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Passado judeu de jornalista decapitado foi apagado da rede

Os amigos de Steven Sotloff tentaram esconder de todas as formas que ele era israelense para "não piorar as condições de seu cativeiro"

4 set 2014 - 14h14
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<p>Sotloff tinha dupla nacionalidade e&nbsp;se radicou em Israel em 2008 para fazer uma p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o no Centro Interdisciplinar de Herzliya</p>
Sotloff tinha dupla nacionalidade e se radicou em Israel em 2008 para fazer uma pós-graduação no Centro Interdisciplinar de Herzliya
Foto: Reuters

Um grupo de amigos do jornalista decapitado Steven Sotloff, ajudado por especialistas, apagou da internet toda a menção a seu passado judeu e sua nacionalidade israelense para tentar salvá-lo, em uma campanha internacional desde que foi capturado em agosto de 2013.

Assim revelaram nesta quinta-feira vários amigos do jornalista que, segundo um vídeo divulgado na terça-feira, foi decapitado na Síria pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

"Tínhamos dois objetivos: localizar todos seus amigos pelo mundo -e não eram poucos- para convencê-los de que não falassem com os meios de comunicação, e convencer os jornalistas que escreviam sobre ele para que eliminassem qualquer menção a sua relação com Israel e o fato de que era judeu", afirma um de seus amigos em declarações ao jornal digital Ynet.

A campanha, na qual participaram mais de 150 pessoas que fizeram um exaustivo acompanhamento da rede em 20 idiomas, incluiu também a busca de todas as mensagens e páginas pessoais do jornalista, que foram apagadas pouco a pouco para não levantar suspeitas.

O objetivo foi minimizar a informação sobre seu passado para "não piorar as condições de seu cativeiro", disse outra fonte citada pelo meio, ambas no anonimato, e que lembrou o caso do assassinato do também jornalista judeu Daniel Perl em 2002, neste caso no Paquistão.

A recomendação da família de apagar seu passado judeu e israelense da internet foi feita à Administração americana, apelando ao vídeo da decapitação de Perl, no qual seus sequestradores fizeram a vítima lembrar insistentemente sua condição de judeu e a relação de sua família com Israel.

Só ontem a imprensa israelense publicou pela primeira vez que Sotloff tinha dupla nacionalidade, e que se radicou em Israel em 2008 para estudar uma pós-graduação no Centro Interdisciplinar de Herzliya.

Sobre sua presença em Israel pouco se conhece já que após ser capturado, todo vínculo com este país foi apagado da rede a fim de impedir que a informação chegasse a seus sequestradores.

A imprensa divulgou nesta quinta-feira várias fotografias do jornalista fornecidas por amigos locais, e que participaram da campanha pela internet.

Um deles disse que foram eliminados também artigos que tinha publicado em meios de comunicação israelenses em inglês.

"Tínhamos informações de que o EI não sabia que Steven era judeu, e certamente não sabiam que era israelense. Sabíamos de jornalistas que estiveram sequestrados com ele e foram deixados em liberdade", revelou um terceiro amigo.

O vídeo de Sotloff foi divulgado 13 dias depois que o EI publicou outra gravação que mostrava a decapitação do jornalista americano James Foley.

Por outro lado, uma empresa privada americana de segurança dirigida por um especialista israelense atribuiu hoje a publicação na internet do vídeo da decapitação de Sotloff que, segundo os sequestradores, não pensavam divulgar nesse momento.

Segundo a versão do jornal, o vídeo foi extraído de servidores usados por grupos islamitas, entre eles o EI, e postado na rede "para expor a verdadeira cara do terrorismo islâmico".

EFE   
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