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Paquistão acusa EUA de sabotarem paz no Afeganistão

24 mai 2016 - 14h09
(atualizado às 14h32)
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Foto: EFE

O governo do Paquistão acusou os Estados Unidos nesta terça-feira de "sabotarem" as negociações de paz no Afeganistão com o bombardeio de drones que no sábado matou em território afegão o líder talibã mulá Mansour, e afirmou que não se pode "matar" o chefe de um grupo e ao mesmo tempo pedir diálogo.

"Agora, que estávamos vislumbrando alguma esperança, este incidente ocorreu para sabotar o diálogo de paz" entre Cabul e os talibãs, afirmou em entrevista coletiva em Islamabad o ministro do Interior paquistanês, Nisar Ali Khan.

Paquistão e EUA formam junto com Afeganistão e China o Grupo dos Quatro (G4), com a missão de reacender o diálogo de paz suspenso há dez meses, após a morte do histórico líder talibã, o mulá Omar, que perdeu a vida depois da primeira reunião entre Cabul e insurgentes na cidade paquistanesa de Murre (norte).

"O governo americano disse que o mulá Mansur foi atacado porque era contra o processo de paz. Eles (EUA) se esqueceram que, quando os talibãs afegãos e o governo afegão se reuniram em Murre, era o mulá Mansur quem dirigia o grupo?", questionou Khan.

Segundo o ministro, aquela primeira e última reunião se traduziu em "alguns avanços" como a decisão de declarar Cabul "zona livre de conflito" e o agendamento de uma segunda reunião para o dia 31 de julho, quando o anúncio da morte de Omar congelou o processo.

Foto: EFE

O diálogo afegão agora é "incerto" e o Paquistão, considerado um importante mediador no processo de paz afegão por sua suposta influência sobre os talibãs, se encontra em "uma situação difícil".

Apesar de condenar o bombardeio de sábado ao considerá-lo "totalmente ilegal, inaceitável e contra a soberania" paquistanesa, Khan reconheceu que o drone nunca cruzou a fronteira e que o ataque foi feito fora do território paquistanês.

Khan não quis especificar de qual país a ação foi realizada, já que teria "sérias implicações" para as relações entre Paquistão e Estados Unidos, mas confirmou a demissão de funcionários de fronteiras em Naushki. O único país fronteiriço com este distrito da província de Baluchistão (oeste) é o Afeganistão.

Os talibãs também não se pronunciaram ainda sobre a morte do líder, o que o governo afegão e as tropas internacionais com presença no Afeganistão consideram uma boa notícia para retomar um possível diálogo de paz com os insurgentes.

A morte aconteceu menos de três dias depois da quinta reunião do G4 em Islamabad, na qual foi combinado continuar a crer no diálogo apesar de os insurgentes rejeitarem qualquer negociação.

A nomeação de Mansour criou divergências internas entre os talibãs e inclusive levou à cisão do grupo liderado pelo mulá Rasul, que hoje pediu um processo pactuado para designar um novo líder.

Apesar da disputa interna, os talibãs ganharam mais espaço desde o final da missão de combate da Otan no Afeganistão ao término de 2014 e perpetraram ataques com enormes baixas e inclusive chegaram a tomar a cidade nortista de Kunduz durante alguns dias no ano passado.

EFE   
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