Líbia: advogada defensora dos direitos humanos é assassinada
Salwa Bouguiguis, uma advogada e militante dos direitos humanos, foi assassinada a tiros na noite desta quarta-feira em sua residência no leste da Líbia, informou uma fonte médica. "Desconhecidos encapuzados e vestidos com uniformes militares atacaram a senhora Bouguiguis em sua casa", disse à AFP um oficial, que pediu para não ter o nome revelado.
"Bouguiguis chegou em estado crítico ao Centro Médico de Benghazi, onde faleceu mais tarde em consequência dos ferimentos", disse à AFP um porta-voz do hospital. "Bouguiguis foi apunhalada em várias partes do corpo, mas faleceu em consequência de uma bala na cabeça", acrescentou o porta-voz.
Människorättskämpen Salwa Bouguiguis dödad efter att ha röstat i Libyen http://t.co/3bUowq1Dj0 pic.twitter.com/pAeA75D8Ho
— Omni (@omni_red) 26 junho 2014
Em sua conta no Twitter, a embaixadora americana na Líbia, Deborah Jones, denunciou "um ato ignóbil, covarde e vergonhoso contra uma mulher corajosa e uma verdadeira patriota líbia".
O marido da ativista, que estaria em casa no momento da agressão, desapareceu, segundo um membro da família. "Perdemos qualquer contato com ele", disse a mesma fonte, que relatou ainda que um segurança da casa foi ferido a tiros, mas não corre perigo.
Feminista liberal, Bouguiguis participou ativamente da revolução de 2011 que acabou com o regime de Muammar Kadhafi. Ex-integrante do Conselho Nacional de Transição (CNT), ex-braço político da rebelião, Bouguiguis era atualmente vice-presidente de um comitê preparatório para o diálogo nacional.
Nesta quarta, Bouguiguis participou das eleições legislativas na Líbia e publicou fotos dela na seção eleitoral em sua página de Facebook. Seu assassinato aconteceu menos de um ano depois da morte de Abdesalem al Mesmari, advogado e militante político líbio, também em Benghazi, reduto de grupos islâmicos radicais.
Desde a Revolução de 2011, a região leste da Líbia - e, em particular, sua cidade mais importante, Benghazi - é palco de uma série de ataques e assassinatos, sobretudo, de militares, de policiais e de magistrados.
No final de maio, foi morto a tiros um jornalista líbio crítico dos "jihadistas" em Benghazi, reduto da Revolução de 2011.