A agência humanitária da ONU disse nesta terça-feira que vai lançar uma grande operação de ajuda humanitária para enviar suprimentos a mais de meio milhão de pessoas deslocadas pelo conflito no norte do Iraque.
Centenas de milhares fugiram de suas casas desde que os confrontos provocados por militantes do grupo Estado Islâmico varreram grande parte do norte e oeste do Iraque em junho, representando uma ameaça de fragmentação do país.
Um carregamento aéreo com barracas e outros suprimentos vai ser enviado por quatro dias, começando na quarta-feira, a Erbil, no Curdistão iraquiano, a partir de Aqaba, na Jordânia.
Em seguida, serão enviados comboios terrestres a partir da Turquia e Jordânia, assim como o envio de suprimentos por mar, a partir de Dubai, através do Irã pelos próximos 10 dias, disse o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Adrian Edwards.
"Esse é um esforço de ajuda muito, muito significativo e certamente um dos maiores de que consigo me lembrar em bastante tempo", disse ele em uma coletiva de imprensa em Genebra.
"Essa é uma grande crise humanitária e um desastre", afirmou.
O Acnur estima que um total de 1,2 milhão de pessoas deixaram suas casas por todo o Iraque neste ano.
Cerca de 200 mil pessoas se instalaram na região do Curdistão iraquiano em agosto, quando a cidade de Sinjar e áreas vizinhas foram invadidas pelo Estado Islâmico, de acordo com o Acnur.
Ao menos 11 mil pessoas da minoria yazidi se refugiaram na vizinha Síria, país assolado pela guerra civil, e cerca de 300 estão cruzando a fronteira todos os dias em Peshkabour, segundo o Acnur.
"O fato de você ver pessoas fugindo através da Síria em busca de segurança demonstra muito bem o quão desesperadora é a situação, particularmente em Sinjar nos últimos dias", disse Edwards.
Papa defende intervenção da ONU no Iraque
O papa Francisco defendeu nesta segunda-feira uma intervenção da ONU para acabar com o que chamou de "agressão injusta" contra civis no Iraque. Ele se disponibilizou a visitar o país se necessário.
"Onde há um agressor ilegítimo, é legítimo detê-lo. Eu sublinho o verbo 'deter', e não bombardear ou travar uma guerra", disse o pontífice, fazendo referência às forças extremistas do chamado "Estado Islâmico" (EI).
Em declarações a bordo do avião oficial, no regresso da Coreia do Sul à Itália, o papa admitiu que prefere uma intervenção conjunta da ONU a uma ação unilateral como a que já está sendo realizada pelos Estados Unidos. A ONU, segundo ele, precisa discutir maneiras para deter o "agressor".
"Uma única nação não pode julgar como terminar" com uma agressão, frisou o papa, referindo-se aos Estados Unidos. Para isso foi criada a ONU depois da Segunda Guerra Mundial, para chegar a soluções conjuntas, disse. "É preciso lembrar quantas vezes, com a desculpa de deter um agressor, potências deram início a uma verdadeira guerra de conquista."
Na última semana, os EUA realizaram bombardeamentos seletivos no norte do Iraque, para combater as forças dos extremistas EI. O grupo controla Mossul há dois meses, a segunda cidade do Iraque, e combate em vários outros pontos do Norte do país, para ampliar o "califado" que proclamou. A ofensiva da aliança extremista, que agrega elementos de vários grupos insurgentes sunitas, já provocou o êxodo de dezenas de milhares de civis.
O papa afirmou que, "se for necessário", viajaria ao Iraque no sentido de apoiar os refugiados cristãos do Curdistão. "Porém, neste momento, não é a melhor coisa a fazer", disse.
Com informações da Reuters e Deutsche Welle.
