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Síria vai colaborar com EUA para combater terroristas do EI

Segundo os Estados Unidos, é imprescindível que a parte do Estado Islâmico que está na Síria seja atacada para que o grupo seja derrotado

26 ago 2014 - 17h11
(atualizado às 17h12)
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<p>Militantes da al-Qaeda ligados ao Estado Islâmico desfilam na cidade síria de Tel Abyad, perto da fronteira com a Turquia</p>
Militantes da al-Qaeda ligados ao Estado Islâmico desfilam na cidade síria de Tel Abyad, perto da fronteira com a Turquia
Foto: Yaser Al-Khodor / Reuters

O regime de Damasco anunciou na segunda-feira que está disposto a cooperar em nível internacional, inclusive com Washington, para combater os jihadistas. O presidente Bashar al-Assad é acusado de ter atacado seu próprio povo ao reprimir brutalmente manifestações contra o governo que desencadearam uma guerra civil em março de 2011

O anúncio foi feito depois de os Estados Unidos terem informado que vão realizar voos de reconhecimento sobre a Síria, em vista de possíveis ataques aéreos contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI).

O governo sírio deixou claro que qualquer ataque em seu território precisa de sua cooperação, pois, caso contrário, consideraria a atitude uma "agressão".

O governo dos Estados Unidos, que efetuou mais de 100 ataques aéreos contra as posições do EI na região norte do Iraque desde 8 de agosto, cogitou na semana passada a possibilidade de atacar a vizinha Síria, após a decapitação do jornalista americano James Foley por combatentes do grupo ultra-radical.

Segundo uma autoridade americana entrevistada pela AFP, os Estados Unidos estão prontos para enviar aviões-espiões e drones para a Síria para recolher informações sobre os jihadistas e preparar o terreno para eventuais ataques.

O chefe do Estado-Maior Conjunto americano, general Martin Dempsey, declarou na segunda-feira que o EI é "uma ameaça regional que, em breve, ameaçará os Estados Unidos e a Europa".

"Será que eles podem ser derrotados sem atacarmos a parte da organização que está na Síria? A resposta é não", disse ele.

O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, no entanto, indicou que o presidente Barack Obama não tinha tomado uma decisão sobre eventuais ataques na Síria.

A Casa Branca também ressaltou que os Estados Unidos estão preparados para agir sem o consentimento de Damasco, como fizeram no passado.

Uma fonte da segurança síria reiterou nesta terça-feira a advertência de Damasco de que "qualquer entrada no espaço aéreo sírio sem coordenação será considerada um ato de agressão".

Enquanto muitos países ocidentais e árabes exigiram a queda do regime de Bashar al-Assad, que reprimiu violentamente um movimento de protesto popular em 2011, causando um conflito armado com aspectos cada vez mais complexos, a nova situação coloca Washington em uma situação desconfortável.

"Não estamos do mesmo lado só porque há um inimigo comum", tentou explicar na segunda-feira a porta-voz do Departamento de Estado americano, Jennifer Psaki.

Mas para o jornal sírio Al-Watan, ligado do governo, a decapitação de James Foley "mostrou a necessidade de um diálogo com Damasco".

"O estabelecimento de uma coalizão internacional contra o terrorismo pode se tornar uma opção obrigatória (...) mesmo que os sinais ainda não sejam claros", considera.

Nesta terça, os aviões sírios realizaram pelo menos doze ataques contra posições jihadistas na província de Deir Ezzor, sob controle do EI, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Os jihadistas do EI lançaram sua ofensiva em 9 de junho, conquistando extensas faixas territoriais no Iraque e na Síria, o que resultou na fuga de dezenas de milhares de pessoas, incluindo membros das minorias.

Neste contexto, a ONU acusou o EI de promover uma "limpeza étnica e religiosa".

"O Estado Islâmico e os grupos armados associados cometem graves e horríveis violações dos direitos humanos todos os dias. Atacam sistematicamente homens, mulheres e crianças em função de sua origem étnica, religiosa ou sectária, e realizam uma limpeza étnica e religiosa sem piedade nas regiões que controlam", denunciou a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, em um comunicado.

Nas frentes de batalha, o EI registrou uma importante vitória na Síria ao conquistar no domingo o aeroporto militar de Raqa. Mas do outro lado da fronteira, as forças curdas e iraquianas, que colaboram no combate aos jihadistas, reconquistaram terreno.

No norte do Iraque, os curdos, apoiados pela força aérea iraquiana, conseguiram retomar três aldeias ao norte de Bagdá, na província de Diyala, e uma das principais estradas controladas pelo EI.

Os curdos também conseguiram repelir dois ataques contra a cidade xiita de Tuz Khurmatu, 175 km ao norte de Bagdá, depois de terem retomado no domingo Qaraj, ao sudeste de Mossul (norte), maior cidade a cair nas mãos dos rebeldes em 10 de junho.

Em todo país, os ataques aumentaram nos últimos dias, principalmente contra mesquitas.

Nesta terça, a explosão de um carro-bomba em uma estrada ao leste de Bagdá em um horário de muito movimento deixou 15 mortos e 37 feridos.

Foto: Arte Terra

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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