Novo ataque contra escola da ONU mata 10 palestinos em Gaza
Pelo menos 10 pessoas morreram neste domingo em um ataque israelense contra uma escola da ONU em Rafah, sul da Faixa de Gaza, pouco depois de Israel anunciar uma retirada parcial de tropas do território palestino.
Além do ataque contra a escola, os bombardeios israelenses mataram outras 40 pessoas, em sua maioria na cidade de Rafah.
A operação israelense 'Barreira Protetora', iniciada em 8 de julho, matou mais de 1.850 palestinos, em sua maioria civis.
O porta-voz dos serviços de emergência de Gaza, Ashraf al-Qudra, informou que dezenas de pessoas ficaram feridas no ataque contra a escola.
Chris Gunness, porta-voz da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNWRA), afirmou que a escola abrigava milhares de deslocados palestinos internos pela operação de Israel na Faixa de Gaza que pretende destruir as infraestruturas do Hamas.
"Segundo as primeiras informações, há vários mortos e feridos na escola da UNWRA em Rafah após o bombardeio", escreveu Gunness em sua conta do Twitter.
Esta é a terceira vez em 10 dias que as bombas atingem uma escola da ONU. Há quatro dias, um bombardeio do exército israelense contra um colégio na cidade de Jabaliya matou 16 pessoas, a maioria crianças, em um ataque condenado pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
A cidade de Rafah, próxima da fronteira com o Egito, é cenário de bombardeios desde sexta-feira, quando a morte de três soldados israelenses encerrou uma breve trégua que havia sido aceita tanto por Israel como pelo movimento islamita palestino Hamas.
Os ataques anteriores contra escolas das Nações Unidas provocaram uma onda de indignação internacional.
A ofensiva, destinada a impedir o lançamento de foguetes a partir de Gaza e destruir os túneis construídos por combatentes palestinos para possibilitar a entrada no território de Israel, também provocou a morte de 64 soldados israelenses.
Os foguetes mataram três civis em Israel.
O balanço de vítimas também conta com o soldado israelense Hadar Goldin, que Israel declarou morto, depois de anunciar em um primeiro momento que ele havia sido sequestrado por combatentes palestinos durante confrontos em Rafah que acabaram com a trégua.
Nas mãos do Hamas, o subtenente Goldin, que será enterrado neste domingo, teria representado uma moeda de troca, como no caso do soldado Gilad Shalit, libertado em 2011 em uma negociação que permitiu a saída da prisão de mil detentos palestinos.
O exército israelense confirmou neste domingo pela primeira vez oficialmente que iniciou a retirada de alguns soldados, sem revelar o número, ao mesmo tempo que deslocava outras tropas dentro da Faixa de Gaza.
Ao ser questionado pela AFP sobre uma possível retirada parcial, o porta-voz do exército, Peter Lerner, respondeu de maneira afirmativa, mas fez questão de destacar que a operação ainda está em curso.
No sábado, testemunhas relataram a movimentação de tropas dentro do território palestino e o exército autorizou o retorno dos palestinos a algumas áreas da Faixa de Gaza.
Sem citar o início de uma retirada, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deu a entender no sábado à noite que a operação entraria em uma nova fase, depois que o exército destruiu quase por completo os túneis do Hamas.
Esta parte da operação terminará "provavelmente nas próximas 24 horas", disse Lerner. A partir de então a operação será diferente, mas os soldados israelenses continuarão prontos para atacar o Hamas "se for necessário".
Netanyahu manifestou determinação de prosseguir com as operações contra o Hamas "pelo tempo que for necessário e com toda a força necessária".
O Hamas respondeu que está determinado a prosseguir com a "resistência".
A confirmação da retirada parcial acontece no mesmo dia em que a revista alemã Der Spiegel publicou uma informação sobre a suposta espionagem por parte de Israel do secretário de Estado americano, John Kerry, durante as negociações de paz com os palestinos em 2013.
Depois do fracasso do cessar-fogo de sexta-feira, Israel enviou a mensagem de que o conflito terminará apenas de acordo com seus termos, sem concessões ao Hamas.
Neste sentido, o governo israelense decidiu não enviar representantes ao Cairo, onde uma delegação palestina com seis membros do Hamas desembarcou para negociar uma trégua.
O líder no exílio do movimento islamita palestino, Khaled Meshal, reiterou que não aceitaria uma trégua sem uma retirada prévia das tropas israelenses em Gaza.
"Se a agressão israelense em Gaza continuar, o Hamas usará o direito de autodefesa", disse Meshal, que afirmou ter informado Kerry sobre sua posição.
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