Forças de ordem israelenses se enfrentaram nesta quarta-feira na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém com dezenas de palestinos que protestavam contra a presença de visitantes judeus neste local sagrado por ocasião do Ano Novo judeu, indicou a polícia israelense.
A polícia fechou os acessos à Esplanada, enquanto era possível ouvir bombas de efeito moral lançadas nas ruas adjacentes da Cidade Velha de Jerusalém, constatou um jornalista da AFP.
Os manifestantes palestinos lançaram pedras, rojões e coquetéis Molotov contra os membros das forças de segurança israelenses, ferindo vários deles, segundo a polícia, que não forneceu mais detalhes.
"As forças de ordem entraram no 'Monte do Templo' (nome dado pelos israelenses à Esplanada das Mesquitas), expulsou os manifestantes do interior da mesquita Al-Aqsa e fechou o acesso à esplanada colocando barreiras", indicou em um comunicado a polícia.
Os distúrbios começaram depois que visitantes judeus foram autorizados a visitar a Esplanada das Mesquitas por ocasião do Ano Novo judeu, cujas celebrações começam nesta quarta-feira.
Dois deles foram detidos por violar uma ordem que impede os judeus de rezar neste lugar, terceiro lugar santo do Islã e igualmente sagrado para os judeus.
Israel autoriza os judeus a visitar em certas ocasiões e sob uma vigilância rígida este local, mas não permite que rezem para evitar provocações.
A Esplanada encontra-se em um local elevado, enquanto abaixo está o Muro das Lamentações, um vestígio do segundo Templo Judeu, visitado diariamente pelos judeus.
As tensões em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel em 1967, se agravaram nos últimos meses, coincidindo com a ofensiva israelense na Faixa de Gaza.
Os confrontos ocorrem quase diariamente e a polícia anunciou ter detido 762 palestinos desde 2 de julho. Deste total, 250 foram acusados de alteração da ordem pública.
Reunião no Cairo retorna para negociações de paz
Facções palestinas se reuniram no Cairo nesta quarta-feira para iniciar dois dias de negociações com o objetivo de resolver um impasse que ameaça as negociações mediadas pelo Egito para transformar o cessar-fogo em Gaza em uma trégua duradoura.
As diferenças entre o movimento islamita Hamas e a facção Fatah, do presidente palestino, Mahmoud Abbas, estão relacionadas a diversas questões-chave, incluindo o controle de Gaza. O desacordo pode prejudicar um acordo mais amplo com Israel.
O cessar-fogo alcançado no mês passado entre Israel e os palestinos para encerrar o conflito em Gaza inclui uma exigência para que a Autoridade Palestina, liderada por Abbas, assuma a administração civil de Gaza das mãos do Hamas.
Mas uma disputa sobre o não pagamento de salários pela Autoridade Palestina a funcionários do setor público de Gaza elevou as tensões entre as duas principais facções palestinas, aumentando o risco de um retorno ao conflito.
Sakher Bseiso, membro do comitê central do Fatah nas conversas, disse à Reuters que as negociações entre Fatah e Hamas incluem temas como segurança, eleições e o governo da Faixa de Gaza.
"As conversas no Cairo vão discutir a permissão ao governo de unidade para assumir seu papel na Faixa de Gaza e (conduzir) relações bilaterais entre os dois movimentos", afirmou.
Moussa Abu Marzouk, vice-presidente do braço político do Hamas, escreveu em sua página no Facebook sobre o "diálogo palestino-palestino", afirmando: "A coisa mais importante de que esse diálogo precisa é de boas intenções, confiança mútua e responsabilidade nacional... e comprometimento com o que foi acertado até agora".
Israelenses e palestinos decidiram na terça-feira retomar as conversas no próximo mês sobre a consolidação do cessar-fogo em Gaza, permitindo mais tempo às facções palestinas para resolverem suas divisões.
Conheça um pouco mais sobre a região, que tem um quarto do tamanho do município de São Paulo, mas uma enorme importância para a história do Oriente Médio
12 de junho - Três adolescentes desapareceram na Cisjordânia. Exército israelense estabeleceu controle nas estradas da região de Gush Etzion e de Hebron e fez batidas em um bairro da localidade palestina de Dura, ao sudoeste de Hebron, para encontrá-los.
