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Oriente Médio

Reeleição de Obama representa continuidade nas relações com Brasil

Para analistas, ligação com o Brasil está mais madura e cada vez mais independente de governos, mas agenda é ainda pouco ambiciosa.

7 nov 2012 - 12h04
(atualizado às 12h33)
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A reeleição do presidente Barack Obama nos Estados Unidos representa continuidade nas relações com o Brasil, que, para analistas, estão mais maduras e continuarão a "se adensar". Embora não houvesse um posicionamento oficial, analistas afirmam que o governo da presidente Dilma Rousseff preferia a permanência de Obama, por já ter uma relação estabelecida com a Casa Branca.

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A própria presidente já havia dado indícios de sua preferência em encontro com o presidente em Washington, em abril deste ano. Ao saudar as melhorias ocorridas em seu mandato, desejou que Obama continuasse na Presidência "nos próximos meses e anos".

Especialistas ouvidos pela BBC Brasil foram unânimes em dizer que qualquer resultado da eleição, a favor de Obama ou do rival republicano Mitt Romney, não alteraria a ligação com o Brasil. "A relação Brasil-EUA está se adensando cada vez mais, não só no nível do governo, mas entre as empresas, organizações da sociedade civil, cidadãos, turistas indo para os dois lados", considera Geraldo Zahran, coordenador do Observatório Político dos Estados Unidos (Opeu).

"Essas relações estão ficando cada vez mais independentes do governo, não importa quem esteja no governo em Brasília ou em Washington", disse.

"Não muda nada, porque a relação é basicamente na área econômica e comercial, e nessa área não existe uma separação entre a plataforma republicana e democrata", afirma Rubens Barbosa, que foi embaixador do Brasil nos Estados Unidos entre 1999 e 2004.

Parceria comercial

Os Estados Unidos são hoje o segundo maior parceiro comercial do Brasil, tendo sido ultrapassados pela China nas importações e exportações brasileiras.

Enquanto o posicionamento de Obama já é mais familiar ao governo brasileiro, porém, havia uma preocupação com caminhos que poderiam ser tomados por Romney na política externa, caso adotasse uma atitude mais agressiva e menos voltada ao diálogo que Obama, e na economia.

Embora a promessa de Romney de investir mais na América Latina e a tendência do partido republicano de ser menos protecionista pudessem soar atraentes ao governo brasileiro, Marcelo Zorovich afirma que uma agenda econômica mais voltada para o liberalismo seria motivo de preocupação.

"O mundo está passando por um momento de aperto e o governo Obama tem tomado medidas para regulamentar o mercado. Havia indícios de que o governo republicano favorecesse o livre comércio, com menos regulação de mercado", diz o professor de Relações Internacionais na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Para Geraldo Zahran, o discurso de Romney sobre a disposição em investir mais na América Latina era uma forma de fazer um agrado à grande população latina residente nos Estados Unidos, já que ele não faria concessões em sua política sobre imigração. "O Obama promoveu muito o comércio com a América Latina, fechou acordos de livre comércio com países como a Colômbia. Isso já está na pauta do presidente", considera Zahran.

Cooperação

De acordo com uma fonte do Itamaraty, o primeiro mandato de Obama foi um período positivo para as relações bilaterais também por ter preservado e ampliado os mecanismos de cooperação criados a partir do governo de George W. Bush. Hoje os dois países têm 25 áreas de cooperação e diálogo estabelecidas.

"O que aconteceu de muito importante durante o governo Obama foi o reconhecimento do Brasil como um parceiro global", diz a fonte. "Um diferencial hoje na relação Estados Unidos-Brasil é a confiança mútua. Existem muitas diferenças, mas hoje se lida com elas de uma forma madura."

Para Marcelo Zorovich, o Brasil vê a relação com o governo Obama de forma estável, menos regional e mais global. "Não há tanta pressão por parte dos EUA para que o Brasil se alinhe com posições dos EUA. Acho que há uma linha de respeito um pouco maior."

O professor da ESPM considera que há espaço para melhorar as relações em algumas áreas, estreitando, por exemplo, a cooperação no mercado do etanol e equilibrando mais a balança comercial. Hoje, o Brasil importa mais dos Estados Unidos do que exporta, comprando US$ 24 bilhões ao ano e vendendo US$ 20,6 bilhões.

Neste âmbito, o principal ponto de conflito que permanece é na disputa sobre o algodão. O Brasil aguarda a renovação da Farm Bill americana - a lei que regulamenta os subsídios agrícolas - para ver se os Estados Unidos reduzirão os subsídios ao algodão, conforme prometido.

Os dois países têm tido trocas constantes na área acadêmica, com o programa Ciência Sem Fronteiras, e na questão dos vistos de entrada e saída. A emissão de vistos para brasileiros foi facilitada e agora estuda-se a isenção da exigência para turistas nos dois países.

"Se por um lado a agenda está mais madura, também não é uma agenda muito ambiciosa. Isso poderia ser um ponto de crítica ou de oportunidade para o próximo governo de Obama", aponta Zorovich.

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