Síria: governo e oposição prometem manter negociações em Genebra
As delegações do regime sírio e da oposição afirmaram nesta segunda-feira que estão determinadas a continuar a negociar em Genebra, apesar do impasse sobre uma transição política no país em guerra.
"Jamais! Nós não iremos deixar a mesa de negociações. Nós iremos continuar a discutir", afirmou à imprensa Fayçal Moqdad, vice-ministro sírio das Relações Exteriores, quando questionado sobre uma possível desistência. "Nós estamos confiantes e vamos permanecer aqui até que o objetivo desta conferência seja alcançado, que é a formação de um órgão governamental de transição", indicou Rima Fleyhane, membro da oposição.
Horas antes, ambos os lados haviam se acusado mutuamente de causar a interrupção da sessão presidida nesta manhã pelo mediador da ONU Lakhdar Brahimi e que deveria incidir sobre o documento de "Genebra I". As duas partes divergem sobre a interpretação deste texto, escrito em junho de 2012 pelas grandes potências.
A oposição, que luta desde março de 2011 contra o regime de Damasco, considera que Genebra I é sinônimo de governo de transição e saída de Assad, no poder desde 2000. Já o regime considera que abre caminho para um governo de união nacional ampliado.
"As discussões não foram construtivas hoje por causa da atitude do regime de querer desviar as negociações que deveriam focar na aplicação de Genebra I", indicou Rima Fleyhan, membro da delegação da oposição. Já uma fonte próxima ao regime disse à AFP que "a oposição rejeitou o plano de ação (apresentado por Damasco) e pediu para que falássemos exclusivamente da transição governamental". O mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, suspendeu então as discussões.
O plano de ação apresentado pelo regime compreende cinco pontos e afirma que "a República Árabe da Síria é um Estado democrático" e trata da "soberania e independência da Síria", "rejeitando toda ingerência externa" e defendendo "a preservação de todas as instituições do Estado".