Mesmo com oposição de Clint Eastwood, Obama ganha apoio de Hollywood
O veterano ator e diretor Clint Eastwood alega que a imagem de que Hollywood é reduto de democratas é exagerado, mas as evidências dizem o contrário, com astros como George Clooney liderando uma lista de apoio a Barack Obama.
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O apoio do eterno "Dirty Harry" - cujo discurso com uma cadeira vazia roubou de forma meio polêmica o show na Convenção Republicana - é muito bem recebido pelos republicanos, mas ele é praticamente um defensor solitário dos conservadores em Hollywood.
"Os atores de Hollywood se inclinam pelo liberalismo e o Partido Democrata", afirma Steven Ross, professor da University of Southern California e autor de Hollywood Left and Right: How Movie Stars Shaped American Politics (Esquerda e direita de Hollywood: como as estrelas de cinema formaram a política americana, em tradução livre).
Eastwood, 82 anos, insistiu que este não é o caso quando fez sua questionada aparição na Convenção Republicana em Tampa, Flórida, pouco antes de Mitt Romney aceitar formalmente sua indicação.
"Eu sei o que estão pensando. Vocês estão pensando: o que um negociante de filmes está fazendo aqui? Vocês sabem que eles todos são de esquerda", afirmou ele na ocasião. "Pelo menos, é isso o que o povo pensa. Mas não é o caso. Existem muitas pessoas conservadoras, muita gente moderada em Hollywood."
O eclético e respeitado George Clooney também não é nada discreto em seu ativismo ideológico e patrocinou uma campanha de arrecadação de fundos em prol de Obama, organizada pelo diretor de animação dos estúdios DreamWorks, Jeffrey Katzenberg, e que, segundo dizem, conseguiu reunir 15 milhões de dólares (cerca de R$ 30 mi). Entre os doadores, estavam Barbra Streisand, Robert Downey Jr., Jack Black e Billy Crystal.
Outro show de arrecadação de fundos pró-Obama foi organizado por Stevie Wonder, Katy Perry e Earth, Wind and Fire - também com participação de Clooney - e reuniu 6.000 pessoas que pagaram 250 dólares por cabeça.
O dinheiro é importante numa disputa eleitoral, mas igualmente importante é o apoio que as personalidades do mundo artístico concedem ao candidato à presidência.
"A força do endosso das celebridades atrai a atenção para o candidato. Convence pessoas que de outra maneira não dariam atenção ou perceberiam o que ele representa", explica Ross.
E não apenas Hollywood garante esta chancela, os astros da música também têm um papel importante.
"Hoje em dia, eu diria que o apoio de músicos é mais importante para atrair o voto jovem do que o apoio dos astros de cinema", afirmou o professor.
Romney tem seus partidários no mundo musical, como Kid Rock, Gene Simmons, do Kiss, e Donny e Marie Osmond.
O roqueiro Meat Loaf chegou a chamar Romney de "o homem que vai se elevar neste país e lutar contra a tempestade e trazer os Estados Unidos de volta para o que deveria ser".
Apesar de as estrelas terem sua dose de influência, há poucas evidências de que os eleitores votem baseados na visão política de uma celebridade, seja Eastwood ou Beyonce, que cantou na posse de Obama. "O povo americano não é bobo", acredita Ross.
Apesar de todo apoio da indústria do entretenimento, nem todo mundo em Hollywood que vota em Obama partilha do mesmo entusiasmo que ele despertou há quatro anos. "Chegou ao ponto em que estou muito pouco envolvida emocionalmente", admitiu a atriz Susan Sarandon em entrevista à AFP.
"A sensação é que se Obama não vencer, tudo pode desmoronar (...) Eu vou votar, eu vou contribuir de muitas maneiras, mas não vou me matar", comentou. "Obama deveria ser eleito, só que há tanto dinheiro envolvido agora, e também há um monte de gente mal humorada porque estão desapontados com Obama. Nada pode se comparar com a última vez que ele concorreu. Foi algo incrível", concluiu.
Americanos vão às urnas
Os americanos escolhem nesta terça-feira seu presidente. O atual mandatário, o democrata Barack Obama, disputa a preferência dos eleitores com o republicano Mitt Romney. Diferente do Brasil, as eleições americanas são indiretas. O candidato mais votado em cada Estado leva todos os seus delegados. No fim, o candidato com maior número de delegados - e não de votos - sai vencedor. O Terra, maior empresa latino-americana de mídia digital, faz a cobertura completa das eleições presidenciais nos EUA e acompanha a apuração de votos em tempo real.