Reeleição de Obama é boa notícia para Europa, dizem analistas
O desejo da maioria dos europeus tornou-se realidade. Barack Obama foi eleito para um segundo mandato na Casa Branca. Analistas europeus veem esta como uma boa notícia. "Obama é certamente mais próximo dos europeus do que Romney no que se refere à política interna e às políticas sociais. Isso foi constatado, inclusive, em pesquisas de opinião na Europa", afirma Marius Busemeyer, cientista político da Universidade de Constança.
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"Para a Europa, ele significa previsibilidade", compara Heinz Gärtner, do Instituto Austríaco de Política Internacional, em Viena. "Romney seria muito imprevisível para a Europa, porque já mudou suas posições sobre desenvolvimentos globais várias vezes."
"Obama, por sua vez, não tem motivos para alterar sua política para a Europa após sua vitória eleitoral", observa Vincent Michelot, especialista em EUA da Universidade Sciences Po, de Lyon. "Por outro lado, isso pode significar que o presidente pedirá à Europa para se esforçar mais para colocar a economia de volta nos trilhos, já que a recuperação da economia norte-americana depende também de uma melhora na situação europeia."
Mais envolvimento internacional
Além do aspecto econômico, o governo reeleito pode exigir também que a Europa se empenhe mais na parceria com os Estados Unidos. Um exemplo citado por Gärtner é a busca de soluções para a guerra civil na Síria e para a disputa sobre o programa nuclear iraniano.
Obama pode também vir a pedir ajuda transatlântica num tema que atualmente é muito importante para os europeus: proteção climática e política ambiental, que o presidente poderia trazer de volta à pauta em Washington.
Apesar do foco maior que a política externa dos EUA tem destinado à Ásia, a Europa vai continuar sendo o parceiro mais importante e confiável para os Estados Unidos, segundo o especialista. "Acho que a chamada reorientação dos Estados Unidos para o Pacífico foi realmente exagerada", diz Michelot. "Não é como se os EUA tivessem deixado a Europa sozinha de repente, ou como se a relação tivesse esfriado."
Ele ressalta, ainda, que um aspecto importante é o fato de os EUA terem que cuidar de problemas mais urgentes no mundo do que a Europa. "A crise econômica europeia preocupa Washington, mas não se compara ao programa nuclear do Irã ou a outras ameaças globais."
Romney teria dividido Europa
No entanto, os especialistas alertam que não há razão para que os europeus descansem, acreditando que a parceria transatlântica se manterá sempre sólida. Primeiro, porque os Estados Unidos também no futuro continuarão a direcionar sua atenção para outras regiões do mundo e, segundo, porque Obama, ao contrário de presidentes anteriores, não tem ligação pessoal alguma com a Europa.
Mesmo assim, Obama é indiscutivelmente a melhor opção para o continente. "Foi uma decisão muito boa para a Europa", salienta Gärtner. "Se Romney se tornasse presidente, teria provocado uma divisão similar à ocorrida na gestão de George W. Bush. E a política de Romney em relação a China, Rússia e Oriente Médio teria dividido os europeus, o que seria um desastre para o continente."