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Mundo

Os argumentos dos EUA ao reconhecer Edmundo González como vencedor da eleição na Venezuela

Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. leu um comunicado no qual afirma que a Comissão Eleitoral não apresentou provas da reeleição de Nicolás Maduro.

2 ago 2024 - 04h44
(atualizado às 04h58)
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Comunicado foi lido por Antony Blinken, secretério de Estado dos EUA
Comunicado foi lido por Antony Blinken, secretério de Estado dos EUA
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Na quinta-feira (01/08), o governo dos Estados Unidos reconheceu Edmundo González Urrutia, que concorreu contra o presidente Nicolás Maduro, como vencedor da eleição presidencial na Venezuela.

"É evidente para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano que González Urrutia obteve o maior número de votos nas eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela", disse o secretário de Estado, Antony Blinken, num comunicado de imprensa.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou Maduro como vencedor da corrida presidencial no domingo (29/7), com 51,2% dos votos contra 44,2% de González.

Mas a oposição afirma que houve fraude nas eleições e que possui provas da vitória de González Urrutia.

A líder da oposição María Corina Machado abraça o candidato Edmundo González Urrutia
A líder da oposição María Corina Machado abraça o candidato Edmundo González Urrutia
Foto: EPA / BBC News Brasil

Os argumentos dos EUA

Ao reconhecer González como vitorioso na eleição, os EUA citaram como argumento o fato de o CNE não ter apresentado evidências de que Maduro teria sido reeleito.

"A rápida declaração da CNE de que Nicolás Maduro seria o vencedor das eleições presidenciais não veio acompanhada de provas. O CNE ainda não publicou dados desagregados ou qualquer um dos editais, apesar dos repetidos apelos dos venezuelanos e da comunidade internacional", disse Blinken ao ler o comunicado.

O governo dos EUA também baseou sua decisão na avaliação do Carter Center, organização renomada que enviou observadores para a eleição na Venezuela. O Carter Center concluiu que o pleito não estava em conformidade com "parâmetros e padrões internacionais para processos eleitorais".

"Conforme relatado pela missão de observação independente do Carter Center, a falha do CNE em fornecer resultados oficiais a nível distrital, bem como as irregularidades ao longo do processo, retiraram qualquer credibilidade do resultado anunciado pelo CNE", estabelece o comunicado dos EUA.

Por sua vez, o presidente Maduro condenou o comunicado do governo dos EUA numa transmissão ao vivo na noite de quinta.

"Os EUA devem manter o nariz fora da Venezuela porque o povo soberano é quem está no comando", comentou.

Maduro argumenta que a oposição está promovendo um golpe contra ele.

Em discurso, ele reiterou que pedirá que o Supremo Tribunal da Venezuela "esclareça" a polêmica eleição. Mas a oposição argumenta que o sistema judicial, incluindo a Suprema Corte, está sob o controle de Maduro e não age com independência.

Esforço diplomático

Nicolás Maduro e Lula são aliados, mas estão se distanciando
Nicolás Maduro e Lula são aliados, mas estão se distanciando
Foto: Reuters / BBC News Brasil

A declaração dos EUA veio apenas duas horas após Maduro ter afirmado estar disposto a "reiniciar o diálogo" com as autoridades norte-americanas, com base no que foi discutido no Catar no ano passado pelas delegações dos dois países, sem relações diplomáticas desde 2019.

Na ocasião, os EUA se dispuseram a relaxar sanções à Venezuela, se a oposição fosse autorizada a concorrer na eleição e o pleito fosse realizado em conformidade com as regras.

Mas, no decorrer da campanha eleitora, a principal liderança da oposição, Maria Corina Machado, foi impedida de concorrer. E, agora, o Conselho Eleitoral declarou a vitória de Maduro sem apresentar as atas de votação.

"Se o governo dos EUA estiver disposto a respeitar a soberania e parar de ameaçar a Venezuela, podemos retomar o diálogo", disse Maduro na rede social X, onde partilhou um documento com os pontos discutidos entre os dois países em Doha, em 2023.

Segundo o texto - que não conta com a assinatura de nenhum representante dos EUA na negociação - Washington "desbloqueará os bens do governo venezuelano atualmente congelados" após as eleições presidenciais no país caribenho, realizadas no último domingo, e a posse do presidente eleito, marcado para 10 de janeiro de 2025.

Tudo isso ocorre em meio a um esforço diplomático para persuadir Maduro a mostrar as atas e permitir a verificação independente delas, e logo após o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, sobre como enfrentar a crise na Venezuela.

Os três concordaram com a necessidade de uma "verificação imparcial" das atas.

Lula ocupa um papel cada vez mais central na crise, depois de o Brasil ter assumido na quinta (01/08) a custódia da embaixada argentina em Caracas e a proteção dos seis opositores venezuelanos asilados ali, após a retirada de diplomatas argentinos ordenada por Maduro.

'Sigo firme ao lado do povo'

Enquanto isso, lideranças da oposição permanecem na Venezuela apoiando os protestos contra Maduro.

"Continuo firme ao lado do povo. Nunca deixarei vocês sozinhos e defenderei sempre a sua vontade!", escreveu González Urrutia na rede social X, coincidindo com a publicação da declaração de Blinken.

Enquanto isso, a líder da oposição, María Corina Machado, também foi às redes para convocar uma manifestação para o sábado, 3 de agosto, enquanto o chavismo convocava uma mobilização paralela.

Pouco antes, Maria Corina Machado publicou uma coluna no jornal americano The Wall Street Journal na qual afirma que recebeu uma série de ameaças e teme ser presa.

"Escrevo isto escondido, temendo pela minha vida, pela minha liberdade e pelos meus compatriotas da ditadura liderada por Nicolás Maduro", escreveu.

Machado foi projetada como possível candidata presidencial pela Plataforma Democrática Unitária, principal coligação de oposição venezuelana, mas foi desqualificada pela Suprema Corte venezuelana, controlado pelo partido de Maduro.

Os dias que se seguiram à contestada proclamação da vitória de Maduro foram turbulentos, com protestos de rua massivos, por vezes violentos, a demolição de estátuas de Hugo Chávez e a intensa repressão por parte das forças de segurança venezuelanas.

Os confrontos causaram pelo menos 11 mortos, centenas de feridos e o governo anunciou que prendeu mais de 1.200 pessoas.

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