Foto: AP
14 de junho - Israel detém 80 palestinos e bloqueia Cisjordânia durante busca por adolescentes. Exército israelense informou do "fechamento de todo o distrito da Judeia e Samaria
Foto: Nasser Shiyoukhi / AP
15 de junho - Chefe do Parlamento palestino e membro do Hamas, Aziz Dweik foi preso por tropas de Israel, durante uma onda de prisões ligadas a uma caçada em massa por três adolescentes sequestrados.
Foto: AFP
18 de junho - Soldados israelenses entram em uma casa à procura de três adolescentes israelenses desaparecidos, que temem terem sido sequestrados por militantes palestinos, na aldeia de Taffouh perto da cidade de Hebron
Foto: AP
20 de junho - Soldados israelenses participam de operação de buscas na Cisjordânia. Durante a operação, o exército israelense deteve 25 palestinos na Cisjordânia
Foto: Reuters
20 de junho - Como retaliação ao sequestro dos adolescentes israelenses, exército israelense mata adolescente palestino. Jovem foi baleado no peito e morreu em um hospital de Hebron
Foto: AFP
22 de junho - Exército israelense continua operação contra o movimento islamita Hamas por causa do desaparecimento de três jovens judeus há nove dias. Outros dois palestinos são mortos em ações do Exército israelense
Foto: AP
22 de junho - Adolescente israelense morre em explosão nas Colinas de Golã. Fato na Colinas de Golã (foto) coincide com uma espiral de tensão na região pelo suposto sequestro de três adolescentes israelenses em um cruzamento da Cisjordânia
Foto: Wikimedia
29 de junho - Milhares de israelenses se reúnem para uma manifestação pedindo a libertação dos três adolescentes israelenses em falta, temidos raptadas na Cisjordânia em 12 de junho, em Tel Aviv, Israel
Foto: Oded Balilty / AP
29 de junho - Uma mulher israelense detém um cartaz com fotos dos três adolescentes israelenses em falta, temidos raptadas na Cisjordânia em 12 de junho
Foto: Oded Balilty / AP
30 de junho - Milicianos palestinos dispararam no começo da manhã desta segunda-feira 16 foguetes contra o sul de Israel, em uma nova reviravolta a uma escalada que começou com o suposto sequestro de três adolescentes na Cisjordânia.
Foto: Reuters
30 de junho - As forças de segurança israelenses encontraram nesta segunda-feira os corpos de três adolescentes que desapareceram na Cisjordânia no começo do mês e confirmaram que de fato se trata dos estudantes seminaristas procurados desde 12 de junho
Foto: Oded Balilty / AP
01 de julho - Jovem palestino Yussuf Abu Zagher, 18 anos, foi morto pelo Exército israelense, em um ataque contra o campo de refugiados de Jenin, no extremo-norte da Cisjordânia
Foto: Mohammed Ballas / AP
01 de julho - Israel bombardeou dezenas de locais na Faixa de Gaza, atacando alvos do Hamas depois da descoberta dos corpos de três adolescentes cujo sequestro e morte o país atribuiu ao grupo militante palestino
Foto: Nasser Shiyoukhi / AP
01 de julho - Milhares de israelenses participam dos funerais pelos três adolescentes israelenses que foram sequestrados em 12 de junho na Cisjordânia
Foto: Gil Cohen Magen / AFP
02 de julho - Pessoas observam os escombros da casa do palestino Ziad Awad, no sul da Cisjordânia. Israel demoliu a casa do palestino, preso este mês sob a acusação de ter matado à bala um policial israelense à paisana em abril, informou o Exército
Foto: Reuters
03 de julho - Exército israelense confirmou que a Força Aérea atacou posições islamitas em represália ao disparo de cerca de 20 foguetes da Faixa de Gaza
Foto: Mohammed Salem / Reuters
04 de julho - Milhares de pessoas acompanharam a cerimônia entoando hinos e brandindo bandeiras; palestinos e policiais voltaram a entrar em confronto pelo terceiro dia consecutivo. Palestinos enfrentam a polícia israelense em um bairro árabe de Jerusalém
Foto: Baz Ratner / Reuters
07 de julho - Sete combatentes palestinos morreram e dois eram considerados desaparecidos após ataques na aéreos israelenses na madrugada de domingo para segunda-feira na Faixa de Gaza
Foto: Hatem Moussa / AP
08 de julho - Pelo menos 25 palestinos, incluindo crianças, morreram e quase 100 outros ficaram feridos em ataques israelenses contra a Faixa de Gaza, executados em resposta aos disparos de foguetes, de acordo com o serviço de emergência palestino.
Foto: AFP
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