Síria: bombardeios dos EUA não enfraquecem o Estado Islâmico
Ataques aéreos da coalizão na Síria desde 23 de setembro mataram 963 pessoas
Os bombardeios contra o grupo Estado Islâmico (EI) realizados há dois meses pela coalizão liderada pelos Estados Unidos não enfraqueceram os jihadistas, estimou o ministro das Relações Exteriores sírio, Walid Muallem.
"O Daesh (acrônimo do EI em árabe) é mais fraco hoje depois de mais de dois meses de ataques da coalizão? Todos os indicadores demonstram que não", disse Muallem em uma entrevista concedida na sexta-feira à rede Al-Mayadeen, com sede em Beirute.
Segundo ele, os ataques não terão nenhum impacto enquanto a Turquia, acusada pelo regime sírio de deixar os jihadistas passarem, não controlar sua fronteira.
"Se os Estados Unidos e os membros do Conselho de Segurança da ONU não fizerem um grande esforço para obrigar a Turquia a controlar sua fronteira (...), nem mesmo os bombardeios da coalizão conseguirão acabar com o Daesh", afirmou o ministro.
Os ataques aéreos da coalizão na Síria desde 23 de setembro mataram 963 pessoas, entre elas 838 jihadistas, 72 da Frente al-Nosra (braço da Al-Qaeda na Síria), 52 civis e um rebelde islamita, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos.
A entrevista de Muallem ocorreu em Moscou, onde abordou com o presidente Vladimir Putin a forma de reativar o diálogo entre o regime e a oposição.
Em uma entrevista com a Al-Manar, rede do Hezbollah xiita libanês aliada de Damasco, Muallem avaliou positivamente a visita, dizendo que as duas partes estabeleceram um mecanismo para assentar as bases de um diálogo.
"A Rússia quer um diálogo (...) interssírio sem ingerências externas", disse.
"É o que queremos, mas a operação requer mais tempo (...) e que a oposição reavalie seus posicionamentos anteriores".
O ministro se referia à principal reivindicação da oposição desde o início da revolta, em março de 2011, ou seja, a deposição do presidente Bashar al-Assad, o que Damasco rejeita categoricamente.
As negociações deste ano em Genebra fracassaram na busca por uma solução para a guerra, que já deixou 200.000 mortos.
ataques não terão nenhum impacto enquanto a Turquia, acusada pelo regime sírio de deixar os jihadistas passarem, não controlar sua fronteira