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Passa de 1250 o número de mortos em conflito em Gaza

Total de palestinos mortos no conflito subiu para 1.200, a maioria civis. Do lado israelense, 53 soldados e três civis morreram

29 jul 2014 - 18h47
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Fumaça e chamas são vistas na Cidade de Gaza, no que testemunhas disseram ter sido ataques aéreos de Israel nesta terça-feira.
Fumaça e chamas são vistas na Cidade de Gaza, no que testemunhas disseram ter sido ataques aéreos de Israel nesta terça-feira.
Foto: Ahmed Zakot / Reuters

Israel destruiu a única usina de energia de Gaza e atingiu dezenas de outros alvos prioritários nesta terça-feira, enquanto mediadores egípcios preparavam uma nova proposta para pôr fim à guerra contra os militantes islâmicos no enclave.

A rede de TV israelense Channel Two informou que tem havido progresso em um acordo no Cairo, onde uma delegação palestina é esperada no final desta terça-feira, embora a emissora tenha negado um relato anterior de que uma trégua tinha sido acordada provisoriamente.

Autoridades de saúde disseram que pelo menos 85 palestinos morreram em alguns dos piores bombardeios por terra, mar e ar desde o início da ofensiva de Israel, em 8 de julho, em resposta aos foguetes disparados pelo Hamas e por seus aliados.

Funcionários de hospitais locais afirmaram que o número total de palestinos mortos no conflito subiu para 1.200, a maioria civis. Do lado israelense, 53 soldados e três civis morreram.

A ofensiva israelense se intensificou após a morte de 10 soldados em ataques palestinos na fronteira na segunda-feira, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertou que antevê um longo conflito.

Mas os militares disseram precisar de cerca de uma semana para finalizar sua missão principal – destruir os túneis na fronteira que os militantes do Hamas usam para se infiltrar e atacar israelenses.

Já Mohammed Deif, líder do braço armado do Hamas, disse em uma mensagem de voz que os palestinos continuarão enfrentando Israel até que o bloqueio a Gaza - que é apoiado pelo vizinho Egito - seja retirado.

"A entidade ocupante não poderá desfrutar de segurança, a menos que o nosso povo viva em liberdade e dignidade", disse Deif. "Não haverá cessar-fogo até que a agressão (israelense) pare e o bloqueio acabe. Nós não vamos aceitar soluções provisórias."

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Família chora a morte de um israelense
Foto: Baz Ratner / Reuters

Foguetes ou trégua

Os palestinos lançaram 54 foguetes em direção ao sul e ao centro de Israel, incluindo a área de Tel Aviv, afirmaram os militares, acrescentando que cinco deles foram abatidos pelos interceptadores do Domo de Ferro e o resto errou o alvo, sem causar danos ou baixas.

A pressão externa para que Netanyahu contenha suas forças vem aumentando. Tanto o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, quanto o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) pediram um cessar-fogo imediato para permitir o envio de ajuda aos 1,8 milhão de palestinos de Gaza, seguido por negociações para se chegar a um encerramento mais duradouro das hostilidades.

Os esforços do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, na semana passada não obtiveram nenhum avanço, e a escalada na violência pareceu pôr fim às esperanças internacionais de transformar uma breve pausa para o feriado muçulmano de Eid al-Fitr em um cessar-fogo de longo prazo.

Uma autoridade egípcia declarou que o Cairo está revisando uma proposta de trégua que a princípio Israel havia aceitado, mas o Hamas rejeitado, e que a nova oferta será apresentada à delegação palestina. Uma autoridade israelense disse que Israel pode mandar seu próprio enviado ao Egito também nesta terça-feira.

“Estamos ouvindo que Israel aprovou um cessar-fogo, mas o Hamas não”, afirmou o funcionário egípcio à Reuters, relato que o governo de Netanyahu não confirmou nem negou.

<p>Milhares se juntam a manifesta&ccedil;&otilde;es pr&oacute;-Palestina em diversos pa&iacute;ses</p>
Milhares se juntam a manifestações pró-Palestina em diversos países
Foto: Fabrizio Bensch / Reuters

Dizendo falar pelo Hamas e ainda pela Jihad Islâmica na Faixa de Gaza, a liderança palestina, sediada na Cisjordânia, expressou apoio a um cessar-fogo de 24 a 72 horas.

O porta-voz do Hamas Sami Abu Zuhri declarou à Reuters que o comunicado de Yasser Abed Rabbo, da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), não reflete a posição de seu grupo, mas confirmou "contatos intensos“ sobre uma trégua.

O governo de Israel, que defende o desarmamento do Hamas, parece ter o apoio de seus cidadãos. Uma pesquisa da Universidade de Tel Aviv publicada nesta terça-feira mostrou que 95 por cento da maioria judaica de Israel acreditam que a ofensiva é justificada. Apenas 4 por cento consideram que está sendo utilizada muita força.

Os militares de Israel disseram que soldados mataram cinco atiradores que abriram fogo depois de emergir de um túnel dentro da Faixa de Gaza, e que 110 alvos no bastião palestino foram atingidos na terça-feira, entre eles quatro esconderijos de armas que os militares afirmaram estarem ocultos em mesquitas e um lançador de foguetes perto de outra mesquita. Moradores relataram que 20 casas foram demolidas e duas mesquitas atingidas.

Autoridades de hospitais locais disseram que disparos de tanques israelenses e ataques aéreos mataram 10 pessoas no campo de refugiados de Jabalya e nos arredores, no norte da Faixa de Gaza, e que um médico do Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e seu irmão foram mortos em outro ataque nas imediações.

O Acnur, principal agência da ONU em Gaza, informou que mais de 200 mil palestinos deslocados se abrigaram em suas escolas e seus edifícios depois dos pedidos de Israel para que os civis deixassem vizinhanças inteiras antes de operações militares. Outros milhares foram acolhidos por amigos ou familiares.

A agência ainda disse ter encontrado um esconderijo de foguetes em uma de suas escolas no centro de Gaza nesta terça-feira, o terceiro incidente do gênero.

“Esta é mais uma violação flagrante da neutralidade de nossas instalações. Pedimos às partes em guerra que respeitem a inviolabilidade das propriedades da ONU”, declarou o porta-voz Chris Gunness.

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Sem eletricidade

Uma densa fumaça preta se erguia dos tanques de combustível em chamas na estação de energia responsável por dois terços do consumo elétrico em Gaza. A autoridade de energia local disse que a avaliação de danos inicial mostrou que a usina pode ficar sem funcionar durante um ano.

A eletricidade foi cortada na Cidade de Gaza e em muitas outras partes do território dominado pelo Hamas depois do que autoridades afirmaram ter sido um bombardeio israelense dos tanques.

“A usina de energia está destruída”, declarou seu diretor, Mohammed al-Sharif. Uma porta-voz dos militares israelenses não fez comentários imediatos e disse estar verificando o relato.

A prefeitura da Cidade de Gaza disse que os danos na estação podem interromper muitas das bombas de água da área, e exortou o racionamento entre os moradores, que só tiveram poucas horas de eletricidade por dia desde o início do conflito e agora podem passar meses sem energia.

O sul de Gaza recebe algum abastecimento do vizinho Egito, mas as linhas de transmissão foram danificadas durante a guerra.

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