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"Não há mediador neutro para Israel-Palestina", diz analista

Em entrevista ao Terra, professor revela que acordos de cessar-fogo entre israelenses e o Hamas estão fadados ao insucesso

18 jul 2014 - 08h11
(atualizado às 08h12)
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<p>Uma coluna de fumaça sobe após um ataque de mísseis de Israel na Cidade de Gaza, na Faixa de Gaza, em 18 de julho</p>
Uma coluna de fumaça sobe após um ataque de mísseis de Israel na Cidade de Gaza, na Faixa de Gaza, em 18 de julho
Foto: AP

Situado em um cenário geopolítico um tanto complicado – em meio a guerra civil na Síria, aos problemas de segurança no Iraque e a instabilidade provocada pelo golpe pós-primavera árabe no Egito – o conflito entre Israel e Palestina se agravou, desde a morte de jovens israelenses na Cisjordânia, no início de junho.

De um lado, o obsoleto poderio militar do grupo palestino Hamas. Do outro, o forte arsenal israelense. O saldo: 3 israelenses assassinados e mais de 200 palestinos mortos.

Israel concordou, em 15 de julho, em respeitar uma trégua proposta pelo Egito, mas o Hamas não teve a mesma atitude, o que levou os inimigos a retomar os ataques em menos de seis horas. Para o professor de Relações Internacionais da PUC- RJ, Fernando Brâncoli, que concedeu entrevista especial ao Terra, durante um programa exclusivo sobre o conflito no Oriente Médio, o cessar-fogo não deu certo por dois motivos.

"Quem banca o cessar-fogo é um mediador que já não é tido como neutro, e para o Hamas e os outros grupos da Faixa de Gaza, uma trégua seria uma manifestação de fraqueza", explica Brâncoli.

Sob a liderança do ex-presidente Hosni Mubarak, o Egito figurava como um grande aliado de Israel, mas, a partir da nomeação do Gerenal Al-Sissi, bastante violento com relação à Irmandade Muçulmana e ao Hamas, o país se tornou, um mediador que, naturalmente, favorece um dos lados: Israel.

Em meio à discussão, se destaca a desproporcionalidade da força usada e da destruição causada por Isarel em comparação às empregadas e provocadas pelo Hamas, as quais, na opinião do presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, Mário Fleck, podem ser entendidas da seguinte maneira: "Israel desenvolveu tecnologia para defender sua população; o Hamas, por outro lado, coloca sua população como escudo. Ele prega a destruição do Estado de Israel, e este naturalmente precisa se proteger e contra-atacar”.

A abertura de um processo de confiança a partir de um comprometimento de cessação dos ataques de ambos os lados nas próximas décadas poderia, quem sabe, pôr fim a um conflito histórico, defende Fleck, mas na opinião de Brâncoli, não há tempo para adaptações políticas: "Segundo cálculos da ONU, em seis anos se tornará inviável viver em Gaza".

Especialistas debatem sobre conflito entre Palestina e Israel:

O jornalista e cineasta Arturo Hartmann, que também participou do debate, enfatizou o fato de a desigualdade entre Israel e Palestina não existir apenas no campo bélico, mas também no campo político e econômico: "Dados de uma organização de direitos humanos mostram que 40% dos habitantes de Gaza estão desempregados e esse número sobre para 50% quando se trata da população jovem”.

A crise humanitária existente na Faixa de Gaza também tem apenas se intensificado com o passar dos anos e com a intensificação dos cercamentos, que impedem a entrada de produtos e até mesmo recursos de primeira necessidade. Essa difícil realidade vivida pelo povo palestino, na visão do Secretário Geral da Federação Árabe-Palestina no Brasil não difere em nada da "limpeza étnica" que antecedeu a criação do Estado de Israel.

"Gaza está cercada por mar e por terra há mais de sete anos. Netanyahu deveria ter vergonha na cara. Alguém ainda acredita no primeiro-ministro? A Faixa de Gaza tem a maior densidade populacional do mundo, nada justifica esse bombardeio indiscriminado”.

A grande questão é: como avaliar os atos cometidos por palestinos e israelenses? E quem é capaz de fazê-lo?

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Fonte: Terra
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