'Terá uma vida melhor', diz militar que cuidou da bebê passada para americanos no Afeganistão
Em momento de desespero após a tomada do país pelo Talebã, família entregou a menina para soldados americanos em meio ao caos no aeroporto de Cabul
O militar britânico Ben Caesar foi um dos responsáveis por cuidar da bebê passada para soldados americanos após a tomada de Cabul pelo Talebã. A família da menina a entregou por cima do muro do aeroporto da capital em meio a cenas de caos, quando centenas de pessoas tentavam deixar o Afeganistão.
"A menina na verdade estava com ótima saúde quando cuidamos dela. Óbvio que estava um pouco angustiada por ter sido separada de sua família e entregue a estranhos, mas estava com um estado de saúde melhor do que muitas das outras crianças das quais cuidamos", disse Caesar em entrevista à BBC.
O militar tem experiência com crianças pequenas - é pai de uma criança com mais ou menos a mesma idade da menina.
"Eu tenho um bebê de 14 meses e também já fiz isso antes, tenho um filho de 16 anos", contou Caesar à BBC. "Então tenho um pouquinho de experiência cuidando de bebês."
"Nós, como grupo, conseguimos fazer ela se acalmar", disse Caesar.
"Umas das minhas colegas tinha alimentado a menina e trocado as fraldas dela, então eu sabia que ela não estava com fome, não estava suja, mas ela não estava se acalmando", conta. "Então nós a ninamos e caminhamos com ela até ela estar mais confortável, e depois disso ela parecia um pouquinho mais feliz."
Caesar fez parte de uma equipe médica militar que ficou responsável pelo bem estar das crianças que estavam sem os pais na parte controlada pelos EUA do aeroporto de Cabul.
"Para nós que temos filhos e estávamos nessa missão, é de partir o coração ver essas crianças em situação de desconforto. Mas nós sabíamos que elas estavam indo para um lugar melhor e terão uma vida melhor", disse o militar.
"Nossos colegas noruegueses e americanos foram incrivelmente receptivos com as crianças, ajudando-as a seguir em frente e ir para a Noruega ou para os Estados Unidos, onde muitas se reencontraram com suas famílias, que tinham conseguido fugir", contou Caesar.