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Israel: funeral de jovem palestino se transforma em protesto

Milhares de pessoas acompanharam a cerimônia entoando hinos e brandindo bandeiras; palestinos e policiais voltaram a entrar em confronto pelo terceiro dia consecutivo

4 jul 2014 - 14h25
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<p>Palestinos enfrentam a pol&iacute;cia israelense em um&nbsp;bairro &aacute;rabe de Jerusal&eacute;m, em 4 de julho&nbsp;</p>
Palestinos enfrentam a polícia israelense em um bairro árabe de Jerusalém, em 4 de julho 
Foto: Baz Ratner / Reuters

O funeral de um jovem palestino assassinado na terça-feira em um aparente ato de vingança pela morte de três adolescentes israelenses acabou se tranformando em um ato de protesto nesta sexta-feira.

Milhares de pessoas acompanharam o corpo sem vida de Mohamad Abu Khdeir, de 16 anos, entre uma maré de bandeiras palestinas e cantando "com nosso sangue e nossa alma, nos sacrificaremos pelo mártir", até sua casa de Shuafat, um bairro de Jerusalém Oriental, antes de se dirigir ao cemitério, observaram jornalistas da AFP.

Pouco antes, jovens palestinos se enfrentaram com a polícia israelense em outros setores de Jerusalém Oriental, onde milhares de agentes da polícia estavam mobilizados.

Trata-se do terceiro dia consecutivo de violências desde o sequestro e a descoberta do corpo de Abu Khdeir na quarta-feira, em um aparente ato de vingança pelo sequestro e assassinato de três jovens israelenses no dia 12 de junho perto de Hebron, no sul da Cisjordânia ocupada.

Dezenas de jovens palestinos, com o rosto coberto, lançaram pedras contra a polícia em Ras al-Amud, indicou a polícia israelense em sua conta no Twitter, em referência a este bairro de Jerusalém Oriental, anexada e ocupada.

"A polícia os dispersou com meios de controle antidistúrbios", uma terminologia utilizada para se referir às bombas de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral.

O funeral do jovem palestino coincide com a primeira sexta-feira de oração do mês sagrado do jejum do Ramadã, que habitualmente atrai dezenas de milhares de muçulmanos à esplanada das Mesquitas, local sagrado do islã, na cidade velha de Jerusalém.

No entanto, a multidão era muito menor que em outras ocasiões, estimada em 8.000 pessoas, segundo um porta-voz da polícia.

Na noite de quinta-feira, por medo de distúrbios, a polícia decidiu limitar o acesso à esplanada aos homens com mais de 50 anos.

A situação também era tensa na fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza.

Outros quatro foguetes e dois morteiros foram disparados na manhã desta sexta-feira de Gaza a Israel. Um foguete foi interceptado pelo sistema de defesa antimísseis Iron Dome.

Paralelamente, o exército israelense enviou reforços de seus reservistas aos arredores da Faixa para mandar uma mensagem destinada a diminuir a tensão ao movimento islamita Hamas, que controla o território.

Os meios de comunicação mencionaram nesta sexta-feira uma possível negociação de trégua sob os auspícios do Egito nas próximas horas entre o Hamas e Israel.

Um integrante do Hamas confirmou à AFP, sob condição de anonimato, que o Cairo estava envolvido em uma mediação para devolver a calma à Faixa de Gaza.

"Mas ainda não fechamos nenhum acordo", indicou.

Bassem Naim, líder do Hamas em Gaza, declarou à AFP que o movimento islamita "não tem nenhum interesse em uma escalada ou em uma guerra em Gaza".

"Mas ao mesmo tempo não podemos nos calar diante da agressão (israelense) que segue contra Gaza e a Cisjordânia", advertiu.

Segundo o jornal Jerusalém Post, uma fonte de segurança de alto escalão afirmou que nesta sexta-feira será possível saber se o Hamas está pronto para um cessar-fogo.

"A bola está no campo do Hamas", escreveu o site de informações Ynet, citando também um funcionário da segurança.

"Temos previstas duas opções no sul: ou os disparos contra nossas comunidades param e nossas operações também se deterão, ou eles continuam e nossos esforços na zona atuarão com determinação", advertiu o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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