06 de junho - Jovens iraquianos observam os danos causados após a explosão de um carro-bomba na cidade de Kirkuk
Foto: AFP
08 de junho - Imagem de propaganda do EIIL. Militantes lutaram contra forças iraquianas em Tikrit, em 11 de junho, após os jihadistas tomarem a faixa norte do país, incluindo a cidade de Mossul
Foto: AFP
08 de junho - Imagem retirada de uma propaganda veiculada no dia 08 de junho pelo grupo EIIL mostra militantes perto da cidade iraquiana de Tikrit
Foto: AFP
10 de junho - Família iraquianas se reúnem em um posto de controle curdo, em uma região autônoma do Curdistão. Elas fogem da violência presente na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
10 de junho - Foto tirada de um celular mostra um homem armado assistindo a um veículo militar em chamas, em Mossul
Foto: AFP
11 de junho - Imagem divulgada pelo grupo EIIL, mostra militantes indo a um local não revelado, na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
11 de junho - Imagem divulgada por um perfil de notícias jihadista no Twitter mostra um militante do grupo EIIL segurando uma arma na fronteira sírio-iraquiana
Foto: AFP
11 de junho - Imagem disponibilizada pelo perfil de notícias jihadistas Al-Baraka mostra militantes do EIIL pendurando uma bandeira da Jihad Islâmica em um poste no topo de um antigo forte militar, na aldeia de Al Siniya
Foto: AFP
11 de junho - Iraquianos limpam as ruas depois de um ataque suicida de um homem-bomba, em uma tenda, onde líderes tribais xiitas estavam reunidos, na cidade de Sadr, no norte de Bagdá
Foto: AFP
11 de junho - Um grupo de curdos são vistos sentados dentro de um veículo, estacionado próximo à cidade de Mossul, no Iraque. No dia 10 de junho, militantes sunitas invadiram a cidade.
Foto: AFP
11 de junho - Parte do uniforme de um membro do Exército iraquiano é visto no chão, em frente a restos de um veículo militar queimado, a 10 km da cidade de Mossul
Foto: AFP
12 de junho - Membros do grupo Asaib Ahl al-Haq carregam caixão de colega morto em Najaf durante confrontos com o grupo rebelde Estado Islâmico e o Levante (EIIL) na província de Salahuddin
Foto: Reuters
12 de junho - Soldado do grupo insurgente Estado Islâmico e o Levante (EIIL) monta guarda em posto de controle em Mossul
Foto: Reuters
12 de junho - Forças especiais da polícia capturam homens armados na cidade iraquiana de Tikrit
Foto: Reuters
12 de junho - Dezenas de famílias deixam Mossul em direção a cidades curdas por causa da escalada da violência na região
Foto: Reuters
12 de junho - Voluntários que se juntaram ao Exército iraniano para lutar contra os insurgentes sunitas que tomaram controle da cidade de Mossul viajam em caminhão militar para Bagdá
Foto: Reuters
12 de junho - Membros das forças de segurança iraquianas posam para foto em Bagdá
Foto: Reuters
12 de junho - Insurgentes montam guarda em posto de controle na cidade iraquiana de Mossul
Foto: Reuters
15 de junho - Voluntários se unem ao exército iraquiano para combater militantes sunitas do EIIL
Foto: Reuters
16 de junho - Voluntários se juntam ao exército iraquiano para combater os militantes predominantemente sunitas
Foto: Reuters
16 de junho - Combatentes xiitas participam de mais um treinamento em estilo militar, em Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes do Exército Mehdi marcham durante um treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Pessoas se reúnem em local onde um ataque com carro-bomba deixou 13 mortos e 30 feridos em Bagdá
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes xiitas marcham em treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes tribais gritam palavras de luta enquanto carregam armas em um desfile nas ruas de Najaf, ao sul de Bagdá
Foto: Reuters
19 de junho - soldados desfilam dentro do principal centro do Exército durante uma campanha de recrutamento de voluntários para o serviço militar em Bagdá, Iraque
Foto: AP
19 de junho - homens iraquianos chegam ao principal centro de recrutamento do Exército de voluntários para o serviço militar em Bagdá, após autoridades pedirem ajuda ao povo iraquiano no combate aos insurgentes
Foto: AP
19 de junho - centenas de homens mobilizam-se para lutar contra os insurgentes do Estado Islâmico e do Levante, em Bagdá
Foto: AP
19 de junho - voluntários das recém-formadas "Brigadas de Paz" participam de um desfile na cidade xiita de Najaf, no Iraque
Foto: AP
20 de junho - seguidores do clérigo xiita Muqtada al-Sadr realizam orações ao ar livre no reduto xiita da cidade de Sadr, em Bagdá
Foto: AP
20 de junho - militares das "Brigadas de Paz" participam de desfile no sul da cidade sagarada de Najaf
Foto: AP
22 de junho - mulher iraquiana banha seu filho em um acampamento para deslocados internos que fugiram de Mossul e outras cidades tomadas pelos insurgentes do Estados Islâmico e do Levante