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Vizinhos da Síria se preparam para novo fluxo de refugiados

3 set 2013 - 10h52
(atualizado às 11h15)
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Refugiado curdo posa para foto ao entardecer no campo de Quru Gusik, em imagem do dina 27 de agosto
Refugiado curdo posa para foto ao entardecer no campo de Quru Gusik, em imagem do dina 27 de agosto
Foto: AFP

Países vizinhos da Síria se preparam para um novo fluxo de refugiados em caso de ataque estrangeiro contra o regime de Damasco, enquanto o conflito já forçou mais de dois milhões de sírios a deixar seu país, segundo a ONU.

Um novo êxodo reforçaria o que a ONU já descreveu como "desastre humanitário vergonhoso". O número de refugiados sírios no exterior multiplicou 10 vezes em comparação com setembro do ano passado, enquanto a guerra entre o regime do presidente Bashar al-Assad e os rebeldes não apresenta sinais de trégua.

Jornalistas e trabalhadores humanitários relatam um aumento considerável do fluxo de migração desde que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, advertiu na semana passada que estava pronto para lançar ataques militares contra o regime em resposta ao suposto uso de armas química contra civis e rebeldes.

"Se algo acontecer - em caso de ataques aéreos ou novo ataque químico - a primeira reação das pessoas será fugir", de acordo com Muriel Tschopp, vice-diretora para respostas de emergência do Comitê Internacional de Resgate, com sede em Nova York.

"Muitos governos têm sido generosos, considerando que a situação é insustentável. Eles estavam prontos para enfrentar uma crise de seis meses, um ano. Mas não estão preparados para enfrentar uma crise de três anos, ou ver um país inteiro se esvaziar", acrescentou.

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) declarou nesta terça-feira que o número de refugiados sírios no exterior já ultrapassa dois milhões, em comparação com os 230 mil do ano passado.

"Olhando para a recente escalada do conflito, o que é surpreendente é que o primeiro milhão fugiu em dois anos, e o segundo milhão em seis meses", ressalta o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Antonio Guterres em Genebra.

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AFP

Acompanhe a cobertura exclusiva do Terra através do trabalho dos jornalistas Tariq Saleh e Mauricio Morales. Sediado no Líbano, país vizinho e sensível à crise síria, Saleh conversou com sírios, visitou refugiados e ouviu analistas para acompanhar o desenrolar de um conflito complexo e com desfecho ainda incerto. Enviado especial para o conflito, Morales passou dias com rebeldes para conhecer sua visão do conflito.

"A Síria tornou-se a maior tragédia do século XX", lamentou o chefe do ACNUR. "O único consolo é a humanidade e fraternidade demonstrada por países vizinhos, que acolhem os refugiados e salvam suas vidas", acrescentou.

"Se a situação de segurança na Síria continuar a se agravar, os refugiados vão continuar a chegar, especialmente se a Síria for atacada" a partir do exterior, de acordo Dindar Zebari, do Departamento do Curdistão iraquiano para as Relações Exteriores.

As portas da região autônoma do Curdistão "estão abertas", mas "o grande número de refugiados representa um problema para as nossas finanças, que são limitadas", acrescenta ele.

Sábado, o comitê jordaniano encarregado de ajudar os refugiados sírios, estudava como expandir o já enorme acampamento Zaatari, criando um novo campo para os novos refugiados.

A Jordânia, que abriga quase meio milhão de refugiados sírios, planeja aumentar a capacidade do campo de Zaatari de 130.000 a 150.000.

Por sua vez, a Turquia, que é a favor de uma ação estrangeira contra o regime sírio, disse que "está preparada" para lidar com um novo fluxo de refugiados, de acordo com Mustafa Aydogdu, porta-voz do Departamento responsável pela gestão de catástrofes.

"Temos a capacidade de criar novos campos", disse, garantindo que o seu país iria manter suas fronteiras abertas em caso de novo afluxo maciço de refugiados.

O porta-voz do ACNUR, Peter Kessler, no entanto, acredita ser pouco provável que ataques aéreos provoquem um novo êxodo.

Kessler, que estava na Jordânia quando os Estados Unidos intervieram militarmente no Iraque, em 2003, observou que "a ONU se preparou no momento para um êxodo do Iraque e tinha pré-posicionado assistência em toda a região. Mas o êxodo "não ocorreu no momento do bombardeio em Bagdá e em outras partes do país", disse.

"É claro que, seis meses depois, muitos iraquianos começaram a fugir por causa dos problemas de segurança, mas o número de pessoas que fugiram durante a intervenção militar era de alguns milhares", acrescentou.

Kessler observou que a ONU continua a estocar ajuda de emergência em diferentes países da região, incluindo em Dubai, acrescentando que ninguém pode ter certeza do que vai acontecer. "Eu não tenho bola de cristal. Ninguém tem. Precisamos esperar e ver", acrescentou.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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