorizou o Exército "a intensificar as represálias contra o Hamas". Na noite de domingo, Israel matou oito combatentes palestinos, em diversas ações aéreas.

A TV estatal de Israel mostrou dezenas de tanques posicionados na região da fronteira com a Faixa de Gaza, e centenas de reservistas foram convocados pelo Exército, que "pode chamar mais 1.500", informou um oficial.

Na segunda-feira, três extremistas judeus confessaram ter assassinado um jovem palestino, queimado vivo em Jerusalém.

"Três dos seis suspeitos detidos confessaram ter assassinado e queimado Mohamed Abu Khder e realizaram uma reconstituição do crime diante dos policiais", declarou à AFP um funcionário, que pediu para não ser identificado.

Eles são suspeitos de pertencerem a "uma organização terrorista", sequestro, homicídio de menor, posse ilegal de armas e crime "por motivo nacionalista", segundo o site de informações Ynet.

Mohammad Abu Khdeir, de 16 anos, foi sequestrado em 2 de julho em Jerusalém Oriental ocupada e anexada. Seu corpo - completamente carbonizado segundo o advogado da família - foi encontrado algumas horas depois perto de uma floresta na parte oeste da cidade.

Após a descoberta de seus restos mortais, os palestinos acusaram extremistas judeus de terem sequestrado e assassinado por vingança depois do rapto e morte de três estudantes israelenses na região de Hebron, na Cisjordânia, atribuído por Israel ao Hamas.

O horrível assassinato do jovem palestino, assim como o dos três israelenses, provocou grande comoção.

"Sequestrar um menino, matá-lo, queimá-lo até a morte, mas por quê? Nada é mais valioso ou mais exigente na história judaica do que o respeito pela vida humana", repetiu o presidente israelense, Shimon Peres.

O premier israelense, Benjamin Netanyahu, telefonou aos pais de Mohammad Abu Khdeir para expressar sua indignação com o assassinato "abominável".

Diante da escalada da violência, Netanyahu se comprometeu a "fazer o necessário para recuperar a paz e a segurança" no sul de Israel. Mas convocou o governo a se abster de declarações incendiárias para evitar um confronto generalizado.

"A experiência nos demonstrou que, num momento como este, devemos agir de forma responsável e com a cabeça fria para nos abster de declarações duras e impetuosas", declarou Netanyahu aos seus ministros.

Esta linha prudente gerou divergências dentro da coalizão conservadora. O ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, um falcão ultranacionalista, anunciou o fim da aliança com o partido Likud, mas sem abandonar o governo.

"Não é nenhum segredo que existem divergências fundamentais que impedem trabalhar em conjunto (com o Likud) (...) Eu não entendo o que estamos esperando", lamentou o chefe da diplomacia, que exigiu em voz alta uma operação de grande escala contra o Hamas em Gaza.

O partido de Lieberman, Israel Beiteinu, apresentou uma lista conjunta com o Likud nas legislativas de 2013. O bloco Likud-Israel Beiteinu tem 31 deputados dos 120.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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