O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Araby, se mostrou favorável a uma intervenção na Síria com aval da ONU nesta segunda-feira e descartou que existam divisões entre os países árabes em relação à última resolução sobre o conflito sírio.
"O que pedimos é que a intervenção seja com aval das Nações Unidas", assegurou Araby em entrevista coletiva. O secretário também destacou que a resolução emitida ontem após a cúpula de ministros das Relações Exteriores dos países da Liga Árabe só contou com a rejeição do Líbano.
Os chefes da diplomacia dos países árabes não fizeram ontem alusão à intervenção militar reivindicada pelos Estados Unidos, apesar de pedirem à ONU e à comunidade internacional que assumam suas responsabilidades para "tomar as medidas dissuasórias necessárias" contra os autores do suposto ataque químico do dia 21 de agosto perto de Damasco.
"Qualquer ato para enfrentar ou castigar o regime sírio deve ocorrer no marco dos acordos da ONU, sobretudo porque os tratados de Genebra e das Nações Unidas criminalizam o uso de armas químicas nos conflitos armados", disse Araby.
Em alusão à possibilidade de que os Estados Unidos ataquem a Síria, o secretário-geral afirmou que "a ONU dá legitimidade para qualquer ato e, se alguém utilizar a força militar fora da legitimidade, fará de maneira unilateral". Araby qualificou as reações ao conflito sírio como próprias de "um novo tipo de Guerra Fria em nível internacional".
O secretário-geral frisou que sua organização sempre insistiu na importância de uma solução política para a Síria, mas considerou que agora a comunidade internacional deve resolver a questão do uso de armas químicas.
A oposição síria denunciou em 21 de agosto a morte de mais de mil pessoas em um suposto ataque químico do regime na periferia de Damasco, apesar do governo ter negado essas acusações e culpado os rebeldes pela ação. Na resolução de ontem, os países árabes "responsabilizam totalmente o regime sírio por este crime horrível e pede que todos os envolvidos sejam julgados perante tribunais internacionais como criminosos de guerra".
Araby explicou que o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, tem a responsabilidade sobre o uso de armas químicas em seu território, mas descartou que a Liga Árabe tenha acusado diretamente Damasco de ter cometido esse ataque.
A cúpula da Liga Árabe no Cairo, adiantada dois dias para dar uma resposta à intenção dos Estados Unidos de atacar a Síria, revelou ontem o apoio da Arábia Saudita a uma intervenção estrangeira e a rejeição de potências regionais como o Egito a uma ação dessas características.
Israel
Também nesta segunda-feira, o presidente israelense, Shimon Peres, defendeu a decisão de seu colega americano, Barack Obama, de pedir o aval do Congresso para uma ação militar na Síria. "Tem o direito de entrar em guerra com o apoio do Congresso, melhor que sem o apoio. Acredito que há razões para acreditar que conseguirá a aprovação", afirmou Peres, em uma entrevista à rádio militar por ocasião do Ano Novo judaico, que começa na quarta-feira.
"Não acredito que pesar as decisões equivalha a duvidar. Acredito que temos o direito de pesar o pró e o contra (...), e melhor antes que depois", completou Peres. "Tem (Obama) toda minha confiança no que diz respeito a Israel", concluiu.
Menino vítima de ataque com armas químicas recebe oxigênio
Foto: Reuters
Menina é atendida em hospital improvisado após o ataque
Foto: AP
Homens recebem socorro após o ataque com arma químicas, relatado pela oposição e ativistas
Foto: AP
Mulher que, segundo a oposição, foi morta em ataque com gases tóxicos
Foto: AFP
Homens e bebês, lado a lado, entre as vítimas do massacre
Foto: AFP
Corpos são enfileirados no subúrbio de Damasco
Foto: AFP
Muitas crianças estão entre as vítimas, de acordo com imagens divulgadas pela oposição ao regime de Assad
Foto: AP
Corpos das vítimas, reunidos após o ataque químico
Foto: AP
Imagens divulgadas pela oposição mostram corpos de vítimas, muitas delas crianças, espalhados pelo chão
Foto: AFP
Meninas que sobreviveram ao ataque com gás tóxico recebem atendimento em uma mesquita
Foto: Reuters
Ainda em desespero, crianças que escaparam da morte são atendidas em mesquita no bairro de Duma
Foto: Reuters
Menino chora após o ataque que, segundo a oposição, deixou centenas de mortos em Damasco
Foto: Reuters
Após o ataque com armas químicas, homem corre com criança nos braços
Foto: Reuters
Criança recebe atendimento em um hospital improvisado
Foto: Reuters
Foto do Comitê Local de Arbeen, órgão da oposição síria, mostra homem e mulher chorando sobre corpos de vítimas do suposto ataque químico das forças de segurança do presidente Bashar al-Assad
Foto: Local Committee of Arbeen / AP
Nesta fotografia do Comitê Local de Arbeen, cidadãos sírios tentam identificar os mortos do suposto ataque químico das forças de segurança do presidente Bashar al-Assad
Foto: Local Committee of Arbeen / AP
Homens esperam por atendimento após o suposto ataque químico das forças de segurança da Síria na cidade de Douma, na periferia de Damasco; a fotografia é do escrtitório de comunicação de Douma
Foto: Media Office Of Douma City / AP
"Eu estou viva", grita uma menina síria em um local não identificado na periferia de Damasco; a imagem foi retirada de um vídeo da oposição síria que documenta aquilo que está sendo denunciado pelos rebeldes como um ataque químico das forças de segurança da Síria assadista
Foto: YOUTUBE / ARBEEN UNIFIED PRESS OFFICE / AFP
Nesta imagem da Shaam News Network, órgão de comunicação da oposição síria, uma pessoa não identificada mostra os olhos de uma criança morta após o suposto ataque químico de tropas leais ao Exército sírio em um necrotério improvisado na periferia de Damasco; a fotografia, de baixa qualidade, mostra o que seria a pupila dilatada da vítima
Foto: HO / SHAAM NEWS NETWORK / AFP
Rebeldes sírios enterram vítimas do suposto ataque com armas químicas contra os oposicionistas na periferia de Damasco; a fotografia e sua informação é do Comitê Local de Arbeen, um órgão opositor, e não pode ser confirmada de modo independente neste novo episódio da guerra civil síria
Foto: YOUTUBE / LOCAL COMMITTEE OF ARBEEN / AFP
Agências internacionais registraram que a região ficou vazia no decorrer da quarta-feira
Foto: Reuters
Mais de mil pessoas podem ter morrido no ataque químico, segundo opositores do regime de Bashar al-Assad
Foto: Reuters
Cão morto é visto em meio a prédios de Ain Tarma
Foto: Reuters
Homens usam máscara para se proteger de possíveis gases químicos ao se aventurarem por rua da área de Ain Tarma
Foto: Reuters
Imagem mostra a área de Ain Tarma, no subúrbio de Damasco, deserta após o ataque químico que deixou centenas de mortos na quarta-feira. Opositores do governo sírio denunciaram que forças realizaram um ataque químico que matou homens, mulheres e crianças enquanto dormiam