Os 10 países que concentram 75% dos ataques terroristas no mundo
Apesar de repercussão mundial de ataques na Europa, maioria dos atentados com alto número de mortos acontece na Ásia e na África.
Os dois atentados na Espanha - em Barcelona e horas depois no balneário de Cambrils, na região da Catalunha - mais uma vez voltaram a atrair as atenções do mundo para a Europa.
Desde o início deste ano, ataques desse tipo já deixaram mais de 50 mortos e centenas de feridos no continente.
Além da Espanha, Reino Unido e Suécia também foram alvo de ações extremistas.
Mas isso quer dizer que a Europa se tornou o novo foco do fanatismo global?
As estatísticas mais recentes publicadas pela base de dados Global Terrorist Database mostram que não. Ataques com motivações políticas, sociais ou religiosas e com grande número de mortos são relativamente raros no continente.
De janeiro a dezembro do ano passado, os atentados fatais no Ocidente representaram somente 2,5% de todos os que cumpriram os seguintes requisitos:
- Ter tido motivações políticas, sociais ou religiosas
- Ter sido concebido para gerar o maior potencial de estragos
- Não ter acontecido durante guerras internacionalmente reconhecidas
A conclusão foi de que, no ano passado, das 34.623 pessoas que morreram vítimas de ataques segundo tais critérios, 71% das mortes se concentraram em quatro países: Iraque, Afeganistão, Síria e Somália.
'Top 10'
É provável que poucos se lembrem do atentado ao distrito de Karrada, Bagdá, que deixou 382 mortos durante o Ramadã, o mês sagrado para os muçulmanos, no ano passado, o mais letal de 2016.
A cifra é mais do que o dobro do total de mortos dos ataques de Bruxelas, Nice e Berlim somados (134, incluindo os autores).
"Esses ataques (no Ocidente) continuam sendo uma minoria, uma pequena minoria dos ataques que vemos", diz Erin Miller, diretora de programas da Global Terrorism Database.
"Obviamente, acabam recebendo muita atenção porque são atípicos e viram manchetes, enquanto que o Oriente Médio é esquecido", acrescentou ela.
De fato, as estatísticas compiladas por esta iniciativa do Consórcio Nacional para o Estudo do Terrorismo e Reações ao Terrorismo - um "centro de excelência" do Departamento de Segurança Interior do governo dos Estados Unidos localizado na Universidade de Maryland - reforçam que a maior parte desses ataques é realizada longe dos nossos olhos.
De acordo com os dados, 75% de todos os "ataques terroristas" registrados no mundo se concentraram em dez países: Iraque, Afeganistão, Índia, Paquistão, Filipinas, Somália, Turquia, Nigéria, Iêmen e Síria.
E pelo menos, segundo uma especialista, esse total pode estar subestimado, pois a Global Terrorism Database exclui sistematicamente os incidentes que não são noticiados pela imprensa.
Organizações extremistas
"Os números variam muito dependendo de onde os dados são obtidos e em qual idioma", diz Mia Bloom, professora de comunicação da Universidade do Estado da Geórgia, nos EUA.
A base de dados é alimentada principalmente por notícias em inglês assim como traduções de meios de comunicação estrangeiros viabilizados pelo Open Source Center - ligado à CIA, a agência de inteligência americana.
Seja como for, o certo é que, em 2016, o Iraque foi de longe o país que mais sofreu com o terror, registrando 35% das mortes por ataques a nível mundial: 33 todos os dias, em média.
E seis dos dez ataques mais letais também ocorreram ali, todos reivindicados pelo grupo autodeclarado Estado Islâmico.
A organização extremista também foi a mais ativa globalmente, com um total de 1.430 ataques.
No Afeganistão, contudo, também opera o Talebã; na Nigéria, o Boko Haram, e na Somália, o Al-Shabaab, entre outros grupos.
Mas nem todos os ataques classificados como terroristas são protagonizados por organizações islâmicas.
Grupos separatistas como o PKK e o Exército de Liberação do Baloquistão foram responsáveis por ataques em dois países do Top 10, respectivamente Turquia e Paquistão.
E o terceiro lugar (em número de ataques, não de mortes) ocupado pela Índia é decorrente, em boa parte, dos 126 atentados com bomba realizados no ano passado por grupos maoístas.