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Jornalista britânico foi sequestrado duas vezes na Síria

O último vídeo lançado pelo grupo extremista do Estado Islâmico é protagonizado por John Cantlie

19 set 2014 - 14h24
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John Cantlie foi sequestrado duas vezes na Síria e, na primeira, estava acompanhado de James Foley
Foto: YouTube

O fotojornalista britânico John Cantlie foi sequestrado duas vezes na Síria pelos jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI), nas mãos dos quais se encontra atualmente.

Alguns acreditavam que havia morrido, mas ele reapareceu pálido, cansado e vestido com um uniforme laranja em um vídeo do EI, onde fala sozinho em frente à câmera, em um local não identificado.

Falando devagar e com tranquilidade, em inglês com legendas em árabe, Cantlie diz estar sendo mantido prisioneiro, critica o governo britânico e anuncia novos episódios nos quais vai revelar a verdade sobre a organização jihadista que controla parte de Síria e Iraque.

A vida do fotojornalista não parece estar ameaçada durante a gravação, diferentemente dos três vídeos divulgados anteriormente pelo EI, nos quais era observada a execução de dois jornalistas americanos e de um trabalhador humanitário britânico, em represália pelos ataques aéreos americanos contra suas posições no Iraque.

Cantlie estava com um dos jornalistas americanos decapitados, James Foley, quando ambos foram sequestrados, em novembro de 2012 na Síria.

Cantlie iniciou sua carreira jornalística cobrindo corridas de motos, antes de se converter em jornalista de guerra independente, colaborando com os jornais Sunday Times, The Sun, Sunday Telegraph e também com a AFP.

Rapidamente adquiriu uma reputação de jornalista corajoso, em particular na Líbia, onde cobriu a queda de Muanmar Kadhafi em 2011.

Frequentemente na linha de frente, foi ferido por estilhaços durante combates na Síria.

Depois de passar pelo Afeganistão, dedicou-se a cobrir o conflito sírio, arriscando-se muito.

Em julho de 2012 foi sequestrado com um colega holandês a três quilômetros da fronteira turca, horas depois de ter entrado em território sírio, por jihadistas do EI, vários deles britânicos, declarou posteriormente Cantlie.

Com os olhos vendados, foi ameaçado de morte várias vezes.

"Em determinado momento, até começaram a afiar facas para uma decapitação. Era aterrorizante", disse à BBC.

No segundo dia, os dois jornalistas tentaram fugir, mas foram pegos e Cantlie foi baleado no braço.

"Acabei correndo por minha vida, descalço e algemado, enquanto jihadistas britânicos - homens jovens com sotaque do sul de Londres - disparavam para matar", escreveu no Sunday Times.

"Apontavam suas kalashnikovs contra um jornalista britânico, londrinos contra um londrino em uma paisagem rochosa que se parecia com as Highlands escocesas", narrou.

Poucos dias depois, Cantlie e seu colega holandês, ferido no quadril, foram libertados pelos rebeldes do Exército Sírio Livre (ESL).

Embora estivesse transtornado pelo que ocorreu, Cantlie retornou à Síria pouco depois e foi sequestrado pela segunda vez quatro meses mais tarde, antes de desaparecer durante dois anos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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