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Turquia faz enterro coletivo de mineiros e revolta aumenta

Pelo menos 283 pessoas tiveram suas mortes confirmadas, a maioria por envenenamento por monóxido de carbono

15 mai 2014 - 19h30
(atualizado às 23h45)
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<p>Parentes de vítimas na mina na Turquia aguardam por cerimônia fúnebres</p>
Parentes de vítimas na mina na Turquia aguardam por cerimônia fúnebres
Foto: AP

Alto-falantes anunciaram os nomes dos mortos à medida que fileiras de túmulos eram preenchidas na cidade mineira turca de Soma nesta quinta-feira, e milhares protestaram em grandes cidades, transformando a tristeza em revolta após o acidente industrial mais grave da história do país.

Equipes de resgate ainda tentavam alcançar partes da mina de carvão de Soma, 480 quilômetros a sudoeste de Istambul, mais de dois dias depois de um incêndio cortar a energia e desligar dutos de ventilação e elevadores, aprisionando centenas de pessoas na mina.

Foto: Arte Terra

Pelo menos 283 pessoas tiveram suas mortes confirmadas, a maioria por envenenamento por monóxido de carbono, e diminuem as esperanças de retirar com vida os cerca de 100 mineiros que ainda podem estar retidos.

Mulheres acompanham o enterro de um mineiro morto no incêndio em uma mina de carvão, em um cemitério em Soma, na Turquia, nesta quinta-feira. 15/05/2014
Mulheres acompanham o enterro de um mineiro morto no incêndio em uma mina de carvão, em um cemitério em Soma, na Turquia, nesta quinta-feira. 15/05/2014
Foto: Osman Orsal / Reuters

A revolta tomou conta do país, que vivenciou uma década de acelerado crescimento econômico sob o governo de inspiração islâmica do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, mas ainda sofre com um dos piores históricos de acidentes de trabalho do mundo.

Moradores furiosos atormentaram Erdogan na quarta-feira enquanto ele visitava a cidade, revoltados com o que veem como camaradagem do governo com magnatas da mineração, incapacidade de garantir a segurança e falta de informações sobre o esforço de resgate.

O acesso à entrada da mina foi bloqueado por barreiras da polícia paramilitar a vários quilômetros de distância para uma visita do presidente turco, Abdullah Gul, nesta quinta-feira, e os carros eram revistados pelos policiais.

“Viemos aqui para partilhar a tristeza e esperar que nossos amigos saiam, mas não nos permitiram. A dor do presidente é maior que a nossa?”, indagou Emre, de 18 anos, que tentava chegar à mina e disse que amigos do seu vilarejo ainda estão aprisionados.

Erdogan, que declarou três dias de luto nacional a partir de terça-feira, lamentou o desastre, mas disse que tais acidentes não são incomuns e adotou uma atitude defensiva quando foi indagado se precauções suficientes haviam sido tomadas.

Manifestantes culpam governo da Turquia por acidente em mina:

O jornal Radikal publicou um vídeo amador em seu site que parece mostrar Erdogan dizendo “Venham aqui e zombem de mim!”, enquanto caminhava em meio a uma multidão hostil na cidade.

Milhares se reuniram depois das preces do meio-dia para o enterro de mais de 40 dos mineiros no principal cemitério de Soma, onde mais de 100 túmulos foram cavados bem próximos uns dos outros. A maioria da população nos arredores da cidade trabalha ou tem parentes empregados na indústria de mineração.

O cemitério estava tão lotado de enterros sucessivos que o imã pediu insistentemente às famílias que prestassem suas últimas homenagens rápido para abrir espaço para outros enlutados.

Nenhuma autoridade do governo compareceu.

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