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ONU: cresce demanda de tratamentos de câncer para refugiados

Foco de assistência tende a ser combate a doenças infecciosas e desnutrição, mas câncer é problema grave nesse grupo

28 mai 2014 - 08h35
(atualizado às 08h40)
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Existe "alta demanda" por tratamentos para câncer entre refugiados, ela tende a crescer e é difícil de ser suprida - especialistas constataram.

Doenças infecciosas e desnutrição tendem a ser, naturalmente, o foco da assistência de saúde oferecida. Mas crises humanas em países de renda média mudaram o perfil dos refugiados.

O câncer é um problema sério nesse grupo, um problema com o qual países que recebem refugiados têm dificuldade em lidar - disse o Alto Comissário para Refugiados da ONU à revista científica Lancet Oncology.

Esquemas de financiamento inovadores e até medidas preventivas - como a oferta de mamografias em campos de refugiados - poderiam ajudar, ele sugeriu.

Uma equipe liderada pelo médico Paul Spiegel analisou pedidos de financiamento feitos a um comitê de assistência excepcional do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

O comitê avaliou 1.989 pedidos de tratamento para refugiados na Jordânia feitos entre 2010 e 2012. Por volta de um quarto (511) dos pedidos envolvia câncer, a grande maioria, cânceres de mama e de intestino.

Cerca de metade dos casos foi aprovada e recebeu financiamento. Pedidos foram rejeitados quando o paciente apresentava prognóstico ruim ou se o tratamento era caro demais.

As quantias individuais mais altas aprovadas foram US$ 4.626, em 2011, e US$ 3.501, em 2012.

Pressão sobre anfitriões

Spiegel disse: "Países do Oriente Médio receberam milhões de refugiados, primeiro do Iraque, depois da Síria".

"Essa entrada em massa (de refugiados) pressiona os sistemas de saúde em todos os níveis". E acrescentou: "Apesar da ajuda de organizações internacionais e doadores para expandir instalações de saúde e pagar por mais profissionais e medicamentos, (a oferta) não tem sido suficiente".

"O peso da absorção dos custos tem recaído de maneira desproporcional sobre os países anfitriões".

"Por exemplo, o Ministério da Saúde da Jordânia arcou com uma conta estimada em US$ 53 milhões pela assistência médica a refugiados nos primeiros quatro meses de 2013".

Spiegel e sua equipe pedem melhorias na prevenção e no tratamento do câncer entre refugiados por meio de esquemas inovadores de financiamento e oferta de melhor assistência nos campos.

Entre as medidas sugeridas estão a oferta de mamografias e a criação de registros computadorizados para evitar a interrupção dos tratamentos.

"Até agora, respostas a crises se baseiam em experiências de refugiados na África Subsaariana, onde doenças infecciosas e desnutrição são prioridade.

"No século 21, situações envolvendo refugiados duram mais tempo e cada vez mais ocorrem em países de renda média, onde os índices de doenças crônicas, incluindo o câncer, são mais altos".

"O tratamento e o diagnóstico do câncer em emergências humanas ilustra uma tendência crescente (de demanda por) assistência para doenças crônicas, mais caras, algo que parece estar fugindo à percepção, mas muito importante, já que o número de refugiados está crescendo".

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