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Os incríveis tesouros encontrados em navio espanhol afundado há 350 anos nas Bahamas

O Nuestra Señora de las Maravillas afundou em 1656, com uma tripulação de 650 pessoas a bordo.

12 ago 2022 - 05h19
(atualizado às 07h57)
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O galeão Nuestra Señora de las Maravillas afundou em 1656, quando se chocou contra um recife perto das Bahamas
O galeão Nuestra Señora de las Maravillas afundou em 1656, quando se chocou contra um recife perto das Bahamas
Foto: Allen Exploration / BBC News Brasil

É quase meia-noite de 4 de janeiro de 1656, e o convés do galeão espanhol Nuestra Señora de Las Maravillas está em silêncio.

Só se ouve o barulho do mar do Caribe e do vento que acaricia as velas da enorme embarcação que partiu de Cartagena das Índias.

Ela segue para a Espanha depois de ter recolhido o tesouro que foi recuperado do naufrágio do navio Jesús María de la Limpia Concepción, afundado em um recife no Equador.

Mas em poucos segundos, tudo muda.

O navio-capitânia Nuestra Señora de La Concepción havia cometido um erro de navegação e naquela noite fatídica colidiu com o Maravillas, enviando o galeão espanhol contra um recife.

Em menos de 30 minutos, a nau estaria no fundo do oceano.

De uma tripulação de 650 pessoas, apenas 45 sobreviveram.

O galeão Maravillas se encontra na costa das Bahamas
O galeão Maravillas se encontra na costa das Bahamas
Foto: Allen Exploration / BBC News Brasil

Um novo resgate

Agora, exploradores encontraram algumas das maravilhas que o Maravillas levava — e as mesmas estão expostas no Museu Marítimo das Bahamas.

"O Maravillas é uma parte icônica da história marítima das Bahamas", afirma Carl Allen, empresário e fundador da Allen Exploration, a organização por trás da expedição.

As peças encontradas no galeão estão expostas no Museu Marítimo das Bahamas
As peças encontradas no galeão estão expostas no Museu Marítimo das Bahamas
Foto: Allen Exploration / BBC News Brasil

"O naufrágio do galeão teve uma história difícil: com muitas peças recuperadas por expedições espanholas, inglesas, francesas, holandesas, americanas e bahamenses durante os séculos 17 e 18", diz ele.

Segundo o museu marítimo, uma das peças mais importantes recuperadas pela expedição de Allen é um pingente de ouro com a cruz de Santiago no centro.

Uma das peças do Maravillas com a cruz de Santiago no centro
Uma das peças do Maravillas com a cruz de Santiago no centro
Foto: Allen exploration / BBC News Brasil
Uma peça do Maravilhas com uma esmeralda oval
Uma peça do Maravilhas com uma esmeralda oval
Foto: Allen Exploration / BBC News Brasil

Um segundo pingente de ouro encontrado em meio aos destroços é oval e tem 4,7 centímetros de comprimento.

No centro, a cruz de Santiago se sobressai de uma grande esmeralda colombiana em forma oval. A moldura externa é adornada com mais 12 esmeraldas, representando os 12 apóstolos.

A Ordem de Santiago era o corpo militar de maior prestígio da Espanha e de Portugal. Seus cavaleiros eram particularmente ativos no comércio marítimo.

Uma corrente de ouro de 887 gramas é uma das descobertas mais impactantes
Uma corrente de ouro de 887 gramas é uma das descobertas mais impactantes
Foto: Allen Exploration / BBC News Brasil
A corrente de ouro encontrada no Maravilhas
A corrente de ouro encontrada no Maravilhas
Foto: Allen Exploration / BBC News Brasil

Quando o navegador português Vasco da Gama, o primeiro europeu a navegar até a Índia, assumiu o comando de uma frota de 21 navios entre 1502 e 1503, navegou com 8 Cavaleiros da Ordem.

A importância das Bahamas

A companhia responsável pela descoberta disse que espera manter as peças no museu das Bahamas, já que fazem parte da grande riqueza histórica e cultural do lugar.

Expedições anteriores fizeram com que os destroços do Maravillas, como esta âncora, se espalhassem no fundo do mar
Expedições anteriores fizeram com que os destroços do Maravillas, como esta âncora, se espalhassem no fundo do mar
Foto: Allen Exploration / BBC News Brasil

"Para uma nação construída a partir do oceano, é incrível como pouco se sabe sobre a relação das Bahamas com o mar", diz Michael Pateman, diretor do Museu Marítimo das Bahamas.

Museu Marítimo das Bahamas
Museu Marítimo das Bahamas
Foto: Allen Exploration / BBC News Brasil

"Poucos sabem que os povos indígenas Lucayan, por exemplo, se estabeleceram aqui há 1,3 mil anos. Ou que toda a população de quase 50 mil pessoas foi expulsa à força, obrigada a buscar pérolas na Venezuela e extinta em menos de três décadas", relata.

- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/geral-62516554

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