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Israel e Gaza concordam com cessar-fogo permanente

Mais de 2 mil pessoas morreram em 50 dias de conflito; as negociações serão retomadas em um mês

26 ago 2014 - 20h37
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<p>Palestinos brandem&nbsp;bandeiras nacionais durante celebra&ccedil;&atilde;o do acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas&nbsp;na principal rua da Cidade de Gaza</p>
Palestinos brandem bandeiras nacionais durante celebração do acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas na principal rua da Cidade de Gaza
Foto: Adel Hana / AP

Israel e os palestinos anunciaram nesta terça-feira um acordo para um cessar-fogo permanente no 50º dia de uma guerra que deixou mais de 2.100 palestinos e 70 israelenses mortos, e devastou a Faixa de Gaza.

Com a entrada em vigor do cessar-fogo, às 16h00 GMT (13h00 de Brasília), tiros foram disparados para o alto em comemoração na Cidade de Gaza. Segundo o governo egípcio, o acordo prevê uma redução do bloqueio imposto desde 2006 por Israel e que asfixia 1,8 milhão de habitantes de Gaza.

Nas ruas, em meio à comemoração, Maha Khaled, uma mãe de 32 anos não escondia a alegria: "Obrigada Deus, a guerra acabou". "Não consigo acreditar que ainda estou viva, com meus filhos. Esta guerra foi muito dura e eu não acreditava mais que a paz pudesse chegar", acrescentou.

Tamer al-Madqa, de 23 anos, comemorava "a vitória da resistência". "Hoje, Gaza provou ao mundo que resiste e que é mais forte do que Israel", disse à AFP.

Mesmo que este cessar-fogo suscite esperanças, os pontos de divergência entre israelenses e palestinos estão longe de ter desaparecido, e as negociações devem ser retomadas no Cairo em um mês.

O secretário de Estado americano, John Kerry, saudou o acordo, esperando que esta nova trégua seja mantida e permita prever um acordo de longo prazo entre israelenses e palestinos, assim como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que espera que o cessar-fogo seja um "prelúdio de um processo político".

<p>Palestinos comemoram a tr&eacute;gua permanente entre Israel e Hamas, na cidade de Ramallah, Cisjord&acirc;nia&nbsp;</p><p>&nbsp;</p>
Palestinos comemoram a trégua permanente entre Israel e Hamas, na cidade de Ramallah, Cisjordânia  
Foto: Mohamad Torokman / Reuters

Entre os principais pontos de acordo revelados pelo chefe da delegação palestina no Cairo, Azzam al-Ahmed, está "a abertura de passagens para as necessidades humanitárias, alimentos, material médico e tudo o que permita reparar os sistemas de água, de eletricidade e de telefonia móvel".

Nada foi dito a respeito de possíveis restrições a importações de material de construção ou sobre a retomada das exportações a partir de Gaza.

A retirada das restrições aos pescadores parece ter sido mantida, com a limitação da zona de pesca a 3 milhas náuticas devendo ser passada para 6 milhas (11km) e, depois, para 12, segundo Ahmed.

A questão da desmilitarização da Faixa de Gaza, uma exigência israelense, deve ser discutida no Cairo durante negociações, assim como as palestinas, de reabertura do aeroporto e do porto.

Na noite desta terça, o momento era de festa para os palestinos.

Vários líderes do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e da Jihad Islâmica, a segunda força no enclave palestino, apareceram em público pela primeira vez em 50 dias.

Mahmud Zahar, um alto dirigente do Hamas na Faixa de Gaza e Mohamed al-Hindi, um líder da Jihad Islâmica, pronunciaram um discurso diante de milhares de palestinos no bairro de Rimal, no oeste da Cidade de Gaza, em um sinal da união nascida pouco antes do conflito.

Pela primeira vez, os palestinos enviaram ao Cairo uma delegação representando o Hamas, a Jihad Islâmica e a Organização pela Libertação da Palestina (OLP), à qual pertence a Autoridade Palestina.

O Hamas, que infligiu as maiores perdas ao Exército israelense desde 2006, com 64 soldados mortos, reivindicou a "vitória", afirmando ter derrotado "a lenda do Exército israelense que se dizia invencível" e conseguido a redução do bloqueio, principal reivindicação dos palestinos.

A operação israelense "Barreira Protetora" deixou 2.143 mortos e 11.000 feridos na Faixa de Gaza e cerca de 475.000 pessoas foram obrigadas a deixar suas casas. Cerca de 55.000 casas foram atingidas pelos ataques israelenses, sendo pelo menos 17.200 totalmente ou quase totalmente destruídas, segundo o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, alertou que os palestinos não se envolverão em novas "negociações obscuras".

"Gaza sofreu três guerras entre 2008 e 2009, em 2012 (e em 2014). Devemos esperar uma nova guerra em um ou dois anos? E até quando a questão palestina continuará sem solução?", lançou.

A direção palestina se prepara para exigir que a comunidade internacional fixe uma data limite para o fim da ocupação israelense dos Territórios Palestinos. Se sua exigência não for ouvida, eles ameaçam aderir ao Tribunal Penal Internacional (TPI), o que permitirá aos palestinos processar autoridades israelenses por operações na Faixa de Gaza.

O acordo de cessar-fogo põe fim a 50 dias de violência e a várias semanas de negociações, interrompidas por tréguas temporárias rompidas com frequência.

O último cessar-fogo fracassou depois de nove dias. Há uma semana, a violência voltou com força, com 121 palestinos e três israelenses mortos, elevando para seis o número de civis mortos em território israelense desde o início da guerra em 8 de julho.

Ainda nesta terça, 12 palestinos morreram. Em Israel, dois civis israelenses morreram na queda de um morteiro no sul.

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