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ONU: reeleição de Assad fecharia portas para paz na Síria

O mediador internacional na Síria disse nesta quinta-feira que as eleições podem levar ao "descarrilamento das negociações de paz"

13 mar 2014 - 15h33
(atualizado às 15h35)
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<p>Brahimi falou com jornalistas depois de entregar relat&oacute;rio no Conselho de Seguran&ccedil;a da ONU&nbsp;nesta quarta-feira</p>
Brahimi falou com jornalistas depois de entregar relatório no Conselho de Segurança da ONU nesta quarta-feira
Foto: Reuters

O mediador internacional na Síria, Lakhdar Brahimi, advertiu nesta quinta-feira que as eleições presidenciais no país podem levar ao descarrilamento das negociações de paz.

"Se houver uma eleição, suponho que a oposição, toda a oposição, não estará interessada em discutir com o governo", declarou Brahimi a jornalistas depois de ter apresentado um relatório ao Conselho de Segurança da ONU em Nova York.

Perante o Conselho, Brahimi advertiu que a reeleição de Bashar al-Assad nestas eleições complicaria a busca de uma solução pacífica à guerra civil que já se estende por três anos, segundo diplomatas.

O mediador disse "duvidar que a reeleição do presidente Assad para um novo mandato de sete anos coloque fim aos sofrimentos do povo sírio", indicou um diplomata.

"A eleição presidencial fecharia as portas para as negociações", disse Brahimi aos embaixadores dos 15 países membros do Conselho.

A eleição está prevista para junho e Assad tem a intenção de se candidatar.

Segundo Brahimi, o governo sírio "disse querer discutir todos os problemas, mas deu a clara impressão de empregar manobras dilatórias". Ainda de acordo com o mediador, a oposição aceitou as bases de negociação de Genebra, principalmente a criação de um governo de transição na Síria.

Indicou ainda aos embaixadores do Conselho de Segurança que os dois lados devem estar mais bem dispostos se quiserem retomar as negociações, atualmente suspensas.

Uma segunda rodada de negociações em Genebra entre o governo e a oposição sírios para buscar uma solução pacífica ao conflito terminou em fracasso no dia 15 de fevereiro.

Brahimi colocou fim às discussões sem estabelecer uma data para retomá-las.

Já o vice-ministro das Relações Exteriores sírio afirmou nesta quinta que Bashar al-Assad tem o direito de ser candidato à reeleição, pois o chefe de Estado é o "avalista" do futuro da Síria.

"O presidente Assad é como qualquer cidadão sírio. Além disso, ele é o avalista do futuro da Síria", declarou o vice-chanceler Faisal Moqdad, em declarações à agência chinesa Xinhua.

"O direito de disputar (as próximas eleições) deve estar de acordo com a Constituição, que dá este direito a todos os sírios", completou.

Em janeiro, Assad afirmou que existiam "muitas possibilidades de disputar a reeleição em junho", em uma entrevista concedida à AFP.

Assad chegou ao poder em julho de 2000, como sucessor do pai Hafez al-Asad, que morreu um mês antes, depois de passar três décadas no poder.

O conflito sírio entra no quarto ano sem uma solução à vista, diplomática ou militar. Assad permanece no poder, a oposição está dividida por grupos jihadistas e as potências internacionais não têm uma estratégia clara.

O conflito começou em 15 de março de 2011 com protestos pacíficos que enfrentaram uma violenta repressão. Em pouco tempo viraram uma insurreição contra Assad.

Segundo o opositor Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), 140 mil pessoas morreram nos três anos de confrontos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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