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Oriente Médio

Mãe brasileira de jihadista belga conta sobre a dor da perda

Um dia, segundo sua mãe, “fui ao quarto dele e vi que ele tinham ido embora. Eles tinham levado meu filho”

9 fev 2015 - 12h47
(atualizado às 13h39)
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<p>Ozana Rodrigues &eacute; m&atilde;e do jihadista Brian de Mulder</p>
Ozana Rodrigues é mãe do jihadista Brian de Mulder
Foto: Viviane Vaz / Especial para Terra

Enquanto a Bélgica se prepara para um veredicto no maior julgamento da história europeia de acusados por incentivar a violência islâmica na Síria, muito da atenção se volta à luta da comunidade muçulmana imigrante e pobre em uma região assolada pelo desemprego entre os jovens.

Mas para dois pais de Antuérpia, cidade em estado de alerta desde o massacre na revista Charlie Hebdo em Paris e as batidas policiais contra jihadistas belgas, a decisão de quarta-feira talvez nunca explique por que dois de seus adolescentes sem ascendência muçulmana abandonaram lares confortáveis para pegar em armas no Oriente Médio.

E quaisquer que sejam as penas imputadas a seus filhos, a mãe brasileira de Brian De Mulder e o pai de Jejoen Bontinck dizem que o estrago feito por aqueles que os recrutaram – estrago que inclui a perda de empregos e lares desfeitos para pais e irmãos – não pode ser reparado.

“Para mim não há diferença de uma seita”, disse Dimitri Bontinck, de 41 anos, à Reuters. O grupo local Sharia4Belgium induziu o jovem de 18 anos a viajar para lutar na Síria, disse ele, o que deixou ele e a mãe nigeriana de Jejoen arrasados.

Como a Bélgica supera seus vizinhos europeus no envio de combatentes estrangeiros para facções como Estado Islâmico e Al Qaeda – cerca de 350 pessoas de um país de 11 milhões – Bontinck gerou manchetes em todo o país ao arriscar sua vida viajando três vezes para a zona de guerra. E conseguiu levar o filho de volta para casa.

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A mãe de De Mulder, a brasileira Ozana Rodrigues, afirma que ainda chora todos os dias pelo filho, outrora um jogador de futebol promissor. Ela acredita que ter sido dispensado por seu time aos 17 anos foi o que levou Brian à religião e depois à violência.

Assim como Jejoen Bontinck, Brian De Mulder se converteu ao islamismo e rapidamente se tornou muito devoto, adotando as vestimentas e os hábitos alimentares muçulmanos e criticando sua mãe e suas irmãs por se vestirem sem modéstia.

Um dia ele anunciou que queria ser voluntário para trabalhos de caridade na Síria: “Argumentei com ele dizendo que há muitas oportunidades aqui”, declarou Ozana. “Ele disse não querer porque todas as pessoas aqui são infiéis.”

Ela se mudou para Antuérpia, mas Brian manteve contato com seus amigos radicais. Um dia, segundo sua mãe, “fui ao quarto dele e vi que ele tinham ido embora. Eles tinham levado meu filho”.

Para piorar o choque e o estigma, tanto Dimitri Bontinck quanto Ozana Rodrigues perderam o emprego. A mãe e a irmã, de 13 anos, de Brian não têm onde morar e dependem do acolhimento de familiares e amigos.

Os réus mostram pouca solidariedade com a população, abalada pelas operações contra células jihadistas do mês passado que a polícia afirma provarem que alguns belgas estão voltando da Síria para atacar sua terra natal.

Em meados do ano passado, um atirador matou quatro pessoas no Museu Judeu de Bruxelas.

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